O fogo em vegetação é um problema recorrente nas últimas semanas na Serra. Assim como no verão 2021/2022, o calor aliado à falta de chuva e, na maioria dos casos, a imprudência das pessoas têm exigido atenção dos bombeiros. Em Caxias do Sul, em cinco dias, de 4 a 8 de janeiro, a corporação atendeu 36 ocorrências de fogo em vegetação. As chamas assustam os moradores das proximidades, que temem que o fogo se alastre até as casas. Ninguém se feriu até o momento, mas o elevado número de ocorrências preocupa.
O comandante do 5º BBM, tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro, lembra que esse é um período do ano em que cresce o número de registros em razão das características da estação e da estiagem.
— Alertamos a comunidade para evitar queima de vegetação rasteira, de lixo e de descarte de vegetação, que é feita agora que é época de limpeza de terrenos. As pessoas têm que ter consciência que o fogo pode se alastrar e atingir áreas que fujam ao controle — alerta Fortes.
O oficial ressalta que na semana passada foram registrados números expressivos:
— Tivemos fila no atendimento, o que exigiu que fossem priorizados locais com maior risco à população, caso se alastrasse, e deixando na espera pontos com menos probabilidade e de extensão de queima. Essas ocorrências fazem com que tenhamos um emprego diário das nossas guarnições.
O comandante afirma que é essencial a colaboração da comunidade para reduzir o número de focos de incêndio. A corporação criou um WhatsApp para denúncias, mas o número só é usado quando há uma sequência de ocorrências e a corporação precisa solicitar fotos aos denunciantes para analisar os riscos. Ele reforça ainda o pedido para que a população não utilize o fogo para limpar terrenos ou eliminar resíduos.
— Quando as pessoas fazem limpezas nos terrenos colocam fogo nos resíduos ou fazem queimas controladas. Mas, com a falta de umidade e vento, foge ao controle. Essa é uma das principais causas de incêndios, mas não a única. Pode acontecer até mesmo com o descarte de fontes de ignição, como cigarros que são jogados nas estradas próximas à vegetação. As causas naturais, como raios ou aquecimento por uma fonte de calor podem acontecer, mas são raras. Geralmente, o incêndio em vegetação tem causa humana.
Queimadas de vegetação em Caxias que exigiram atendimento dos bombeiros
4 de janeiro: 6 ocorrências
5 de janeiro: 14 ocorrências
6 de janeiro: 7 ocorrências
7 de janeiro: 3 ocorrências
8 de janeiro: 6 ocorrências
Fogo em Ipê
Os Bombeiros de Flores da Cunha e de Antônio Prado já atenderam 10 ocorrências somente em 2023. O caso mais recente aconteceu no último domingo (8), em uma área de mata na Capela Pompéia, no interior de Ipê. De acordo com os Bombeiros de Antônio Prado, a corporação foi acionada por volta das 14h55min. Já a equipe de Flores da Cunha foi acionada por volta das 19h para ajudar a conter as chamas.
As equipes permaneceram no local até as 23h, mas tiveram que retornar por volta da 1h desta segunda-feira (9). Conforme a corporação, foram mais três horas para encerrar a ocorrência. Mais de 100 mil litros de água precisaram ser usados no combate ao fogo, que atingiu cerca de 10 hectares de vegetação. A prefeitura de Ipê prestou apoio às equipes com um caminhão-pipa e uma retroescavadeira.
Cenário se repete
Com as temperaturas elevadas, vegetação seca e vento, o fogo se propaga rapidamente, lembra Julimar. Entre 2021 e 2022, as ocorrências também eram rotineiras. Em um dos atendimentos, em dezembro de 2021, foram 26 ocorrências em um dia, sendo que um dos focos de incêndio foi na área da Pista de Motocross da Associação Caxiense de Velocross (Ascave), na Represa da Maestra.
A comunidade de Galópolis também enfrentou transtornos com focos no local conhecido como Morro da Cruz. O incêndio começou no dia 26 de dezembro e continuou dias depois, o que exigiu o trabalho de bombeiros e também de voluntários.
Em 13 janeiro de 2022, foram registrados dois incêndios de grandes proporções em vegetação. Foram necessários cinco caminhões e 20 bombeiros para evitar que as chamas se alastrassem. Um dos casos foi registrado no bairro Parada Cristal e o outro na divisa no bairro Serrano com o loteamento Santo Antônio. Foram mais de sete horas para conter as chamas.