Uma doença que acomete milhares de pessoas anualmente e que, por vezes, passa despercebida ou tem os sintomas ignorados, o câncer de pele pode levar à morte em situações mais graves. Por isso, anualmente, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove a campanha Dezembro Laranja, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a enfermidade, orientar sobre os hábitos adequados de proteção solar e incentivar visitas regulares ao dermatologista. Neste ano, a mensagem central da iniciativa é "Não espere até sentir na pele".
A dermatologista e professora de Medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Taciana Cappelletti, lembra que hábitos de trabalho e características da própria população favorecem a ocorrência de câncer entre os moradores da Serra e no Estado, como um todo. Ela aponta que os mais atingidos pela enfermidade são homens idosos.
— Os principais fatores são a exposição solar no trabalho, porque temos muitos agricultores e pessoas que trabalham ao ar livre. Muitos deles não tiveram a orientação adequada durante a vida. E o segundo fator é que boa parte tem a pele clara, por conta da imigração italiana, alemã... A pele clara tem um risco maior para o desenvolvimento do câncer de pele — explica a médica.
A boa notícia é que, segundo o Ministério da Saúde, quando descoberta no início, a doença tem mais de 90% de chance de cura. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental.
— Quando a lesão é menor, há um melhor tratamento, mais resolutivo. Além disso, o melanoma (tipo mais agressivo e também mais raro) tem risco de gerar metástase, há alta mortalidade em casos avançados. Por isso, é importante pegar em estágio precoce para chegarmos à cura — explica a médica.
Alguns sinais podem servir de alerta e exigem atenção e visita ao dermatologista, conforme Taciana: o surgimento de novos sinais ou pintas, principalmente para pessoas de pele clara que já têm este tipo de marca; lesões que mudam de cor ou tamanho; estruturas que sangram e/ou não cicatrizam ao longo dos meses, entre outros (veja mais abaixo).
As recomendações, por sua vez, são aquelas repetidas tradicionalmente por profissionais de saúde, principalmente na chegada dos meses mais quentes do ano. A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta para usar protetor solar contra radiação UVA e UVB e tenha um fator 30, no mínimo; evitar exposição ao sol entre 10h e 16h; usar chapéus, bonés, camisetas e óculos escuros; manter bebês e crianças protegidos do sol, sendo que filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses — antes e mesmo depois desta idade, podem ser usadas roupas com tecidos especiais, com proteção.
— Em especial para o melanoma, (o que gera mais risco) é aquela queimadura ocasional, aquele "torrão" que a gente pega de vez em quando. Quanto mais queimaduras na infância e na adolescência, maior o fator de risco — alerta a dermatologista.
"Tem que cuidar", diz paciente que investiga lesão nas costas
Há algum tempo o calceteiro Luiz Alberto Kilder, 67 anos, notou o surgimento de uma pequena bolinha nas costas. A estrutura se tornou uma feridinha que não cicatrizava, o que gerou um alerta, ainda mais porque a profissão dele exige o trabalho ao ar livre, diretamente exposto ao sol.
Preocupado com a situação, ele buscou atendimento na unidade básica de saúde (UBS) São Vicente onde, após atendimento médico, foi direcionado para o mutirão dermatológico que ocorreu no último sábado, dia 3, no Centro Clínico da Universidade de Caxias do Sul (UCS). A ação ocorreu em alusão ao Dezembro Laranja e prestou 160 atendimentos gratuitos.
— Saiu uma bolinha nas costas, comecei a mexer e se tornou uma feridinha. Já perdi um parente meu por câncer de pele. Deu mais medo ainda. Tem que cuidar, ainda mais com esse negócio de pele — relata o morador do bairro Cruzeiro.
No Centro Clínico, ele foi atendido por um dermatologista e passou por pequeno procedimento cirúrgico para análise e fechamento da ferida. O resultado do exame deve sair em alguns dias.
FIQUE ATENTO AOS SINTOMAS
O câncer da pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. Assim, conhecer bem a pele e saber em quais regiões existem pintas, faz toda a diferença na hora de detectar qualquer irregularidade. Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem diagnosticar o câncer da pele, mas é importante estar sempre atento aos seguintes sintomas:
:: Uma lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
:: Uma pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
:: Uma mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
:: Além de todos esses sinais e sintomas, melanomas metastáticos podem apresentar outros, que variam de acordo com a área para onde o câncer avançou. Isso pode incluir nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse, dores abominais e de cabeça, por exemplo.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).