Um canteiro que vinha sendo usado como depósito de lixo irregular e até banheiro de cachorro está sendo revitalizado e tomando forma de praça no bairro Floresta, em Caxias do Sul. Desde que foi adotado pela Rezler, indústria que atua há cerca de quatro décadas no bairro, o espaço na esquina da Rua Anselmo Crippa com a Rua Eleutério Roncada tem recebido melhorias, como a instalação de bancos que já estão sendo aproveitados pelos funcionários da empresa e outros moradores que circulam pelo local.
— A área sempre foi da comunidade, mas de uns tempos pra cá começou a ser usada pra depósito de lixo, estacionamento e até cocô de cachorro. Com ampliação da empresa e de pessoas trabalhando conosco, o espaço começou a ser frequentado pelas pessoas, e aí entendemos que seria importante modificar pra que o uso ficasse mais adequado — relata Ubiratã Rezler, diretor da empresa.
Foram cerca de seis meses de espera por uma liberação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) para que a adoção pudesse ser oficializada. A empresa já vinha dando atenção ao local mesmo antes do requerimento, feito em setembro de 2022, e aguardava o processo burocrático para que, de fato, pudesse "colocar a mão na massa" em relação às melhorias pensadas ao espaço de cerca de 60 metros quadrados. A aprovação se deu em fevereiro deste ano, poucos dias depois de um processo de adequação realizado pela secretaria responsável, no intuito de facilitar o ação que garante o apoio de pessoas físicas e jurídicas no cuidado com os espaços públicos.
— A gente conseguiu transformar o espaço, mudando o modelo de bancos, a jardinagem; duas pessoas da comunidade se propuseram a fazer a zeladoria e a gente já tem percebido como isso se reverte em cuidado por parte de todos — completa Rezler que, como presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), também entende a ação como exemplo às demais empresas associadas.
A adoção da praça acabou sendo, ainda, a motivação para mais iniciativas pensadas em prol da comunidade do bairro onde a empresa está inserida. Uma delas diz respeito ao muro de cerca de 80 metros de extensão que faz divisa entre a empresa e a nova "pracinha", e já tem até data para acontecer: entre os dias 29 de abril e 1º de maio. A empresa está organizando um evento que reunirá grafiteiros de Caxias do Sul e Bento Gonçalves, que vão colorir o muro com tema florestal, em homenagem ao nome do bairro. A arte que vai virar pano de fundo para o espaço de lazer será elaborada em meio a um evento que também reunirá skate, música e outras atividades gratuitas voltadas a crianças em situação de vulnerabilidade social.
— É uma forma de devolver à comunidade tudo o que ela já nos deu. Um investimento que não é alto e que qualquer empresa pode fazer; e o legal é que será feito a várias mãos. A gente acredita que comunidade vai abraçar este espaço — conclui Rezler.
Modificações incentivam adesão
Quando a Rezler realizou a solicitação, uma série de documentos eram exigidos para o requerimento de adoção de espaços como canteiros, praças e parques da cidade. Em fevereiro, ao assumir a Semma, João Uez diz que entendeu a necessidade de desburocratizar o processo, implementando a requisição online e simplificada. Até então, havia apenas cinco parceiros e, desde a modificação, 28 espaços foram adotados.
A requisição se dá pelo sistema Semmaweb. Para acessar é preciso fazer um credenciamento.
— Antes era muita documentação exigida, agora basta um simples requerimento, foto do documento de identidade ou contrato social e foto da área. Qualquer pessoa pode adotar física ou jurídica. A vantagem é ter um espaço mais organizado seja próximo de sua residência ou empresa e divulgação de sua marca neste local mostra do que a mesma é parceira do município e investe na melhoria de qualidade de vida da comunidade — observa o secretário.
O regramento para placas publicitárias que devem ser colocadas nos espaços adotados também mudou. Antes, o requerente deveria fazer o material informativo em madeira e nos moldes determinados pela prefeitura.
— Tinha um modelo específico, que não se achava no mercado e com valor alto. Agora pode ser utilizado qualquer material, claro, seguindo o tamanho-padrão — destaca Uez.
As placas inseridas nos espaços podem ter até um metro quadrado, sendo fixadas com até 1,2 metro de altura. Para as áreas adotadas, segue vigente, ainda, o regramento que autoriza apenas o plantio de espécies permitidas. No caso de a área ser um parque ou praça, o pedido será analisado pela comissão de áreas públicas não viárias.
O termo de adoção tem validade de três a cinco anos com possibilidade de renovação. Durante este período, as melhorias e a conservação do espaço ficam sob responsabilidade da pessoa ou empresa que adota, enquanto a prefeitura segue responsável pela garantia da segurança do local, tendo ainda o direito de autorizar eventos públicos, que devem ser informados com antecedência ao adotante.