O clima do outono, em geral mais seco e com grande amplitude térmica ao longo do dia (ou seja, com manhãs e noites frias e tardes quentes), propicia uma série de riscos às defesas do organismo, especialmente às do aparelho respiratório. Espirros, coriza, coceira no nariz, asma e bronquiolite estão entre os sintomas e doenças ganham destaque na estação.
O pneumologista José Miguel Chatkin, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), afirma que os fatores climáticos são decisivos para o aumento dos casos de doenças respiratórias no outono. Isso acontece porque o resfriamento brusco das vias aéreas prejudica o funcionamento das proteções do aparelho respiratório.
— No sistema respiratório, há uma espécie de esteira, o tapete mucociliar, que captura grande parte das impurezas que entram nas vias aéreas. É um mecanismo de defesa eficiente, que filtra impurezas posteriormente expectoradas. Mas esse mecanismo deixa de funcionar bem com essas mudanças bruscas de temperatura — explica.
Nos centros urbanos, costuma ocorrer ainda o fenômeno da inversão térmica, que é potencializado pelo efeito estufa e represa poluentes na camada de ar mais próxima da superfície. Essa configuração, com chuva, aumenta o risco da entrada de agentes nocivos no organismo. Segundo Chatkin, essas partículas podem transportar algum vírus para dentro sistema respiratório – além de, por si só, oferecerem risco à saúde.
Problemas comuns
O sistema respiratório pode ser dividido em duas partes, os tratos superior e inferior. O superior é composto por nariz, seios da face, faringe e laringe, enquanto no inferior estão traqueia, brônquios e pulmões. As doenças da estação podem atingir todo o aparelho, sendo mais perigosas as que afetam as partes interiores do corpo.
Entre as principais moléstias estão gripe e resfriado, inflamações como asma, sinusite e rinite e quadros infecciosos mais graves, como pneumonia. Pacientes com essas enfermidades apresentam sintomas como dificuldade para respirar, tosse, dor na garganta e coriza, que são o alvo do tratamento indicado pelos médicos. Além disso, a falta de ar pode acabar provocando outros problemas, especialmente cardiovasculares.
A importância da vacinação
Duas das doenças mais graves do período podem ser evitadas com a vacinação. O pneumologista Chatkin salienta a importância da imunização contra a gripe – já na disponível na rede privada e com campanha pública se iniciando no dia 4 de abril – e contra a covid-19.
Um cuidado que Chatkin aponta é o de fazer as vacinas contra covid-19 e gripe com um intervalo de alguns dias entre as aplicações. Aconselha-se de uma a duas semanas, para melhor avaliar eventuais efeitos adversos. O pneumologista também recomenda buscar orientações de médicos em caso de dúvidas.
Cinco dicas essenciais
Não fume
O pneumologista salienta que esta é a medida de prevenção mais importante. A fumaça do tabaco diminui a capacidade de defesa do sistema respiratório, isso sem falar dos efeitos do tabagismo a longo prazo.
Evite se expor a mudanças de temperatura
Como esta época do ano tem como característica manhãs e noites mais frias e tardes mais quentes, procure sempre se vestir de acordo com a temperatura, pois a exposição ao frio baixa as defesas do sistema imunológico.
Mantenha os ambientes arejados e evite aglomerações em lugares fechados
Como o coronavírus, todos os vírus que atingem o sistema imunológico encontram facilidade de transmissão em ambientes mal ventilados em que pelo menos uma pessoa está contaminada. Então, evite reuniões em locais fechados.
Dose o uso de ar-condicionado
A permanência prolongada em um ambiente com ar-condicionado pode acabar ressecando as vias aéreas, outro fator que prejudica as defesas do organismo.
Higienize roupas e cobertores guardados
Fique atento ao estado de casacos, mantas, toucas, cobertores e edredons que estão guardados. Peças mofadas, com ácaros e traças, podem desencadear crises alérgicas.
Fonte: José Miguel Chatkin, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Produção: Állisson Santiago