Pouco mais de sete horas depois de acionar o único conjunto de semáforos da área central de Ana Rech, na última sexta-feira (7), a Secretaria de Trânsito de Caxias decidiu suspender a implantação dos aparelhos. O desligamento ocorreu devido a reclamações de moradores e comerciantes com as filas que se formaram na Avenida Rio Branco. Os dispositivos foram instalados no cruzamento da avenida com as ruas João Andriolo e João Albé. Esta última também passou de mão dupla para mão única da Avenida Rio Branco para a Avenida Orestes Albé.
Na manhã desta quinta-feira (13), as sinaleiras seguiam desligadas. Pessoas ouvidas pela reportagem relataram que as filas se formaram logo após o acionamento dos equipamentos, por volta das 9h, e no horário de pico do meio-dia chegou até a Praça Pedavena, distante cerca de 500 metros. Essa retenção de tráfego dificultou o acesso de clientes aos estabelecimentos da Avenida Rio Branco e gerou o temor de impacto nas vendas.
— O que ia acontecer no futuro é que a pessoa que iria comprar em Ana Rech passaria a comprar antes de vir ao bairro, sabendo que aqui seria complicado. Às 16h30min a sinaleira já estava desligada e o trânsito fluiu — apontou um comerciante, que não quis ser identificado.
O período de sinal verde para os motoristas que trafegavam pela Avenida Rio Branco é outro fator apontado pela comunidade.
— Acredito que o tempo deveria ser maior para quem está na avenida — opina o farmacêutico Delton Krinski, 39 anos.
Já a administradora de outro estabelecimento das proximidades, Gabriela Andriolo, 25, observa que a melhor alternativa talvez fosse a criação de um binário, com adoção de sentido único na Avenida Rio Branco e na Rua Padre Gerônimo Rossi, que é paralela. Ela reconhece, porém, que essa solução poderia exigir mais investimentos.
— Acredito que teria que ser mão única, mas aí teria que asfaltar a rua de trás (Padre Gerônimo Rossi) — observa.
Para a farmacêutica Morgana Sartori, 29, houve problemas com a implantação dos semáforos, inclusive com o desconhecimento de parte da população a respeito da mudança de sentido da Rua João Albé. Na visão dela, contudo, já houve o investimento e agora os problemas de trânsito poderiam ser resolvidos com o ajuste no tempo de semáforos e com a adaptação dos motoristas à nova realidade.
— Para o pedestre ficou ótimo, precisava de ajuste. Porém, acredito que poderia ter sido melhor estudado. Será que o semáforo era mesmo necessário? Será que poderia ser outro projeto, uma lombada eletrônica, um quebra-molas? A alteração no sentido da rua, que aconteceu, foi válida, mas ninguém avisou os moradores. Acho que isso também gerou muita revolta — destacou.
Cruzamento precisa de intervenção
Independentemente de concordar ou discordar da implantação dos semáforos, as pessoas ouvidas pela reportagem entendem que o cruzamento precisa de intervenção. Os relatos são de que acessar a Avenida Rio Branco a partir da Rua João Andriolo em horário de pico, por exemplo, pode exigir até 10 minutos de espera. A discordância fica mesmo na solução a ser adotada. Além das sugestões de binário e redutores de velocidade, há quem considere que mudanças na sinalização já seriam suficientes.
— Duas placas resolveriam o problema, uma proibindo dobrar à esquerda, da João Andriolo para a Avenida Rio Branco, e colocando sentido único na João Albé, só para descer (sentido Avenida Orestes Albé para Avenida Rio Branco) — observa o comerciante, que prefere não se identificar.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Trânsito confirmou que o desligamento dos semáforos ocorreu por conta dos congestionamentos e reclamações dos motoristas. A pasta disse, contudo, que a implantação dos aparelhos se baseou em estudos e atendeu a um pedido de uma parcela da comunidade. A discordância, porém, partiu de outra parcela. Diante do impasse, técnicos da secretaria estudam outras possibilidades de solução para o trânsito da região e uma decisão sobre a permanência ou não das sinaleiras deve ser tomada até a próxima semana.
O Pioneiro tentou contato com a Sociedade dos Amigos de Ana Rech (Samar), entidade que reúne os moradores, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.