Caxias do Sul foi a primeira cidade do interior gaúcho a receber, nesta quarta-feira (6), a visita do novo presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). O anestesiologista Carlos Orlando Sparta de Souza assumiu o órgão em fevereiro e agendou encontros nas maiores cidades para conhecer as demandas da classe médica e intermediar avanços na saúde pública nos municípios. Sparta foi recebido durante a manhã pelo presidente do Sindicato dos Médicos de Caxias, Marlonei Silveira dos Santos, que entregou um documento com prioridades a serem discutidas para a categoria. À tarde, estavam agendadas visitas nos hospitais Geral e Unimed.
O presidente do Cremers chegou a Caxias em meio a um impasse entre o sindicato médico e a prefeitura de Caxias do Sul. Desde o último dia 21 de março, o Executivo lançou um edital para a contratação de médicos para a rede básica municipal. As inscrições seguem até domingo (10). São 22 vagas disponíveis em três diferentes categorias, além da formação de cadastro reserva para esse concurso. Os salários para os cargos de médico são de R$ 4.710,79 para 12 horas semanais; R$ 7.851,30 para 20 horas semanais; e R$ 15.702,59 para 40 horas semanais.
O sindicato local entende que os vencimentos para a carga horária semanal de 20 horas não correspondem ao último piso divulgado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Segundo a entidade, em janeiro, após aplicada a correção de 10,16% do INPC, a base salarial dos profissionais ficou em R$ 17.742,78 pela carga horária semanal de 20 horas.
Sparta reconhece que o salário é um dos meios de atrair os profissionais para o serviço público, mas que esse não é o único fator a ser considerado.
— As dificuldades dos concursos, algumas vezes, são com o salário e em outras não. Entendo que precisamos de uma carreira médica, uma estabilidade, porque o médico faz o concurso e depois mudam a carga horária, regras e isso gera instabilidade. O salário é importante, sim, mas a estabilidade e a carreira como o profissional vai desenvolver ao longo da carreira também são importantes — explica.
O presidente do Cremers disse também que atuará para que os médicos tenham melhores condições de trabalho, pleiteando junto aos municípios que as instalações das unidades estejam adequadas e que isso seja um fator que estimule a permanência no serviço público. Apesar de ainda estar conhecendo a estrutura pública de saúde de Caxias, ele elogiou o serviço, mas reconheceu que há "pequenas exceções”. Entretanto, não quis pontuar quais seriam as demandas.
Os problemas locais, segundo ele, foram apontados em recentes fiscalizações realizadas pelo Cremers. Sparta explicou ainda que esse trabalho de vistorias, feito com corpo técnico especializado, será cada vez mais educativo e não punitivo, buscando ajudar o serviço a ter mais qualidade em vez de buscar o fechamento ou interdição dos espaços.
— Vamos buscar na nossa gestão o orgulho de ser médico. Queremos fiscalizar os hospitais não para punir os médicos e o diretor técnico, mas para dar a estrutura necessária, qualificação do médico e para que o paciente tenha o melhor atendimento possível, seja na rede pública ou na privada — afirma.
Nos próximos meses, Sparta deve ir a Bento Gonçalves, onde fará uma visita ao Hospital Tacchini, além de visitar o Hospital São Roque, em Carlos Barbosa. Além do presidente do Cremers, acompanharam a visita o segundo-secretário do Cremers, Felipe Vasconcelos, e o conselheiro do Departamento de Fiscalização da entidade, Carlos Leonardo Tremea.