Quase um mês após o início das aulas na rede pública de ensino de Caxias do Sul, a Central de Matrículas ainda busca um lugar para 314 crianças de diferentes níveis de aprendizagem. Essas crianças precisam de atendimento que vão da pré-escola ao 9º ano do Ensino Fundamental. Na outra ponta, há cerca de 3 mil meninos e meninas na faixa de zero a três anos aguardando vaga em escolinhas, número que já chegou a mais de 5 mil anteriormente. Ou seja, houve redução na fila.
Conforme a Secretaria Municipal de Educação (Smed), um número expressivo de famílias só procurou a Central de Matrículas depois de ter encerrado os prazos para concorrer a uma vaga na rede pública. Esses pais só manifestaram interesse depois do sistema de inscrições e designações ter rodado em três oportunidades diferentes, de novembro de 2022 a fevereiro de 2023.
A secretária de Educação, Sandra Negrini, explica que há famílias que buscaram pela vaga apenas após o retorno de férias ou viagens. Ela ressalta que isso gera impossibilidade de atendimento, de imediato, pela rede municipal e também pela estadual:
— Esse movimento acontece porque teve essa grande procura por vaga depois que iniciou o ano letivo. Foram mais de 400 solicitações de vaga só de Educação Infantil nas últimas três semanas de fevereiro — destaca Sandra.
A secretária ressalta ainda que outra demanda influencia nos números: a migração da rede privada para a rede pública e famílias vindas de outros países:
— Nós recebemos famílias de migrantes com até nove filhos. Então, isso tudo é uma movimentação natural do início do ano.
Mesmo assim, se comparado ao começo do ano letivo de 2022, Sandra ressalta que a fila diminuiu. Naquela ocasião, de acordo com a secretária, eram cerca de 800 crianças de Ensino Fundamental fora da escola.
— Tenho que dizer que é uma qualificação do atendimento, desde o espaço da Central de Matrículas aos equipamentos, às pessoas e ao número de pessoas que estão trabalhando. Tudo isso qualificou e, sem dúvida nenhuma, o planejamento prévio que foi feito desde o ano passado para este ano para a gente tentar evitar essas filas e que faltassem vagas — elenca a titular da Smed.
Números
:: Do total de 314 estudantes, 255 aguardam designação de escola, sendo que entre eles, há 123 alunos inscritos após os prazos estabelecidos pela rede pública.
:: Outros 59 alunos esperam por transferência, ou seja, em tese estão sendo atendido, mas precisam encontrar uma nova escola por diferentes razões.
:: A faixa de zero a três anos, que chegou a ter mais 5 mil crianças na lista de espera, na terça-feira (14) contava com 3.003 aguardando vaga.
Desafios e soluções
A Smed e a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) buscam em conjunto a colocação para o máximo de crianças e estudantes que precisam de atendimento. Alguns processos são mais imediatos, como a reorganização de turmas que têm, por exemplo, 10 alunos de 3º ano. O grupo é colocado em outra sala para disponibilizar o espaço para uma nova turma de pré-escola. Outra medida mais rápida é a colocação dos estudantes no zoneamento (em que o aluno é atendido na escola mais próxima). Demais alternativas dependem de estratégias que envolvem processos complexos, como compra de vagas, novos roteiros de transporte escolar e contratação de profissionais nas escolas.
— O nosso desafio agora, nesses ajustes que nós estamos fazendo, é tentar aquele (estudante) que está designado um pouco mais longe da sua casa para uma escola mais próxima da sua casa. Designar irmãos para a mesma escola. Isso é um movimento que tanto Estado como município estão fazendo para tentar agregar e facilitar para famílias — explica Sandra Negrini.
Para todas as crianças que foram designadas para um outro zoneamento (fora da área onde fica a moradia), a Smed está reorganizando roteiros de transporte escolar:
— Hoje, só na nossa rede nós temos mais de 3 mil vagas, só que elas não são exatamente nas regiões de maior número de busca. Essas regiões são: Serrano, Ana Rech, Esplanada, Desvio Rizzo, Cruzeiro e Belo Horizonte. São regiões historicamente de gargalo, porque é onde a cidade mais cresce, onde nós temos o alargamento e o surgimento de novos loteamentos —aponta ela.
No caso da faixa de zero a três anos, a Smed realiza gradativamente a compra de vagas em escolas privadas, estratégia usada em outros anos. Mas, para isso, é preciso que a rede particular oferte vagas, principalmente em áreas próximas da casa das famílias.
Neste momento, a rede municipal de ensino atende 44 mil estudantes. Deste total, 12 mil estão matriculados na Educação Infantil e 32 mil frequentam o Ensino Fundamental.