Quase dois meses após o início do processo de deixar as calçadas da Avenida Júlio de Castilhos, os vendedores ambulantes de Caxias do Sul adaptaram o uso das tendas que receberam para comercializar os produtos em dois pontos localizados nas ruas Dr. Montaury e Marechal Floriano. As estruturas metálicas seguem sendo utilizadas pela maioria dos comerciantes, dentro do espaço demarcado pela prefeitura, mas não acompanham mais a cobertura em azul. Outros vendedores dispensaram a utilização da estrutura e expõem as mercadorias no chão.
A adaptação ao uso inicialmente previsto das tendas, segundo o diretor de Fiscalização da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU), Rodrigo Lazzarotto, não é irregular. O decreto que regulamenta a atividade não detalha o que seriam práticas proibidas nos espaços. O texto menciona que a circulação dos pedestres deve ser garantida, o que ocorre nos dois locais destinados para a venda das mercadorias.
Além disso, segundo ele, o ajuste na organização do espaço, incluindo o fim do distancimento entre os espaços, foi um pedido dos vendedores ambulantes, no início da ocupação, por entenderem que a área das tendas era pequena e poderia representar menos produtos expostos e, consequentemente, menos vendas.
— A extensão e a forma de acomodação das mercadorias foram liberadas porque eles (vendedores) acharam pequenas. Muitas vezes eles não estão nem montando elas, o que a gente (prefeitura) concordou que, de fato, dificultava o processo de venda — reconhece Lazzarotto.
Em relação ao uso de estruturas externas para a exposição das mercadorias, como o caso da utilização das grades de um imóvel para exibição de peças de vestuário, uma prática visível para quem circula na Rua Dr. Montaury, Lazzarotto entende que ela não é adequada. Segundo ele, os vendedores serão orientados a mudarem essa forma de comercialização.
— Mesmo não sendo proibida no decreto (utilização das grades), é melhor que se evite e vamos orientar nesse sentido — afirma.
Lazzarotto afirma que o principal problema enfrentado pelos vendedores ambulantes são os dias de chuva. Dessa forma, a utilização das calçadas da Dr. Montaury e da Marechal Floriano se torna inviável e muitos comerciantes migram para outros locais para se proteger em marquises. Lazzarotto reconhece que outros espaços poderão ser autorizados para que eles utilizem em dias de chuva. Entretanto, a medida deve avançar nas próximas semanas.
Isso porque, segundo o diretor, as lideranças dos vendedores ambulantes não estão na cidade, o que faz com que a interlocução entre o poder público e a categoria fique prejudicada. Um dos representantes retornou para o Senegal e o outro está em viagem e deve retornar no mês que vem.
— É um processo bem delicado. Temos receio que qualquer ação de apreensão e de ser um pouco mais ostensivo no processo de fiscalização, proibindo diretamente, sem passar pelas lideranças, seja agressivo demais. Perdemos essa possibilidade momentânea de contato. Assim que retornarem, estamos estudando outros locais para que eles possam ocupar temporariamente nos dias de chuva e que elimine essa dificuldade que tem sido. É o único ponto negativo até agora — avalia.