A prefeitura de Caxias do Sul irá anunciar ações referentes aos pombos da cidade na próxima segunda-feira (29). O tema é polêmico há anos, inclusive com a criação, em 2013, de uma lei que proíbe que a criação e alimentação das aves em vias, praças e prédios da zona urbana. A legislação, contudo, tem pouca fiscalização e nunca impediu a prática.
Por anos, conhecida por muitos no Centro, Idiati Macan Mondin espalhava sacos de milho quebrado pela Praça Dante Alighieri. A defensora das aves morreu em junho, aos 86 anos, mas outras pessoas continuam alimentando os pombos pela cidade.
Um deles é Eduardo Martinelli, 46, que espalha milho no canteiro de duas árvores em frente a sua casa, na Rua Vinte de Setembro, entre a Andrade Neves e a Guia Lopes. Ele relata que alimenta aos menos 150 animais e, para isso, compra sacos de cinco quilos de milho todos dias, gastando uma média de R$ 90 por semana. Ele faz isso há pelo menos cinco meses.
— Eu alimentava os passarinhos, aí começou a aparecer pombas. Tenho pena dos bichinhos. Sei que eles têm fome e, se eu não der (o milho), eles vão comer qualquer porcaria por aí e morrer. E, agora, eles sabem que sou eu quem dá comida, então não tenho coragem de parar — comenta.
Martinelli garante que nunca teve grandes problemas por alimentar os pombos, mas admite que já recebeu reclamações de pedestres que temem que doenças possam ser transmitidas pelos bichos. Para limpar a sujeira no local, o empresário pede a mangueira de um vizinho emprestada e lava a calçada três vezes por semana com escovão:
— Encostar nas fezes, colocar na boca é que pode dar algum problema. Tenho mais medo de pagar covid-19 do ser humano do que doença das pombas. Cuido delas todo esse tempo e nunca deu problema.
Prefeitura encomendou estudo técnico sobre superpopulação
Em junho, a prefeitura encomendou um estudo técnico para mapear a situação das pombas na cidade. A intenção era ter embasamento sobre as possíveis doenças transmitidas e métodos de controle dos animais para decidir sobre medidas de enfrentamento à superpopulação.
O último levantamento das aves foi feito em 2019, quando foram estimadas cerca de 5 mil pombas nos locais de maior concentração: as praças da Bandeira, João Pessoa e Dante Alighieri.
Em 2014. e também em 2018, a prefeitura chegou a anunciar a intenção de remover as pombas dos principais pontos da cidade. As decisões foram combatidas pela Sociedade Amigos dos Animais (Soama), inclusive com medidas judicias, e nunca foram colocadas em prática.
Sobre a lei municipal que proíbe a alimentação das pombas na cidade, a única medida implementada foi a instalação de 10 placas que foram espalhadas pelos pontos de maior incidência.