O que é necessário para produzir um filme? Para o grupo Sala 2, o amor à arte somado com a força de vontade é o suficiente. A equipe é composta por artistas voluntários que são responsáveis desde a elaboração do roteiro até a pós-edição. O grupo surgiu há 10 anos, no bairro Serrano, em Caxias do Sul, e já produziu 10 filmes, entre curtas e longas-metragens. O objetivo é a promoção da cultura local.
— Não existe financiamento, nós que nos unimos pelo amor à arte porque a gente considera que a cultura, a arte, elas devem permanecer vivas, elas embalam a vida das pessoas. O cinema, então, foi a forma com que esse grupo resolveu focar para se fortalecer nessa arte — afirma Letícia Rossetti, produtora e atriz.
A mais recente produção do grupo, Chico Facundo, estreia neste domingo (7), às 15h30min, na Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, em Caxias do Sul. O longa-metragem conta a história de Chico Facundo, personagem de uma poesia de Gonçalves Chaves Calixto, conhecido como Cabeleira. No texto original, Chico está no leito de morte olhando a vida em perspectiva e distribuindo seus pertences, como a herança. Para a tela dos cinemas, a história foi adaptada.
— Vamos retroceder um pouco e contar a história dele de criança. O Chico Facundo é eu, é você, são pessoas que passaram por dificuldades. Ele foi recusado pelo pai dele logo que nasceu e a gente também tem isso na nossa vida: a gente é recusado, é rejeitado, na profissão, no relacionamento, na família — conta Celso Perotto, diretor do filme.
Estas semelhanças também aproximam famílias em prol da arte. É o caso da Marieli Freitas, atriz que participou do filme. Ela interpretou a Clara, esposa de Chico na vida adulta, e compartilhou a experiência com o filho, Carlos Eduardo, que fez figuração.
— A Clara é muito a Marieli também pelo fato de casar, de viver no campo, de ser tradicionalista. A Clara com certeza me deu a oportunidade de reviver momentos da minha infância, como mãe, como mulher e acima de tudo uma mulher guerreira, que quebrou tabus — relata a atriz.
A produção e exibição do longa vai de encontro com o objetivo do projeto, que é levar a arte do cinema de graça para diferentes públicos. A ideia é que mais exibições gratuitas sejam realizadas na região ao longo do ano.