O prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin (PP), nesta quinta-feira (5), fez um balanço dos dois primeiros anos de governo em entrevista para o Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra. Ele falou sobre como a experiência da iniciativa privada o auxiliou na administração pública, planos para o restante do mandato nas áreas da saúde e educação, além da liberação de projetos e sobre a finalização da ciclovia de Caravaggio. Confira os principais trechos da entrevista:
Desde que tomou posse, o senhor sempre tentou levar o viés de empresário para a experiência da gestão pública. Dois anos depois, como funcionou isso?
Nosso sucesso e nossa gestão têm sido referências na área de gestão, de finanças, e reconhecido, inclusive, pelo Sebrae. Nós fomos um dos poucos municípios do Estado que conseguiu fazer o enxugamento da máquina pública. Saímos de 14 para nove secretarias. Diminuímos praticamente 30% dos cargos de confiança. Somente no primeiro ano, nós economizamos R$ 14 milhões. Nós criamos a rotina do compliance, que é o primeiro gabinete compartilhado do Brasil de prefeito e vice trabalhando juntos na mesma sala. Nós criamos um modelo de gestão transparente, governando junto com a sociedade civil organizada. Criamos o Conselho Gestor Comunitário com 15 entidades governando junto com o prefeito. É possível colocar tudo aquilo que a gente faz na iniciativa privada, nas melhores práticas de gestão e finanças, de um empresário de sucesso, e também ser um prefeito de sucesso nas administrações públicas. Em apenas dois anos, eu já tenho duas das maiores certificações de políticas públicas de desburocratização, além do prêmio de prefeito empreendedor em 2022.
Quais são os planos para esse segundo período do mandato?
Nós temos a característica de governar com a sociedade. Durante as eleições, eu conversei com as entidades para que a gente pudesse fazer as indicações para o primeiro escalão. Nós temos hoje pessoas com aptidões para suas pastas, pessoas que foram indicadas pela própria sociedade, e isso é muito diferente do que fazem os partidos e políticos. Então nós temos um modelo de gestão que tem sido referência em todas as áreas. Se vocês me perguntarem das nove secretarias, eu estou muito satisfeito com todas elas. Nós avançamos muito. Nós poderíamos falar de educação: temos os maiores índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), além de dobrarmos a entrega de vagas para o público infantil. Nós recebemos uma saúde caótica. Tínhamos um hospital falido, cirurgias represadas desde 2017, e avançamos muito. Hoje temos um hospital que tem uma sustentabilidade, fizemos novos convênios com o Estado, fizemos convênios com o Governo Federal, criamos um ambulatório com 15 leitos pra desafogar o hospital. Para o futuro, nós estamos fazendo dois novos postos de saúde, um no bairro 1º de Maio e outro no Industrial. Então tudo isso faz com que nas áreas mais sensíveis, que são a saúde e educação, nós estejamos andando muito bem.
Há alguma preparação para o Hospital São Carlos ou a prefeitura se envolverem para virarem referência na ala de maternidade?
Na Serra, temos municípios lindeiros, então sempre há uma proximidade de que a gente possa ter os serviços de especialidades, cada um com a sua fortaleza, com a sua virtude. Por exemplo, em traumatologia, Farroupilha é um exemplo de gestão para o Brasil. Então, sim, nós temos que unir esforços. O que eu tenho conversado com a entidades da Serra, com os prefeitos que são lindeiros, é de nós lutarmos para que tenhamos o reajuste da tabela do SUS. Estamos preparando uma comitiva junto com os presidentes das entidades regionais e os prefeitos para irmos a Brasília ainda em fevereiro, que é quando iniciam os novos deputados e senadores. Nós iremos trabalhar isso para que tenhamos na Serra gaúcha algo que realmente possa dar sustentabilidade para os hospitais que passam por muitas dificuldades. Então o reajuste da tabela do SUS é o principal ponto para que depois a gente possa ter a organização junto com a Coordenadoria Regional da Saúde, para que a gente tenha aqui na Serra sua própria gestão e que a gente não fique dependendo da estrutura do Estado.
Ouça a entrevista:
Que tipo de trabalho vocês estão desenvolvendo para agilizar a liberação de projetos? Tem número de quantos projetos foram liberados desde que o senhor assumiu a prefeitura?
O que acontece é que, na administração anterior, o meio ambiente e a parte de planejamento eram separados. Quando eu disse que trouxe de 14 pra nove estruturas, além do enxugamento, nós fizemos algo que melhorou muito a performance. Nós juntamos a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, então tudo está centralizado. Hoje você não consegue aprovar nenhum projeto se o meio ambiente não estiver junto. Isso deu muita velocidade. Eu não tenho o dado específico, mas segundo a nossa secretária, que é inclusive uma profissional da área, nós dobramos a velocidade de entrega de projetos, aprovações e liberações. Na última segunda-feira (2), tivemos o contrato emergencial, que Farroupilha não tinha concurso público validado. Lembrem-se que em 2021, por conta da Lei Federal, nós não podíamos fazer nenhuma contratação porque estávamos no período de pandemia.
Quantos são os servidores hoje e quantos são cargos em comissão? Além disso, nesse concurso da prefeitura chama atenção que o maior número de vagas é para cargos de nível superior. Era essa demanda que vocês tinham reprimida há mais tempo?
Tem também a questão da aposentadoria, pessoas que pedem licença e acabam saindo por algum motivo ou por outro. Nós não estamos colocando mais pessoas na prefeitura, isso tudo é uma questão de reposição. E também o que a gente tem feito no decorrer dessa caminhada é olhar a produtividade das pessoas. Por exemplo, nós tínhamos 136 cargos de confiança na antiga administração. Hoje nós temos em torno de 100.
Quando sai a ciclovia completa até Caravaggio?
Nós estamos muito dependentes do Governo Federal, então a gente tem que ter uma relação sempre próxima. A questão das ciclovias, pra mim, é muito importante porque a gente detectou que o turista que gasta mais, que tem o maior ticket médio, é o ciclista. Ele vem com a família, com as bicicletas, investe muito, se hospeda e fica mais dias na região. Então nós estamos fazendo uma das maiores ciclovias do Estado, que liga a Rota das Cervejas, de Farroupilha, a Garibaldi. Essa obra se inicia ainda no mês de janeiro e é um investimento entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões. A gente tem investido nisso porque queremos ser uma cidade referência no ciclismo. E também terminar a etapa de Caravaggio, porque nós estamos há oito, 10 anos, fazendo uma etapa por vez. E agora queremos fazer um projeto que vá do início ao fim, para que nesse mandato termine essa ciclovia.