"Quando as mãos se unem, a fé aumenta e a dor diminui". A frase do frei Galileu da Virgem de Nazaré ilustra os objetivos da Fraternidade O Caminho, que desembarcou no final de janeiro em Caxias do Sul para trabalhar na Paróquia São Vicente de Paulo, junto à Pastoral das Pessoas em Situação de Rua, no bairro Jardelino Ramos.
Dedicado desde os 19 anos à vida religiosa, frei Galileu, 34 anos, é responsável pela região Sul e coordena nessa semana o encontro de mais de uma dezena de homens e mulheres da fraternidade, que realizam a evangelização de porta em porta e levantam as necessidades da população de rua no município. Vindos de Porto Alegre, Foz do Iguaçu e até do Paraguai, os freis e as irmãs irão distribuir sopa na noite de quinta-feira (31) na Rua Cristóforo Randon, no bairro Euzébio Beltrão de Queiroz.
— A Diocese de Caxias do Sul nos chamou para somar. Era desde 2018 que a cidade estava na lista para receber a nossa fraternidade que acolhe pessoas, mas tem como maior objetivo a população de rua, que, para nós, são chamados filhos prediletos de Deus — explicou o frei Galileu, que celebrará uma missa às 8h deste sábado para concluir o encontro de frades.
A celebração terá a presença do bispo de Caxias do Sul, Dom José Gislon e ocorre na Igreja São Vicente de Paulo. Em Caxias, permanecerão outros três frades: Pacífico, Francisco e Pietro que, com a ajuda de dois missionários leigos, farão a organização da Hospedagem Solidária, prevista para iniciar em maio, no Salão Paroquial ao lado da Escola São Vicente de Paulo, no bairro Jardelino Ramos.
O grupo chega para a alegria da coordenadora da Pastoral, Maria Teresinha Mandelli, que há anos tentava trazê-los a Caxias e, agora, poderá contar com eles para organizar a Hospedagem Solidária.
— Foi uma bênção pra nossa cidade, não podemos desistir do ser humano. Primeiro temos que ver nosso espaço pra acolher de maneira digna e isso leva um pouco de tempo, para não iniciarmos um trabalho e ter que interromper, mas é um compromisso que temos com a população de rua de nunca os deixar desabrigados nos meses de inverno — afirmou Teresinha, que confirmou o Salão Paroquial São Vicente de Paulo, como sede do projeto desse ano.
Sediada em São Paulo desde a criação em 2001 e vinculada à Diocese de Mogi Mirim, a Fraternidade O Caminho possui 80 casas de acolhimento e está presente em 15 países. Caxias do Sul é a primeira cidade do interior gaúcho a receber uma missão permanente da organização que vem sendo chamada por todo o país devido ao crescimento da população em situação de rua. Para o Frei Galileu, a realidade econômica e a desestrutura familiar têm provocado o aumento de pessoas desabrigadas.
— Alguns deles (moradores em situação de rua), quando chamados à disciplina que a família exige, não querem assumir o compromisso e buscam a liberdade das ruas. Estamos vivendo esse problema em locais onde não havia tanta gente, hoje o que se vê são famílias inteiras, algo que era absurdo há dois anos. É impressionante o cuidado que eles têm conosco, sabem que queremos ajudar —explicou o frei.
Vindo de Foz do Iguaçu para as atividades em Caxias nesta semana, frei Giovani, 25, garante que a cidade tem muito a ganhar com a permanência da fraternidade no município.
—Lá temos uma casa de triagem que os encaminha para a casa terapêutica de reabilitação de drogas. Cada cidade tem um trabalho diferente, mas sempre com o ideal de tirá-los das ruas. Então, aos poucos vai se estruturando. Cada lugar tem o seu grito —definiu.