O integrante do grupo de pagode caxiense Pura Curtição, Diego do Nascimento Rodrigues, 29 anos, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (1º) em Caxias do Sul. Conhecido como Diegão, ele morreu na noite de terça (31), no Hospital Pompéia, em decorrência de uma leucemia e de um edema no cérebro diagnosticados no último domingo (29). Lembrado como sorridente, alto astral e descrito como muito querido por familiares e fãs, ele era um dos fundadores do grupo, que surgiu em 2009, no bairro Jardelino Ramos, onde Diego nasceu.
Os primeiros sinais de que algo não estava bem e a morte de Diegão ocorreram em um intervalo de quatro dias. A namorada do músico, Nathália Ribeiro da Silva, 25 anos, contou que ele começou a sentir fortes dores de cabeça na última sexta-feira (27), após uma apresentação do grupo em Bento Gonçalves. Preocupado, principalmente após apresentar sangramento pelo nariz e vômito, ele procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central. No local, segundo ela, o músico foi medicado e voltou para casa com os mesmos sintomas.
No sábado (28), pela manhã, após reclamar novamente de fortes dores de cabeça e sangramento, Nathália acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que levou Diego novamente para a UPA Central. A suspeita era de pressão alta, comorbidade que ele tratava com o uso de medicamentos. Foi novamente medicado e retornou para casa pela segunda vez. À noite, alegando não aguentar mais as fortes dores, Nathália decidiu procurar atendimento no hospital Virvi Ramos, onde passou por uma série de exames, incluindo uma tomografia, pagos de forma particular pois ele não tinha plano de saúde. O exame, segundo a namorada, detectou também um edema cerebral.
— Enquanto ele fazia a tomografia, me avisaram que o sangue dele foi diluído e foi visto que o nível de plaquetas estava muito baixo e que ele estava com leucemia — relembra ela.
Com o diagnóstico, Diegão foi encaminhado para o hospital Pompéia, referência no tratamento da doença. No domingo (29), segundo Nathália, os médicos estavam otimistas com a recuperação e o tratamento do músico e aliviaram a preocupação da família. Ele estava consciente e conversando. Disse que amava a namorada. Na segunda (30), os médicos avisaram que o músico precisou ser encaminhado para o centro cirúrgico.
— Ele começou a apresentar um sangramento na cabeça por causa do edema. O médico me avisou que foi uma cirurgia muito complicada e pediu para esperarmos e acompanhar como ele iria reagir. Ele tinha muito sangramento na cabeça, no nariz e na boca, que chegou a estabilizar. Mas na manhã de ontem (terça-feira) me avisaram que as chances de ele sobreviver eram poucas, porque começou a afetar os rins e não tinha mais o que fazer — diz, resignada.
Nathália relembra que, há poucos meses, Diegão relatou estar com um sangramento na gengiva, que é um dos sintomas de leucemia, segundo os médicos que o atenderam. Ela e o músico completariam quatro anos de namoro em novembro deste ano. Se conheceram durante uma festa em que o grupo de pagode se apresentava em Caxias. Para o futuro, o casal tinha planos de ter um filho e morar juntos.
— A gente tinha muitos planos juntos. Planejávamos ter uma nenê e estávamos pensando em alugar um apartamento para a gente viver. Na terça passada, mandei muitos links de apartamentos para ele. Ele sempre dizia que ia ser muito famoso junto com o grupo. Ele era sensacional — conta Nathália.
"Vai fazer muita falta para tanta gente", diz a irmã
A morte do irmão foi mais um momento difícil para Carina Rodrigues, 39. Em abril deste ano, eles perderam o pai por problemas respiratórios — exatamente um dia antes do aniversário de Diegão. Carina conta que a morte do pai também ocorreu de forma muito rápida, já que ele, chamado de Antônio, mas conhecido como Toni, passou mal e faleceu em um intervalo de três dias.
Dez anos mais velha que ele, Carina relembra que sempre ajudou a cuidar do irmão, desde criança até a fase adulta. Diegão estudou na escola São Vicente e, mais tarde, na Luiz Antunes. O gosto pela música, segundo ela, vem de família, já que tios e primos deles também se envolveram com o pagode e o samba. A última vez que ela viu o músico foi no domingo (29) quando ele estava internado no Pompéia.
— Foi tudo muito rápido e novo. O médico achou que ele sabia que tinha leucemia, passou mal e foi para o hospital. Mas descobrimos todos juntos — relata.
Além de Carina e outros quatro irmãos e da namorada, Diegão deixa três filhos: Eduardo, 3 anos, Rafael, 7, e Felipe, 10.
— Ele era muito carismático, sempre contando piada. Se uma pessoa não estava em um dia legal, ele fazia algo que permitia que a pessoa ficasse melhor. Vai fazer muita falta para tanta gente — conta.