Por conta da necessidade de discutir com honestidade e seriedade práticas racistas que vinham ocorrendo nos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), o Grupo de Trabalho Antirracismo e a Assessoria de Relações Étnico-Raciais (Arer) produziram a cartilha “Enfrentamento do racismo no IFRS: por uma educação antirracista”. A cartilha, que reúne conceitos, informações sobre a legislação de ações afirmativas, o fluxo administrativo de denúncia e os setores de acolhimento e orientações sobre o tema, convida a comunidade a contribuir para uma educação antirracista e pelo respeito a todos.
Segundo a assessora de Relações Étnico-Raciais do IFRS, Alba Cristina Couto dos Santos Salatino, o material começou a ser pensando no período pandêmico, momento em que ficou evidenciada a estrutura racista no Brasil. Por isso, foi a partir desse contexto todo pós-pandemia e de retorno às aulas que uma educação antirracista para além das redes sociais começou a ser planejada.
— Foi a partir disso que a gente pensou na materialidade de uma cartilha que trouxesse informação, instrução e uma reflexão bastante honesta daquilo que a gente gostaria que fosse nosso ambiente escolar. O Grupo de Trabalho Antirracismo foi constituído em 2022 para justamente pensar ações, campanhas, atividades que saíssem do sensibilizar apenas que é importante, mas também de pensar como é que eu sou antirracista? O que eu tenho que fazer para ser antirracista? — disse.
A cartilha foi elaborada na versão virtual e está disponível para toda comunidade acadêmica e sociedade em geral. Ela pode ser acessada gratuitamente através do link. Além disso, exemplares impressos serão disponibilizados para os 17 campi do IFRS no Estado. A cartilha aborda os capítulos Racismos: Compreendendo as suas diferentes formas de expressão; O que faço se eu sofrer algum tipo de racismo no IFRS?; Políticas e Setores de Ações Afirmativas no IFRS; Por uma Educação antirracista: o ensino de História, cultura Afro-Brasileira e Indígena; e Normas brasileiras para o combate e superação do racismo.
De acordo com Alba, o material leva a comunidade a refletir e pensar sobre os conceitos de racismo estrutural, racismo institucional e racismo recreativo, além de explicar, de uma maneira resumida e didática, o que é branquitude. Foram escolhidos conceitos que o Grupo de Trabalho Antirracismo e a Assessoria de Relações Étnico-Raciais (Arer) consideraram importantes para que toda a sociedade compreenda a importância da educação antirracista como uma ferramenta de superação da desigualdade racial.
— Na cartilha, a gente busca mostrar que o racismo é uma violência que tem consequências não só criminais para quem fez, mas também psicológicas para quem sofre, e que impede uma vivência saudável no ambiente saudável que a gente quer construir como sociedade democrática. Então eu acho que esse produto final ficou maravilhoso para chamar a atenção e evidenciar que, sim, as melhores instituições e qualquer uma delas têm as marcas racistas que a gente precisa conhecer, reconhecer e superar — finalizou a assessora.