Um dos eventos mais tradicionais do interior de Flores da Cunha chega à 29ª edição neste domingo (9). Com mais de 600 ingressos vendidos, o Café Colonial da Linha 60 é organizado pelo Clube de Mães Unidas do 60. O grupo completou 47 anos em 22 de junho, e hoje 24 associadas se dedicam à produção do cardápio que conta com ampla variedade de doces e salgados. Para se ter uma ideia, são mais de 40 pratos diferentes que estão sendo preparados há mais de 20 dias. O evento começa ao meio-dia no ginásio S.E.R. Duque de Caxias.
A preparação fica mais intensa nesta semana, sendo que na quarta-feira (5) parte do grupo se reuniu no salão da igreja da Linha 60 para deixar tudo pronto para receber o público. Quem for até lá encontrará o tradicional frango no menarosto, pães, saladas, polenta frita, salgados, copa, queijo, salame e diversos tipos de bolos e doces. Esse é o segundo ano de retomada do evento após as restrições da pandemia de covid-19.
Parte do lucro vai para o próprio clube para ser utilizada para passeios e excursões das participantes. O valor também é doado para a igreja da comunidade e para causas beneficentes. As delícias produzidas pelas integrantes do clube ficam expostas em uma mesa com cerca de 22 metros de comprimento recheada com comidas tradicionais da Serra gaúcha. Na decoração, esculturas feitas com massa de pão, como cestas, colombinas (pombinhas) e até jacarés.
Número de sócias e voluntárias caiu nos últimos anos
A ideia do café colonial na localidade surgiu depois que elas participaram de um evento em uma localidade de Caxias do Sul. Nas cinco primeiras edições, o café era à tarde, por volta das 16h, sem frango, polentas e demais variedades. Depois, decidiram fazer um almoço no mesmo modelo e diversificaram o cardápio.
A secretária do clube, Ivone Balbinot Merlin, 67 anos, é uma das integrantes mais antigas. Ela lembra que o Clube de Mães já teve mais de 70 participantes, e muitas delas já morreram, o que deixa saudades em quem ficou e ainda se dedica a manter a tradição.
— Temos um grupo pequeno que está à frente do evento, e sentimos que talvez nos próximos anos a gente não consiga mais reunir mais de 600 pessoas. A gente fazia em uma semana antes, e agora começamos a fazer antes e congelar para dar conta de produzir tudo. Faleceram muitas associadas, chega a doer o coração da gente pensar que elas não estão mais aqui, porque o café era um momento de celebrar juntas — emociona-se ela.
Com o número cada vez menor de voluntários, Ivone acredita que as edições dos próximos anos talvez sejam para receber um público menor. Uma das razões é que o café colonial exige produção intensa. Neste ano, por exemplo, a organização dos ingredientes e dos pratos começaram ainda em junho.
— Temos muito amor com o que produzimos, é feito com o nosso jeitinho. É muito especial. Fazemos a decoração das mesas, pão, grostoli, as colombinas, muitos bolos, mousses, gelatinas, pizzas de liquidificador, doce de abóbora. O sagu não pode faltar. A gente faz tudo aqui. É muito lindo, maravilhoso. Não divulgamos muito o nosso café porque tem procura e lista de espera. Já não tem mais ingresso, é bem concorrido o evento. Nos próximos anos talvez a gente receba cerca de 300 a 400 pessoas porque não queremos mexer no cardápio — lamenta Ivone ao projetar o futuro do evento.
O café ocorre, anualmente, no mês de julho. Este ano, os ingressos foram vendidos ao valor de R$ 90 por pessoa. Além de café, são servidos chá, vinho branco e vinho tinto. Já refrigerantes e água são vendidos à parte. Não há mais ingressos à venda.