Aproveitar a 33ª Festa da Uva, em Caxias do Sul, pode ser também sinônimo de solidariedade. Isso porque algumas atrações estão revertendo a verba arrecadada em fundos para projetos sociais desenvolvidos no município. Uma delas é a própria comercialização de uvas, que está registrando alta procura.
Dentre a produção exposta na saída do evento, os recursos obtidos com a venda da Niágara Rosada - mesma variedade distribuída na entrada dos Pavilhões - serão destinados ao Projeto Mão Amiga. A Fundação de Assistência Social (FAS), ligada à prefeitura de Caxias do Sul, também conta com ações em seu benefício, ambas no Centro de Eventos: a experiência em realidade virtual oferecida a partir de R$ 20 pela empresa Real Drive, no Solo de Inovação; e o passeio de trem, em uma réplica da Maria Fumaça, na Praça das Cidades. Esta segunda atração é gratuita, com contribuição espontânea à FAS.
— Está tendo muita procura, somente no domingo foram cerca de 600 caixas, estamos muito felizes. Estamos atendendo pessoas de fora que levam até cinco caixinhas, pra regiões distantes daqui. Estão achando a uva bonita e o preço bom também — contou Rosana Scariot Menegotto, 55, uma das voluntárias que atuam na comercialização do produto.
A variedade oferecida em parceria com o Projeto Mão Amiga está sendo comercializada a R$ 20 a caixa. Na mesma estrutura, também na saída do evento, os visitantes também podem comprar uvas de mesa, das variedades Itália, Rubi, Ribol e Carmem, a preços que variam de R$ 5 a R$ 10 o quilo.
Todas as uvas são produzidas por agricultores de Caxias do Sul, em uma parceria da Festa da Uva com a Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De acordo com o titular da pasta, Rudimar Menegotto, ainda não há um levantamento referente à quantidade vendida, mas, segundo ele, a procura está acima da expectativa.
— Oficialmente o local funciona no mesmo horário da Festa da Uva, mas devido à alta procura já foi fechado antes, por esgotar estoque. No feriadão também houve falta e o espaço abriu um pouco mais tarde porque os produtores estavam colhendo as uvas, já que a gente quer entregar um produto mais fresco também aos visitantes — explicou Menegotto.
Segundo ele, a procura pelo produto acaba ocorrendo em maior escala a partir da saída dos visitantes, que se intensifica a partir da metade da tarde, e que o local foi escolhido tendo em vista que, segundo ele, as pessoas preferem retirar o produto na saída para não precisar carregar sacolas.
Ação em prol dos idosos do campo
Segundo o frei Jaime Bettega, idealizador do Projeto Mão Amiga, o valor arrecadado nesta parceria com a Festa da Uva e a prefeitura de Caxias do Sul será revertido para um projeto voltado à criação de um espaço para acolhimento de agricultores idosos em uma casa que funcionasse de forma semelhante a que eles já estejam acostumados.
— Há um projeto em fase de gestação para termos uma chácara próxima do centro urbano para acolher esse idosos, que poderiam ficar neste local de domingo à noite até sexta-feira à noite, passando o fim de semana com sua respectiva família. A ideia é de um espaço no formato em que o idoso esteja acostumado a viver. Porque quando a família do campo não consegue cuidar de seus idosos acaba entregando pra uma clínica urbana. Tiramos do idoso a possibilidade de estar no local onde sempre viveu, ele se urbaniza, não ouve mais o galo cantar, não tem mais a lida com os animais, os cachorros pra brincar... Por isso estamos nos reunindo com sindicatos e prefeitura, e também cursos de agronomia, para que possamos pensar juntos em como acolher estes idosos — explica o Frei.
O valor arrecadado pelas brincadeiras — passeio de trem e realidade virtual — no Centro de Eventos, a FAS pretende aplicar no programa de Justiça Restaurativa e Círculos de Construção da Paz, nas casas de acolhimento do município. Atualmente, a FAS atende a 15 casas lares e três abrigos que acolhem crianças e adolescentes retirados de suas famílias.