Com a transferência da outorga do Estado para o município, formalizada na última sexta-feira (28), a administração do aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias, deve ser mesmo realizada de forma direta pela prefeitura. Há cerca de um mês, o município chegou a conversar com a Infraero, estatal federal voltada à gestão de aeroportos, mas a proposta da empresa não foi considerada vantajosa.
De acordo com o secretário de Trânsito, Alfonso Willembring, o principal entendimento é de que o valor pedido pela estatal - que administra o aeroporto de Congonhas (SP) e o aeroporto Santos Dumont (RJ), entre outros - supera o que o município esperava pagar. Além disso, o contrato previa que a Infraero assumisse as operações, mas não contemplava manutenção estrutural, como requalificação de pista. O secretário evita dizer que a parceria com a empresa está descartada, mas entende que a melhor opção no momento é a gestão com os servidores municipais.
— Não vamos fazer qualquer contraproposta. Me debrucei muito nesse assunto nas últimas semanas e o que percebi é que onde existe aeroportos regionais, a administração tem sido local. O fato é que quem entende de Caxias é o caxiense, quem conhece nossas características e o que precisamos somos nós — destaca Willembring.
Antes da transferência da outorga, a gestão do Hugo Cantergiani era uma parceria entre Estado e município. Enquanto a prefeitura se responsabilizava pela manutenção das instalações e fornecia servidores, o Departamento Aeroportuário do Estado (DAP) fazia a gestão das operações aéreas e aluguel de espaços. A parceria demandava cerca de R$ 1 milhão por ano ao município, mas a receita de cerca de R$ 4 milhões ficava com o Estado. Já há alguns anos, contudo, a direção do aeroporto é exercida por servidores municipais.
Apesar da oficialização na sexta-feira, a transferência integral da gestão ao município ocorrerá de forma gradual. A expectativa é de que todas as etapas sejam cumpridas em cerca de 60 dias, mas o prazo também pode ser alargado. Nesse período, a administração municipal se adaptará aos sistemas para cobrança de taxas de embarque, taxas de pouso e decolagem e de permanência de aeronaves no pátio, além da elaboração de relatórios a serem encaminhados periodicamente à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A experiência nesses trâmites é um dos principais motivos de interesse da prefeitura na parceria com a Infraero. Segundo Willembring, no entanto, os servidores municipais têm condições de se adaptar a essas questões.
— A questão operacional o município já faz — aponta o secretário.
Investimentos previstos
Em reunião na semana passada com o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), representantes das três companhias aéreas que operam na cidade apontaram a necessidade de melhorias no pavimento e na sinalização da pista do Hugo Cantergiani. De acordo com Willembring, um teste recente de atrito realizado pela Infraero a pedido da Anac apontou que o pavimento está dentro das normas. Apesar disso, algumas ações são necessárias.
— Precisa de pequenos reparos que o município tem condições de fazer, mas daqui a dois anos sabemos que teremos que fazer uma intervenção mais pesada. O próprio Estado já está encaminhando isso parcialmente — afirma o secretário.
As primeiras melhorias devem ocorrer já nos próximos dias, assim que o clima permitir. Já para junho está previsto reforço na sinalização.
— A partir de agora é melhorar o serviço para o cidadão — finaliza Willembring.
Número de passageiros dobrou
Em meio às mudanças de gestão do aeroporto e aos trâmites para a construção do novo terminal de Vila Oliva, o Hugo Cantergiani atendeu 99,3 mil passageiros entre janeiro e abril deste ano. O número é 111% superior ao mesmo período do ano passado, quando 46.954 pessoas passaram pelo terminal.
O número também representa cerca de 40% do total de 221.449 passageiros que circularam pelo aeroporto em todo o ano passado. Os dados permitem projetar uma eventual quebra de recorde na movimentação do Hugo Cantergiani neste ano. Até então, o maior fluxo registrado foi em 2019, com 240 mil passageiros.
O principal fator que contribuiu para o aumento no número de passageiros em 2023 foi o incremento nas opções de voo. Nos primeiros quatro meses de 2022 eram duas operações diárias enquanto atualmente o aeroporto recebe quatro voos.
Na última segunda-feira (1º), a Azul passou a realizar a rota Caxias-Campinas com aviões Airbus A320, maiores que os Embraer 190/195 tradicionalmente utilizados na Serra. A nova aeronave será enviada sempre que a demanda exigir. Além disso, a Gol deve retomar em junho o voo para o aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense, suspenso no início do ano. Já a Latam, que tem um voo diário de Caxias para Guarulhos com aviões Airbus A319/A320 estuda adotar o A321, de maior capacidade.