O grande momento dos desfiles cênicos musicais da Festa da Uva é a passagem do trio de soberanas, formado nesta edição pela rainha Pricila Zanol e pelas princesas Bianca Fabro Ott e Bruna Mallmann. Centenas de fotos mostram como é a visão do público com a chegada do principal carro na Rua Sinimbu, mas registros de qual é a visão das soberanas durante o desfile são raros ao longo da história.
Pensando nisso, a reportagem do Pioneiro instalou uma câmera no carro de rainha e princesas da Festa da Uva para captar um ângulo até então inédito para a maioria das pessoas: a perspectiva que as soberanas tem de cima do carro alegórico onde elas desfilam por seis quadras na Sinimbu – percurso entre concentração, desfile e dispersão. É como se os leitores pudessem experimentar a sensação de também desfilar no principal momento da apresentação.
A produção tem meia hora (período de tempo que elas desfilam) e foi resumida em um vídeo de pouco mais de seis minutos que mostra como é a chegada do carro rodeado de pérolas em tons de uva na Sinimbu e que leva os principais nomes da Festa da Uva - que se encerra no próximo domingo (6). Devido ao longo vestido e o uso de salto, as soberanas sobem quadro degraus no carro com a ajuda da equipe de apoio. Desde o momento que se posicionam no veículo (rainha fica à frente e princesas se revezam a cada desfile entre quem fica na esquerda ou na direita), ainda na concentração, começam a distribuir acenos para a comunidade.
O comportamento é o mesmo que segue ao longo da Sinimbu, entre as ruas Alfredo Chaves e Dr. Montaury, que é o trajeto oficial da apresentação. Tentativas de interação da comunidade, como elogios, aplausos e adultos com crianças no colo para permitir uma melhor visualização da passagem da corte, também podem ser vistas do alto do carro das soberanas.
O trio gesticula: faz coração com as mãos e também um movimento corporal de reverência quando passa pelas arquibancadas ou ao visualizar figurantes do desfile que se juntaram ao público para ver o restante da apresentação. A possibilidade de elas estarem próximas da comunidade emociona:
— Ver o olhar das crianças me faz lembrar eu no passado assistindo a um desfile, enxergando uma rainha, e agora estando do outro lado. No primeiro desfile, me emocionei muito, subir no carro é uma sensação indescritível. É lindo ver a Sinimbu cheia, iluminada, todo mundo abanando e felizes quando a gente consegue cruzar o olhar com elas. Muitas vezes a gente passa, dá um oi geral, mas tentamos fazer o contato com cada um que está olhando. E é perceptível a alegria delas quando a gente vê, manda um beijo específico para aquela pessoa que está olhando — descreve Pricila Zanol.
A princesa Bianca Fabro Ott lembra que, para ocuparem o posto de atuais soberanas, as três meninas enfrentaram um pré-concurso de 15 meses até serem eleitas e coroadas. O período foi maior que outras edições devido ao adiamento da Festa da Uva de 2021 para 2022.
— Quem está mais perto do carro e consegue falar mais alto, a gente consegue ouvir. São palavras soltas, mas que demonstram o carinho das pessoas. Para mim, o desfile é a coroação desses dois anos em que estamos vivendo a Festa da Uva. Além disso, por causa da pandemia, a gente esteve muito distante das pessoas. E o desfile permite essa conexão, troca de olhares, proximidade, que até então nós não havíamos tido — relata.
Ao longo do trajeto do desfile, elas conseguem identificar pessoas conhecidas. A princesa Bruna Mallmann se emociona ao lembrar do desfile do sábado (26). Naquela data, completaram oito meses da morte da mãe dela, Maria de Lourdes Mallmann.
— Comecei a me emocionar na primeira quadra quando vi três senhoras em uma sacada saudando a gente com lenços nas mãos. Desandei a chorar. Tem também um momento do desfile com um coração na Catedral que, para mim, é muito forte porque a minha mãe morreu com uma parada cardíaca. E chegar nas arquibancadas e ver somente o meu pai (Carlos Alberto) ali é emocionante. Ele acompanha quase todos os desfiles — relata.
Agilidade na saída para a cena final
Ao término do desfile, após a conversão do carro alegórico à esquerda na Rua Dr. Montaury, o trio precisa ser ágil. Como a apresentação tem uma cena final, no alto da Catedral Diocesana, elas descem do carro e são ajudadas pela equipe para fazer um pequeno percurso a pé para acessarem à igreja pela Rua Os Dezoito do Forte e estarem na Catedral o mais depressa possível para que o show possa continuar.
— Muitas vezes as pessoas nos pegam no colo para ser mais rápido. Damos uma corridinha e entramos na Catedral escura, com a ajuda de lanternas e esperamos o momento de a porta abrir para a gente voltar ao desfile — conta Bruna.
A emoção de fazer parte da história da Festa da Uva supera qualquer dificuldade.
— A gente nem sente o cansaço do dia inteiro, nem a dor no pé de usar o salto. A adrenalina é muito grande que não conseguimos sentir essas dores físicas. A gente tenta fazer tudo certo, correr no final para dar tudo certo no espetáculo na Catedral, mas não cansa não — comenta a rainha.
— Gostamos muito de viver o desfile. Se pudéssemos mudar alguma coisa, seria permitir que ele fosse maior, seja envolvendo mais quadras ou com mais tempo de apresentação. Se tivesse cinco horas de desfile, iriamos viver essas cinco horas e muito felizes — conta Bianca.
Do alto da Catedral, devido à iluminação, o trio conta que pouco consegue identificar quem está nas arquibancadas. Mesmo assim, notaram um comportamento diferente ao longo das apresentações: muitas pessoas estão acompanhando rainha e princesas e os demais figurantes na coreografia da música-tema do evento e ajudam a tornar a cena final ainda mais inesquecível.
— Nunca tínhamos visto soberanas dançando no desfile e as pessoas estão gostando dessa coreografia, participando junto dessa inovação proposta neste ano — resume Pricila.
Trio se prepara para retomar carreira profissional
A partir de segunda-feira (7), com o término do evento, rainha e princesas não terão mais compromissos oficiais nos próximos dias. Dessa forma, encerram uma jornada diária de divulgação do evento, que começou a se intensificar em novembro do ano passado e incluiu visitas a 23 municípios da Serra, praias do Litoral Norte, Porto Alegre e Brasília.
Pricila, Bianca e Bruna não devem tirar férias para descansar. Bruna conciliou as atividades profissionais com a agenda da Festa da Uva e conta que estará em sala de aula na segunda de manhã - ela leciona no Sesi. Bianca retomará a carreira de fisioterapeuta, uma vez que a pausa combinada iria até o término do evento. Já a rainha Pricila buscará um novo emprego.
Um dos compromissos para matar a saudade da Festa da Uva nos próximos dias será assistir ao desfile completo, já que durante o evento elas não conseguiram acompanhar a apresentação do início ao fim.
— Acompanhamos alguns vídeos, algumas partes, mas estamos ansiosas para sentar e assistir com calma toda a história do desfile e contemplar o trabalho da equipe envolvida — conta Bianca.
Serviço
- O quê: desfile cênico musical.
- Quando: O último será no sábado, 5 de março. O espetáculo inicia às 20h.
- Trajeto: Rua Sinimbu, esquina com a Rua Alfredo Chaves, até a Rua Dr Montaury.
- Quanto: o desfile é gratuito. Para quem optar em ir nas arquibancadas, o valor do ingresso é R$ 40 e a meia-entrada custa R$ 20.