Na tarde desta quinta-feira (8), a prefeitura de Caxias do Sul apresentou resultados de uma análise estratégica sobre o Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, levantado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal contratada pela administração municipal para a pesquisa. A primeira parte deste estudo foca na demanda potencial que o Aeroporto de Vila Oliva pode atrair. Conforme o levantamento, em 2026, que deve ser o primeiro ano de operação, o empreendimento pode ter um milhão de passageiros - podendo chegar a 1,3 milhão, quatro vezes mais do que está projetado para o Aeroporto Hugo Cantergiani no mesmo ano (cerca de 272 mil).
O mesmo levantamento, iniciado em março deste ano, também projetou a possibilidade de transporte de carga para os setores da agricultura, indústria e serviços. Com o novo aeroporto em Caxias, 1,2 mil toneladas podem ser transportadas a partir de 2025, contra 397 toneladas sem o empreendimento. De acordo com o estudo, a demanda de passageiros seria transferida do Salgado Filho, em Porto Alegre, para o aeroporto de Vila Oliva.
— Ele não é um aeroporto regional. Ele tem muito mais do que isso. Ele pode atender Caxias, seja na parte do turismo - em que vai atender também a Região das Hortênsias. Também é economia de tempo de viagem, de pelo menos três horas para cada ciclo de viagem, onde a pessoa pode conhecer Caxias, gastar mais aqui e conhecer mais a região. Uma estimativa grosseira que fizemos é que pode gerar R$ 100 milhões a mais por ano, que ficaria na região em termos de consumo. Isso é imposto, é trabalho e renda — afirma o secretário de Parcerias Estratégicas de Caxias, Mauricio Batista.
Para chegar aos resultados, o estudo levou em conta diversos dados da Serra, como a população local que pode ser atendida pelo aeroporto. Levando em conta municípios que estão até três horas de viagem rodoviária do novo aeroporto (excluindo Porto Alegre e aqueles próximos à Capital), o levantamento aponta que a área de captação do empreendimento tem 2,3 milhões de gaúchos, ou 21% da população do Estado. Destes, a partir de dados dos setores da indústria, agricultura e serviços, sabe-se que 1,3 milhão estão dentro da população economicamente ativa - que, nesse caso, podem utilizar o aeroporto de alguma forma.
O estudo, além disso, levou em conta variáveis como o número atual de passageiros regulares, a demanda doméstica do Salgado Filho como destino e origem, e os períodos que podem gerar picos de passageiros, como na época do Natal Luz, de Gramado, e na Páscoa.
Concessão do aeroporto
O estudo de demanda demonstra que o Aeroporto de Vila Oliva possui potencial para atendimento na Serra. Da mesma forma, indicará a projeção de receita para a próxima etapa do planejamento. Em outubro, a prefeitura divulga a segunda parte da análise estratégica sobre o empreendimento. Este outro levantamento indicará qual deve ser o formato de administração do futuro aeroporto, como concessão ou parceria público-privada. O projeto, inclusive, deve incluir outra parte fundamental: as obras de acessos viários à estrutura, com ligação tanto com a Região das Hortênsias, quanto para Caxias do Sul.
— Se mostra como necessário realizar essas obras, seja com recurso do Estado, ou com recurso próprio do município, mas precisamos viabilizar isso. Esse é o momento. Não adianta ter o aeroporto pronto, e aí pensar em viabilizar — pontua o secretário, calculando que três mil pessoas devem acessar o aeroporto por dia.
A EPL está baseando esta pesquisa em três cenários. No primeiro, uma empresa parceira fica responsável pela operação e manutenção do aeroporto, além da ampliação; no segundo, além destes itens, a parceira fica responsável pelos acessos viários entre Caxias, Aeroporto de Vila Oliva e Região das Hortênsias; e o terceiro inclui os dois itens anteriores e ainda adiciona a responsabilidade de melhorias, manutenção e administração do aeroporto Hugo Cantergiani.
— Eles é que vão embasar depois a estruturação da concessão efetivamente, com o foco em Vila Oliva, mas possivelmente com esses outros ativos — aponta Batista.
O terceiro cenário seria o melhor, de acordo com o secretário. O motivo é que enquanto as obras do novo aeroporto são realizadas, o Hugo Cantergiani pode melhorar a sua infraestrutura, até para receber mais voos. Além disso, a empresa responsável já teria conhecimento do funcionamento de Caxias e região com essa experiência.
— O melhor cenário seria onde o parceiro privado consegue me atender no Hugo Cantergiani, melhorando acessibilidade e infraestrutura, minimamente. Depois, que faça os acessos, em que coloca recursos próprios na frente, e inicia os acessos. Com os acessos prontos, eu faço a transferência do terreno. Veja que eu acabo não desembolsando. É um patrimônio do município, mas que (atualmente) não gera receita, ou muito pouca. E aí, consigo viabilizar o aeroporto e acessos adequados que precisamos — projeta Batista.
Uma possibilidade que será estudada para viabilizar as obras de acessos viários é o pagamento com o terreno do Aeroporto Hugo Cantergiani, que tem 60 hectares. Neste cenário, a empresa parceira poderia, no futuro, definir o que fazer com a estrutura. Uma possibilidade, por exemplo, seria a de tornar um aeroporto exclusivo para voos executivos.
Para a infraestrutura do Aeroporto de Vila Oliva, Caxias tem R$ 200 milhões garantidos pelo Ministério de Infraestrutura. Porém, há a necessidade de mais recursos para ampliações, como para um terminal de carga, e para os acessos viários.
Nesta rota para o novo aeroporto, está prevista uma ponte de 70 a 80 metros de altura, entre Gramado e Vila Olivia. A projeção é que apenas ela custe R$ 100 milhões, enquanto as melhorias de estradas entre Caxias, Região das Hortênsias e aeroporto deve custar cerca de R$ 60 milhões.
Estudo descarta nova estrada entre Região das Hortênsias e aeroporto
Para este trajeto para o novo aeroporto da Serra, a Secretaria do Planejamento de Caxias do Sul concluiu um estudo sobre o melhor traçado entre Vila Oliva e Gramado. Como apresentado nesta tarde pelo prefeito Adiló Didomenico, a pesquisa recomenda o caminho entre as localidades de Bem-te-vi e de Santa Cruz. O estudo foi feito porque a comunidade desta região pedia a construção de uma via alternativa (por Tunas Altas), com a justificativa de que reduziria em 6 quilômetros o trajeto.
— (O outro trajeto) Tem limitações de questão ambiental e de encosta. O parecer técnico descarta, mantendo o traçado que já havia sido mais ou menos definido, que é Bem-Te-Vi-Santa Cruz. Um pouco mais longo, mas com topografia bem favorável e questão ambiental, que precisa se olhar muito — informa o prefeito Adiló Didomenico.