Em junho de 2013, a recém-criada Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) iniciava as operações e a cobrança de pedágio no km 100 da RS-122, em Flores da Cunha. As atividades da estatal substituíram o modelo da Convias, implantado na década de 1990 e que traumatizou a região por cobrar tarifas altas e não entregar obras estruturantes. Quase 10 anos depois, a empresa encerra as atividades em um dos eixos rodoviários mais importantes para a Serra, que além do trecho de Flores da Cunha inclui o trajeto entre Caxias e Porto Alegre. Na próxima quarta-feira (1º), à meia-noite, a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) assumirá a gestão de toda a extensão da RS-122 por 30 anos.
Ao longo dos 10 anos de operação, a EGR aportou R$ 85 milhões nos 47 quilômetros do trecho entre Caxias do Sul e Antônio Prado, segmento de abrangência do pedágio de Flores da Cunha. Cerca de R$ 20 milhões começaram a ser aplicados a partir de fevereiro de 2014, quando a rodovia passou por recapeamento completo, que terminou somente em julho de 2015. A obra foi realizada conforme a disponibilidade de recursos arrecadados pela praça.
— Todo o pavimento recebeu, durante 10 anos, recuperações anuais. Sempre houve uma preocupação muito grande com as condições dessas rodovias. Sempre buscamos uma ação ajustada às necessidades da localidade — afirma o diretor-técnico da EGR, Luiz Fernando Vanacôr.
Outras medidas tomadas, além da manutenção periódica, foram a construção da alça ligando a RS-122 com o trecho urbano da Rota do Sol e a remodelação de ao menos dois entroncamentos em Flores da Cunha. As intervenções foram entregues em 2022. As melhorias ocorreram mesmo com perdas de arrecadação no pedágio de Flores da Cunha por conta do desvio existente na região. Esse é o principal motivo para o deslocamento da praça, previsto para o fim do ano.
— Desvios sempre acabam prejudicando a própria rodovia e impossibilitam a correção de um buraco que fica antes do pedágio. A EGR sempre buscou contornar a situação com os valores arrecadados — ressalta Vanacôr.
Quando se trata do pedágio de Portão, o montante de investimentos é maior. Em 10 anos, foram aplicados R$ 175 milhões. Além do fluxo ser mais intenso, o ponto de cobrança cobre 39 quilômetros da RS-122, entre as cancelas e São Vendelino; a RS-240, entre São Leopoldo e Montenegro; e sete quilômetros da RS-287. Neste trecho, Vanacôr destaca a reformulação do acesso a Capela de Santana e a travessia urbana de Montenegro, que ganhou rótulas e pistas laterais recentemente.
Com a saída da EGR da RS-122, da RS-240 e da RS-287, a estatal seguirá administrando 10 praças de pedágio no Estado, que totalizam 632 quilômetros. Entre elas estão rodovias dos blocos 1 e 2 do programa de concessões, que tiveram os leilões adiados e abrangem Região das Hortênsias, Vale do Taquari e região norte.
Transição
A troca de gestão nas rodovias vai ocorrer à meia-noite de terça-feira (31) para quarta-feira (1º). Além de naturalmente marcar a mudança de data, o horário foi escolhido por ter baixo fluxo de veículos. Dessa forma, a migração será realizada cabine a cabine de cada uma das praças de pedágio, com o desligamento do sistema da EGR e o acionamento do sistema da CSG. As equipes também serão substituídas nesse horário.
— Nós desligamos nosso sistema e, no mesmo momento, se liga o da nova concessão. Nos últimos dias eles já têm realizado testes e treinado as equipes — revela o diretor-técnico.
Com a mudança de sistema, também mudam os valores das tarifas. No pedágio de Portão, o preço passa de R$ 6,50 para R$ 11,90. Já em Flores da Cunha, o valor vai de R$ 6,30 para R$ 8,30.
Os valores são mais altos porque a nova concessão prevê obras vultuosas, como duplicações e viadutos em até sete anos de contrato, em ritmo e volume muito maior do que a EGR conseguiu viabilizar em uma década. Ainda assim, estudos realizados pela estatal nos últimos anos servirão de base para os investimentos da nova concessionária. Entre eles estão o projeto para duplicação da RS-122, entre Farroupilha e São Vendelino.
— No passado houve a intenção de se transferir a gestão (deste trecho), mas acabou não se concretizando. Então, todos os projetos foram repassados à Secretaria de Parcerias (responsável por planejar a concessão) — lembra Vanacôr.
Obras realizadas em 10 anos
Pedágio de Portão
RS-122: 39 quilômetros entre Portão e São Vendelino.
- Restauração da ponte sobre o Rio Caí (km 23).
- Estabilização e reconstrução de talude em São Sebastião do Caí (km 7) .
- Manutenção do pavimento em toda a extensão da rodovia.
RS-240: 34 quilômetros entre São Leopoldo e Montenegro.
- Implantação do acesso ao município de Capela de Santana (km 19).
- Manutenção do pavimento em toda a extensão da rodovia.
RSC-287: 7,11 quilômetros em Montenegro (incorporado em 2018 à malha da EGR)
- Travessia Urbana de Montenegro, rótulas e ruas laterais (quilômetro dois).
- Manutenção do pavimento nos sete quilômetros em contrato de manutenção.
Pedágio de Flores da Cunha
RS-122: 47 quilômetros entre Caxias do Sul e Antônio Prado
- Alça de acesso RS-122 com RS-453.
- Melhorias em acessos municipais em Flores da Cunha e Caxias do Sul.
- Manutenção do pavimento em toda a extensão da rodovia (100 quilômetros em 10 anos).