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Prefeitura de Caxias do Sul anuncia três medidas para melhora de atendimento na saúde

Plano da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) envolve ofertar mais consultas nas Unidades Básicas de Saúde e orientar sobre casos que chegam aos pronto-socorros dos hospitais Geral e Pompéia 

Neimar De Cesero / Agencia RBS
Prefeito Adiló Didomenico (PSDB) e secretária de saúde Daniele Meneguzzi anunciam medidas para Caxias

Em coletiva na tarde desta quinta-feira (22), a prefeitura de Caxias anunciou medidas que visam melhorar os atendimentos nas urgências e emergências do Sistema Único de Saúde (SUS), além de desafogar as filas em hospitais e unidades de pronto-atendimento (UPAs). O plano da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) conta com nova orientação à população, ao mesmo tempo em que está baseado em três ações: aumentar a oferta de consultas nas UBSs, reorganizar atendimentos de emergências nos prontos-socorros dos hospitais Geral e Pompéia e criação de um novo fluxo para encaminhar crianças com doenças respiratórias que não precisam de internação ao Ambulatório de Doenças Respiratórias em Pediatria (Adrep), que funciona no Centro Especializado de Saúde (CES).

— Ela envolve muito a educação da população no sentido de entender qual é a responsabilidade e qual é o nível de atenção, que é necessário para cada caso de saúde. Tivemos dois anos de pandemia que desorganizaram o sistema no sentido de que todos os esforços precisaram ser depositados para atender a pandemia de covid, que agora precisamos retomar. O papel da atenção primária, o papel da atenção intermediária e o papel, principalmente, dos hospitais, do nosso Samu, e das nossas UPAs, que precisam estar preparados para atender os casos de maior complexidade — declara a secretária municipal de saúde, Daniele Meneguzzi. 

Conforme a SMS, a reorganização, que passa pela orientação à população, se faz necessária quando 80% dos atendimentos nas UPAs são de casos leves, que podem ser consultados nas UBSs, ao mesmo tempo que sobram consultas nos postinhos. Outros municípios, como Porto Alegre, utilizam este formato. Um levantamento da pasta mostra que de 897 atendimentos oferecidos nas UBSs caxienses na última segunda-feira (19), 730 foram realizadas. Assim, em 167 horários o médico ficou parado.

Ainda de acordo com a pesquisa da SMS, 4.320 consultas foram oferecidas nas unidades entre 12 e 16 de junho e 3.715 foram realizadas. Para esclarecer onde os caxienses devem buscar ajuda conforme os sintomas apresentados, a pasta começou a divulgar um quadro, dividido nas faixas não urgente (azul), pouco urgente (verde), urgência (amarelo) e emergência (vermelho). A tabela traz os sintomas e onde cada paciente pode buscar ajuda (veja abaixo).

O diretor de urgência e emergência da SMS, Fábio Baldisserotto, chama atenção que as UPAs tem, em média, 76% de pacientes azuis e mais 10% com pacientes verdes:

— Pacientes que não precisariam buscar as UPAs para atendimento. Buscam por diversos motivos, não é só porque faltou consulta na atenção básica. É porque na UPA, talvez, eu espere mais, mas consiga fazer meu exame, eu saio de lá com atendimento pronto, com a medicação na mão, não precisa voltar no outro dia para fazer exames, e depois voltar na UBS para mostrar. Eu entendo culturalmente isso, mas a gente percebe que o maior volume de pacientes que ficam aguardando consultas por tempos longos nas UPAs são os pacientes azuis (no sistema de triagem de Manchester, que são aqueles com sintomas que não apresentam risco à saúde). 

Estimativa de aumento de 10% em consultas em UBSs

Duas das medidas passam pela tabela divulgada pela prefeitura. Para reforçar a ação, a SMS aumentará em 10% o número de consultas nas UBSs a partir da próxima segunda-feira. A pasta também lembra que Caxias estará com o quadro de médicos completo nos postinhos. Além disso, a cidade foi contemplada com 11 profissionais no programa Mais Médicos _ até agora, seis inscreveram-se para trabalhar no município. Se todas as vagas forem preenchidas, a cidade poderá ter 300 consultas a mais por dia.

Ainda conforme a pasta, a orientação para pacientes azuis é buscar as UBSs para acolhimento. A UPA deve ser utilizada se não houver mais consultas disponíveis. A diretora de atenção primária da SMS, Juliana Calloni, acredita que os caxienses devem novamente frequentar mais as unidades dos bairros. Juliana dá como exemplo pacientes que têm 10 consultas nas UPAs e nenhuma nas UBSs.

— Nós temos dois tipos de demanda na UBS: o usuário com demanda programada, que precisa fazer o acompanhamento de saúde (como o diabético ou hipertenso), e também as demandas do dia, com o paciente que apresenta um sinal ou sintoma, que requerem o atendimento mais imediato— explica Juliana. 

Hospitais para urgências e emergências

Parte da orientação também será para desafogar as filas por leitos nos hospitais Geral e Pompéia, referências para o SUS na Serra. Conforme a SMS, as instituições estão com superlotação, operando com "capacidade de 150%". Por isso, a partir da nova medida, os prontos-socorros dos hospitais serão focados em atendimentos de urgência e emergência. Se o paciente for aos hospitais e apresentar um caso mais leve, será redirecionado às UPAs ou UBSs.

— Existe um ponto fundamental que é justamente a participação social, que é uma das diretrizes do SUS. O SUS tem universalidade, ou seja, tenho que prestar atendimento universal; integral, tenho que oferecer tudo; tenho que oferecer de maneira igual, igualitária; tenho que regionalizar e descentralizar; e existe a participação social. Essa ação não significa restringir o acesso, eu acredito que ela tenha a prioridade a melhoria do acesso — acredita Alexandre Avino, diretor-técnico do Hospital Geral. 

Tiago Passarin, diretor-técnico do Hospital Pompéia, relata que a instituição tem 50 atendimentos de baixa complexidade por dia, que podem ser feitos nas UBSs:

— Isso (as consultas de baixa complexidade) faz que num ambiente restrito, a gente ocupe os leitos com baixa complexidade e não consiga atender o paciente que está lá na UPA há uma semana com uma fratura de fêmur.

Além disso, o hospital, bem como o Geral, tem como desafio o aumento de internações a partir da Vaga Zero (quando cria-se acesso imediato a pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso). De acordo com Passarin, 42 Vagas Zero foram criadas em maio, quando, na avaliação do hospital, 27 destes casos não se enquadram nesse conceito. O diretor do Pompéia relata também a situação em que pacientes de outros municípios completam o tratamento em Caxias, mas o hospital de origem não os aceita de volta. Com isso, o leito permanece ocupado até que o paciente tenha alta.

Atendimento a crianças e telemedicina

A terceira medida é que as crianças com doenças respiratórias, que não precisam de internação, poderão ser atendidas no Ambulatório de Doenças Respiratórias em Pediatria (Adrep), no Centro Especializado de Saúde (CES). As crianças poderão ser encaminhadas ao local pelas UBSs. Lá, terão tratamento com um pneumologista. Alguns dos casos podem ser de crises de asma, suspeita de bronquiolite viral aguda, suspeita de pneumonia ou tosse persistente, por exemplo.

Uma novidade para o futuro da saúde caxiense é a telemedicina. Hoje, uma equipe da SMS visitará Porto Alegre para conhecer como a Capital gaúcha trabalha neste formato. A ideia é que a telemedicina em Caxias seja usada para atendimentos de casos leves e para renovação de receitas.

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