Após a triste morte da capivara Nicanor em janeiro deste ano, a família proprietária do estabelecimento turístico onde o animal morava e circulava livremente decidiu prestar uma homenagem ao bichinho roedor. Os funcionários do Caminhos do Morango, localizado em Vila Seca, no interior de Caxias do Sul, criaram o "capistel", um pastel em formato de capivara, para lembrar o mamífero que era tão importante para o local.
A ideia de fazer a homenagem surgiu após a família passar por um período de luto extremamente difícil, visto que o animal era considerado como se fosse da família. O sócio-administrador do Caminhos do Morango, Pedro Vinicius Pigato, comentou, inclusive, que a notícia da morte de Nicanor abalou o estabelecimento e deixou os funcionários sem motivação para continuar as atividades.
— A gente sentiu a notícia da morte dele como a perda de uma pessoa da família. Tínhamos uma convívio diário, criamos um amor pelo animal. Tinha dias que ele não aparecia e ficávamos preocupados em saber se algo tinha acontecido, porque não era normal ele ficar sem passar por nosso lago. Com mensagens de carinho e conforto, decidimos que deveríamos continuar ainda mais fortes, então resolvemos fazer uma homenagem para o Nicanor. Pensamos em fazer um monumento com a estátua dele, que ainda está em projeto, pois os custos são altos, mas de imediato surgiu a ideia do capistel, que é algo que a pessoa vai sem dúvidas lembrar dele — contou Pigato.
No sábado (1º) e domingo (2), o público poderá se saborear com o "capistel", que será comercializado a R$ 15 nos sabores queijo, queijo com milho, carne e morango com chocolate. Além do "capistel", o espaço conta com diversos alimentos doces e salgados preparados com receitas caseiras da família. A novidade, que ainda nem chegou ao mercado, já é um sucesso nas redes sociais do Caminhos do Morango e possivelmente vai se tornar um prato fixo do cardápio.
— Já estamos recebendo muitas mensagens de clientes pedindo para ser um pedido fixo de nosso cardápio, para não deixarmos o Nicanor ser esquecido. Como essa novidade, deu muito engajamento, acreditamos que o "capistel" será, sim, fixo em nosso cardápio, a pedidos de nossos visitantes e clientes. Fica o convite para o pessoal conhecer nosso espaço, que conta com diversas espécies de animais — revelou o sócio-administrador.
Relembre o Caso
A capivara Nicanor, considerada de estimação pela família proprietária do Caminhos do Morango, desapareceu no dia 15 de janeiro deste ano após sair do pátio da empresa. No dia 16, Elisana Stumpf, sócia-fundadora do estabelecimento e quem tinha forte ligação com o bichinho, relatou que ouviu um tiro. Na manhã do dia 17, ela foi procurar Nicanor e encontrou uma poça de sangue próximo ao açude de um vizinho. A família que cuidava de Nicanor registrou boletim de ocorrência no dia 22 de janeiro.
Cerca de um mês após o sumiço do animal, houve a conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o caso e a identificação de três suspeitos de terem matado Nicanor. De acordo com o delegado titular da Terceira Delegacia de Polícia, Edinei Marcio Albarello, dois adultos foram indiciados por caça ilegal de animal silvestre e corrupção de menor, já que o terceiro suspeito é um adolescente de 17 anos. Para ele foi instaurado um procedimento de apuração de ato infracional de caça ilegal, segundo o delegado. A caça de capivaras é ilegal e a pena pode chegar a um ano de prisão. Já o crime de corrupção de menores varia de um a quatro anos de reclusão.
O desaparecimento da capivara Nicanor causou comoção nas redes sociais, já que era dócil com os visitantes e muito querida pela família dona do local. Apesar de estar livre na natureza, Nicanor visitava diariamente a propriedade desde abril de 2021.