Com a chegada dos dias quentes, aumenta o número de pessoas que buscam nas represas de Caxias do Sul uma alternativa de lazer e até mesmo como uma forma para se refrescar. Mesmo sabendo da proibição de nadar nas barragens e nos lagos das bacias de captação, famílias inteiras costumam frequentar os espaços aos finais de semana. Lá, às margens da água, fazem piquenique, pescam e, em ao menos um caso neste ano, assam até churrasco. Quando a temperatura sobe, ignoram as placas que alertam para o perigo e se arriscam na água.
Para se ter uma ideia, desde o lançamento da campanha, em 6 dezembro de 2022, até o dia 2 de janeiro deste ano, 378 pessoas foram abordadas durante a Operação Verão Seguro. Deste número, 133 foram flagradas na água ou nas margens das represas entre 26 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro de 2023. Os locais mais frequentados pelos banhistas são as represas do Complexo Dal Bó, no bairro Fátima, e a Maestra, no Bairro Santa Fé. Por isso, as equipes intensificaram as rondas nestes pontos:
— A Guarda Municipal constantemente foca nas cinco represas, a Maestra, Faxinal, Samuara, Marrecas e Complexo Dal Bó, para orientar a população e evitar afogamentos. Destas 378 abordagens, 80% das orientações são feitas nas represas do Dal Bó porque elas estão mais próximas das casas. Nessa época de férias escolares, muitas vezes, os adolescentes procuram esses locais para tomar banho. Esse trabalho é essencial para salvar vidas — ressalta o comandante da Guarda Municipal de Caxias, Alex Oliveira Kulman.
Ele ressalta que a Guarda Municipal se preparou durante o ano letivo em 2022 para atuar no verão, especialmente em setembro e outubro. Foram realizadas palestras com entrega de materiais e até um vídeo foi feito para mostrar aos estudantes os riscos de tomar banho nas represas. O comandante ressalta que até o momento não foi registrado nenhum afogamento:
— Esse trabalho de orientação que antecede a Operação Verão Seguro é essencial, e a cada ano vamos aprimorando as ações. Na edição de 2020 para 2021 não houve registro de afogamentos e nem de mortes. De 2021 para 2022, infelizmente, tivemos a morte de um adolescente por afogamento no Dal Bó. Esperamos fechar esse ano sem perder nenhuma vida.
Maior número de flagrantes são de pessoas na água
A proibição de tomar banho nas barragens está na Lei Complementar nº 246, de 6 de dezembro de 2005. Com o tema Represas não são para banho, a 16ª edição segue até 20 de março. A finalidade é prevenir afogamentos e fiscalizar atividades, como caça e pesca, que também são proibidas. Mesmo assim, o maior número de flagrantes são de pessoas na água.
— Há muros, placas proibindo, portão, gradil e o pessoal quebra para entrar. Estar no local já é proibido e, além de estar em um local proibido, 90% das abordagens são de adolescentes e adultos na água tomando banho. Solicitamos que saiam da água e orientamos, porque temos as bombas e os galhos na água que podem ficar presos. É totalmente impróprio, e eles insistem. Já flagramos uma família com um latão assando churrasco na represa — conta o comandante Alex Kulmann.
O diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti, reforça sobre os perigos de entrar na água em uma bacia de captação. Ele lembra que em 2022 foram registrados três afogamentos, sendo dois jovens resgatados com vida na Maestra e um que, infelizmente, morreu afogado no Complexo Dal Bó.
— A base de uma represa não é linear, existem muitos desníveis. No Dal Bó, por exemplo, existem pontos de até 14 metros de profundidade, fora os possíveis entulhos, como galhos de árvores, inclusive nas margens. É um risco muito elevado.
Além disso, Meletti ressalta que essa água é bruta, não sendo própria para banho.
Operação Verão Seguro
A ação é promovida pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), em parceria com a Guarda Municipal (GM), o 5º Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM) e Batalhão de Polícia Ambiental (Patram). Na edição anterior 1.127 pessoas foram orientadas em 4.532 rondas.
As denúncias podem ser feitas para a Guarda Municipal pelo telefone 153; para o Corpo de Bombeiros pelo 193; e pela Central de Atendimento do Samae no 115.