Mais uma criança, além das que já haviam sido internadas, foi diagnosticada com meningite em Caxias do Sul. O município não vive um surto da doença, mas registra, até o momento, seis casos em duas escolas de educação infantil e mais esse caso isolado em outra escolinha. A idade das crianças não foi informada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Todas elas foram hospitalizadas, mas cinco tiveram alta. Até a tarde desta quinta-feira (27), duas crianças seguiam no hospital, sendo que a do caso mais recente foi diagnosticada com meningite meningogócica.
— A gente considera que não há surto na cidade, porque não está além dos casos que o município costuma registrar nesta época do ano em relação aos anteriores. Podemos dizer que é um surto local, porque foi um aglomerado de casos semelhantes em duas escolinhas — explica a infectologista do Controle de Infecção Municipal, Anelise Kirsch.
Ela explica que, nas duas escolinhas onde foi registrado surto, há mais de dois casos que podem ser de meningite viral, mas a confirmação depende do resultado de exames. Essa confirmação pode demorar cerca de um mês:
— Não temos certeza ainda, mas mandamos material dos vírus mais prováveis e de algumas bactérias que podem se comportar dessa forma para o Laboratório Central do Estado (Lacen). Também pedimos aos hospitais que fizessem uns testes a mais, mas são testes às vezes por biologia molecular, diferentes e que demoram um pouco para vir.
A infectologista afirma ainda que também foram feitas coletas de fezes nas crianças dessas duas instituições para isolar outros tipos de vírus.
— São crianças que tiveram sintomas virais, mas não chegaram a ter meningite. Às vezes, o vírus se apresenta como uma virose respiratória ou intestinal e, na sequência, invade a meninge e causa infecção no sistema nervoso central. Muitas vezes as crianças têm quadros virais mais benignos — explica Anelise.
As crianças que já deixaram o hospital tiveram uma recuperação favorável, sem sequelas segundo Anelise. Sobre esse caso isolado, Anelise destaca que as equipes da Vigilância Epidemiológica e Sanitária do município e do Estado estiveram na instituição para medicar as demais crianças. Outras pessoas que tiveram contato com a criança também foram medicadas.
A orientação da SMS é para que as escolinhas reforcem a higienização e também façam a revisão das cadernetas de vacinação de todos os alunos. Aqueles com doses em atraso devem ser levados a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para serem imunizados. A infectologista lembra que a cobertura vacinal está abaixo da meta de 95% e a vacinação é a estratégia mais eficaz para evitar os principais tipos de meningite.
— Conseguindo vacinar, diminuímos a circulação na cidade. A tendência é que, atingindo 95%, não tenha casos nem de doença leve e nem grave. Todos os que podem se vacinar devem se vacinar — reforça a infectologista.
Vacinas
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem à disposição quatro tipos de vacinas que previnem a meningite bacteriana, são elas:
Vacina BCG: previne a meningite tuberculosa;
Pentavalente: protege contra a meningite causada pelo Haemophilus Influenzae tipo B.
Meningocócica C: previne a meningite bacteriana causada pelo meningococo do sorogrupo C.
A meningite pode ter várias causas, muitos vírus, bactérias ou fungos. Por isso, não existe uma vacina específica para meningite viral. Contudo, geralmente as vacinas virais voltadas aos vírus que causam outras doenças também protegem para as meningites por esses mesmos vírus.
As meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves. Os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. A doença ocorre, principalmente, entre as crianças, que têm febre, dor de cabeça, dor na barriga, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite e irritação. Às vezes ocorre após outra doença viral, como diarreia ou gripe. Já as meningites bacterianas são mais graves e têm como sintomas febre alta, irritabilidade ou apatia, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.
Calendário de rotina
BCG - protege contra as formas graves da tuberculose, inclusive a meningite tuberculosa.
Esquema vacinal: dose única (ao nascer)
Penta - protege contra doenças invasivas como meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade, 2ª dose aos 4 meses de idade e 3ª dose aos 6 meses de idade
Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)
Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade; 2ª dose aos 4 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade
Meningocócica C
Esquema vacinal: 1ª dose aos 3 meses de idade; 2ª dose aos 5 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Também está disponibilizada, até fevereiro de 2023, para crianças até 10 anos de idade não vacinadas e para trabalhadores da saúde
Meningocócica ACWY (Conjugada) - protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y.
Esquema vacinal: uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos de idade, a depender a situação vacinal. Até junho de 2023 adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar