Com as carteirinhas em mãos, Caline de Cássia Duarte contabiliza 39 doações de sangue realizadas desde 2009, no Hemocentro Regional de Caxias do Sul. A doadora não gosta de revelar a idade, mas faz questão de mostrar que, há 13 anos, doa ininterruptamente, cumprindo o limite de três coletas ao ano estipulado para mulheres. Pela frequência exemplar, e em nome de outros doadores que também mantém suas carteirinhas em dia, ela e Davi José Valentini, 51, outro doador constante, receberam um certificado na manhã desta terça-feira (13), dia em que o Hemocs completa 25 anos, com uma estimativa de 500 mil coletas realizadas neste período. A homenagem ocorreu durante uma solenidade que abriu a programação comemorativa prevista para ocorrer até sábado (17) na cidade.
Celso Luiz de Castilhos Pinto, 60, personagem que figura entre os primeiros cadastrados no Hemocs, fundado em 13 de dezembro de 1997, também recebeu um certificado.
— Logo que inaugurou eu trabalhava na área da saúde e fiz uma doação. Houve uma ocasião que precisei de sangue para minha mãe e conseguimos através do Hemocentro. Desde então me sensibilizei, com gratidão por termos recebido essas bolsas, e passei a doar mais vezes. Hoje, ao receber essa homenagem lindíssima, quero dizer que a doação de sangue é importantíssima, salva vidas, é um gesto de fraternidade e amor ao próximo — afirmou o doador.
Para Valentini, a história foi parecida, mas envolvendo o pai, que conseguiu superar sérios problemas de saúde contando com a ajuda de doadores.
— Ele teve uma hemorragia e sobreviveu. Precisou de muitas bolsas de sangue. Isso foi há uns 30 anos, e fez com que eu me sentisse em dívida e passasse a doar também. Vou intercalando aqui, no Banco de Sangue, às vezes em Porto Alegre, mas sempre mantendo três a quatro doações ao ano — relata.
— Sempre digo que é mais feliz poder ajudar do que receber, e o que me faz querer ajudar é saber que estou ajudando muitas pessoas — conclui Caline.
Representantes da prefeitura de Caxias do Sul — fundadora do Hemocs —, dos colaboradores da chamada hemorrede, assim como da Câmara Municipal de Vereadores, estiveram presentes na solenidade que contou com uma bênção do frei Jaime Bettega, com canto de parabéns e bolo.
A celebração foi aberta com uma fala de Cristina Lizot, bioquímica responsável pelo controle de qualidade do sangue, que trabalha há 24 anos no Hemocs. A profissional, que diz ter atuado em diversos cargos dentro da unidade, contou como a reformulação nacional de distribuição realizada na década de 1980 culminou na criação de centros de coleta e distribuição espalhados por todo o Brasil.
— Com a Aids, o sistema mundial se reinventou em testes e, em meados de 1988, o governo federal repensou a rede de sangue. Houve a municipalização da saúde na sequência, o que também descentralizou a rede sanguínea, que chamamos de hemorrede, e hemocentros foram instalados no país para garantir sangue de qualidade a todos os locais — afirmou Cristina, que enalteceu a importância dos doadores e também o trabalho desempenhado pela equipe.
O diretor do Serviço de Análises Clínicas e Hemoterapia, Roberto Roveda Silveira, também se pronunciou na solenidade comemorativa, celebrando o fato de que, segundo ele, 80% das doações realizadas atualmente são por demanda espontânea da comunidade regional, sendo o restante proveniente de mobilizações que ocorrem quando alguma pessoa precisa de doações de determinado tipo sanguíneo.
Declarando-se doador de sangue, o prefeito Adiló Didomenico parabenizou o trabalho realizado pelo Hemocs, especialmente o atendimento que descreveu como sendo feito com "gentileza, carinho, rapidez e cuidado". O prefeito também ressaltou a importância da doação.
— Doar sangue é uma forma de agradecer à saúde que a gente tem. Só doa sangue quem tem saúde — observou.
Desde que foi fundado, o Hemocs funciona na mesma sede, localizada ao lado da UPA Central, com acesso principal pela Rua Ernesto Alves. No local é feita recepção, triagem, entrevista e exames do sangue coletado, além da coleta em si. Desde 1999, o serviço funciona com sistema informatizado. Atualmente, o Hemocs atende a 49 municípios (incluindo Caxias do Sul) e conta com 16 agências que atuam no processo de distribuição. A população total atendida é de cerca de 1,2 milhão de habitantes.
A programação que celebra os 25 anos do Hemocs inclui ações quem têm como objetivo ampliar a coleta de sangue, que hoje atinge média diária de 38, sendo necessárias 60 doações ao dia para suprir a demanda regional. Na quinta-feira (15) haverá captação de doadores e agendamento de doações na Praça Dante Alighieri e, no sábado, o Hemocs funcionará com horário ampliado para coletas.
Durante o ano todo, as doações podem ser agendadas pelo WhatsApp (54) 98418-8487 ou pelos telefones (54) 3290-4543 e 3290-4536. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h15min às 16h45min (sem fechar ao meio-dia) e aos sábados das 8h às 12h.
Confira a programação completa
:: Quarta-feira, 14
10h — Apresentação da banda marcial da Escola Municipal Governador Roberto Silveira. Local: Hemocs
:: Quinta-feira, 15
9h — Apresentação de dança e poesia “Oásis espaço: arte, movimento e ecologia”, com Carina Benato. Local: Hemocs
10h às 16h — Ação de captação de doadores e agendamento de doações, com ônibus da Hemorrede e parceria da Cruz Vermelha Brasileira – filial Caxias do Sul. Local: Praça Dante Alighieri
:: Sábado, 17
8h às 14h — Atendimento em horário ampliado e distribuição de mudas. Doações de sangue agendadas e por procura espontânea. Local: Hemocs