A Gramado Summit termina nesta sexta-feira (14) e destaca no Palco Atitus a importância da comunicação, inovação, inclusão e novos negócios. O principal palco do evento recebe ainda debates atrelados ao marketing, comunicação empresarial, lucros e diferentes esferas do ambiente corporativo.
Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclusão do Nubank, falou sobre consumidores não estarem mais atrás dos lucros das empresas, mas do quanto elas impactam e contribuem com a sociedade. O discurso da diretora focou ainda na importância de trabalhar com a inovação, atrelada à diversidade e inclusão de todas as diferenças existentes.
— A gente precisa ter um time plural. Se a gente chega numa mesa e está todo mundo concordando, alguma coisa está errada. Precisamos ter resultados, criatividade e impacto positivo. Pensar em qual impacto a sua organização está gerando. Não é sobre mimimi, não é sobre lacração, não é sobre contratar quem não tem competência só para ter no time pessoas diversas. É sobre contratar o todo, construir os melhores times que sejam inclusos para todos — pontuou a diretora.
Como exemplo sobre a importância da inclusão no ambiente profissional, a modelo Maju de Araújo subiu no palco ao lado da mãe e da irmã para contar sobre os preconceitos enfrentados até que tivesse a oportunidade de subir nas passarelas, ser capa de revistas nacionais e internacionais e ser considerada pela Forbes como um dos maiores exemplos do Brasil. A jovem, de 20 anos, se tornou a primeira modelo brasileira com Síndrome de Down a desfilar e ocupar passarelas dentro e fora do país.
A família subiu ao palco fazendo a descrição das roupas que estavam usando, penteado, altura e todas as características principais para descrever para os deficientes visuais. Com preconceitos enfrentados desde a gravidez, a mãe, Adriana, contou sobre as dificuldades, recusas, "nãos" e destacou o capacitismo e momentos onde infantilizaram a menina, acreditando que ela não tivesse capacidade de fazer nada sozinha.
— Por conta do preconceito e o capacitismo, eu também rotulei a minha filha durante 10 anos da vida dela. Até o dia que ela entrou em coma. Em um dia em que eu estava chorando, ela acordou do coma e falou "mamãe, para de chorar porque eu vou sair daqui e me tornar uma grande modelo" — recorda Adriana.
Com preconceitos enfrentados até mesmo nas escolas, a jovem passou boa parte da vida lutando para ocupar espaços que deveriam estar acostumados a receber pessoas com todas as características diferentes.
- Quando ouvimos que as escolas não estavam preparadas para receber pessoas como ela, começamos a brigar pelos nossos direitos, batendo de frente e lutando contra a falta de inclusão dentro das escolas. Até que um dia paramos e decidimos dar atenção para todo o talento que ela tinha. Eu, por conta do meu preconceito, achei que ela estaria fora dos padrões, mas fui atrás. Ela foi para uma escola de modelos para ter DRT (registro profissional), porque ela também tem direito a se tornar uma modelo profissional. A partir daí, fomos atrás de um posicionamento dela no mercado de trabalho.
A partir da chegada de Maju de Araújo nas passarelas e revistas, a jovem deu início a uma carreira que deu a ela espaço em diferentes desfiles renomados no Brasil e no mundo, e usa o espaço que alcançou para incentivar jovens que tenham as mais variadas características e acham que estão fora dos padrões, a persistirem até conseguirem ocupar os espaços que desejam.