Os casos de dengue contraídos em Bento Gonçalves subiram para 93 nesta segunda-feira (15). Os dados, confirmados pelo Painel de Casos de Dengue do Governo do Estado, mostram o maior número de casos autóctones — contraídos no próprio município — desde 2015, quando o painel deu início às atualizações. Ou seja, é o maior número da série histórica. Além disso, Bento foi a primeira cidade do Estado a confirmar morte pela doença em 2023. Conforme o painel, até 2020 o município serrano não teve nenhum registro de autóctones. Em 2021, foram dois casos e, no ano passado, 10.
Durante o dia, agentes de saúde trajados com uniformes brancos percorreram dois bairros da cidade para fazer um fumacê, que atingiu cerca de 2 mil residências. A ação está ocorrendo desde o mês de abril, em bairros com maiores números confirmados no município. Entre as atividades feitas pelos profissionais, estão a retirada de lixo e a eliminação de criadouros e possíveis criadouros do mosquito.
Conforme explica o agente de combate às endemias Dener Salvador, as ações estão ocorrendo para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.
— A gente vai fazer a nebulização química com um inseticida. Essa nebulização serve para controle vetorial do mosquito. No bairro Vila Nova e Caravaggio são onde estão as maiores quantidades de casos de dengue do município e está começando também a aparecer chikungunya. Estamos fazendo esse bloqueio vetorial para tentar matar a maior quantidade de mosquitos doentes, para tentar diminuir essa doença na região — afirma Salvador.
As ações, ainda conforme o agente, devem ocorrer em Bento Gonçalves até que os casos diminuam. Os agentes de saúde monitoram diariamente os dados e locais onde ocorrem as confirmações dos casos, para que cada ação de combate ocorra priorizando os pontos de maior proliferação do mosquito. A iniciativa com inseticida deve ocorrer novamente ao longo desta semana, novamente no bairro Caravaggio, seguindo para o bairro Conceição e Glória.
Segundo explica a também agente de combate às endemias do município Kellin Skibinski, a principal recomendação para os moradores está no cuidado com os próprios terrenos, locais que podem manter água parada ou itens que são comumente utilizados para coletar água da chuva. Além disso é essencial manter caixas d’água tampadas, eliminar corretamente lonas e pneus, e estar sempre de olho na calha das próprias residências.
— A gente precisa cuidar desses pontos nas nossas casas e reforçar o cuidado, principalmente porque estamos vendo uma tendência de casos no inverno, o que mostra que o mosquito já está resistente ao nosso frio e os casos não estão diminuindo, muito pelo contrário. Então é cada vez mais necessário a permanência dos cuidados de todas as pessoas — explica a agente.
Conforme os agentes, o inseticida não é prejudicial à saúde humana, mas a recomendação explicada pelos profissionais aos moradores é que mantenham pessoas mais idosas na parte de trás das casas que receberão a substância. Além disso, é ideal que portas e janelas fiquem abertas durante a ação para que o produto seja aplicado tanto do lado de fora, quanto dentro dos locais que também podem ter algum ponto de água parada.
Sintomas e recomendações
Conforme a Secretaria de Saúde do Estado, entre os principais sintomas que pacientes infectados pelo mosquito Aedes aegypti chegam aos postos de atendimento estão: mialgia, que é uma dor muito forte e ocorre em todo o corpo, febre alta e repentina acima de 39ºC, manchas vermelhas no corpo, mal-estar geral, náusea, vômito e diarreia. Além disso, os sinais podem agravar, ocasionando o extravasamento de plasma e/ou hemorragias, que podem levar a pessoa ao choque grave e morte.
Em média, cada pessoa infectada demora entre três e 15 dias para apresentar os sintomas. A recomendação do Estado é que pacientes que apresentem os sintomas busquem as unidades de saúde dos próprios bairros, para que recebam o atendimento adequado. É ideal ainda, após a confirmação do caso, a ingestão de muita água e que o paciente evite fazer uso de medicamentos por conta própria, sem a recomendação de um profissional.