Embora o assunto divida opiniões, em pelo menos duas escolas de Caxias do Sul, o fim e a retomada da obrigatoriedade do uso de máscara para alunos de seis a 12 anos não teve muito impacto na rotina de aulas. Desde o final de fevereiro, um decreto estadual desobrigava a adesão à proteção nesta faixa etária, mas muitos pais seguiram optando que os filhos continuassem adotando o item em sala de aula. Nesta segunda-feira (7), mais uma semana de aulas começou, agora sob a retomada da obrigatoriedade do uso da máscara, porém, na prática, pouca coisa mudou.
— Quando saiu o decreto a gente orientou os professores que, caso os estudantes quisessem tirar, não deveriam obrigá-los a colocar. Alguns até tiravam em alguns momentos, mas, depois, colocavam novamente. A maioria vinha orientada pelos pais a não tirar, e apenas seguem usando normalmente agora — afirma Fabiane Zanettini, diretora do Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer, que atende a mais de mil alunos no bairro Exposição.
Nesta manhã, Luiz Felipe Fortunato Wandscheer, 11, que estuda no 5º ano do Emílio, já desembarcou do carro usando a máscara, seguindo para o portão da escola, onde os estudantes eram recepcionados por duas monitoras. De dentro do carro, o avô dele, Luiz Carlos Wandscheer, 71, afirmou que o neto nunca foi para a escola desprotegido.
— Ele não parou nunca, os pais dele não quiseram que ele parasse. Lá em casa mesmo, ninguém parou — afirmou o avô do Luiz Felipe.
O mesmo comportamento foi constatado entre estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Catulo da Paixão Cearense, no Panazzolo, que, em ambos os turnos, é frequentada por crianças de cinco a 10 anos de idade.
— A gente ficou com bastante dúvida mas aí ligamos pra escola e recebemos também um bilhete que destacava que o uso ainda era recomendado . Então, a escola concordou que nas áreas livres, com distanciamento, não tinha problema nenhum em tirar a máscara. Mas está bem tranquilo, acho que os pais estão bem conscientes — afirmou Sabrina da Silveira Moraes, 37, que mesmo com a flexibilização do decreto, continuou mandando o filho Henrique Moraes da Silva, 10, de máscara para a escola.
— A maioria continuou vindo de máscara. Alguns tiravam no recreio ou na educação física, que são atividades ao ar livre, mas em sala de aula voltavam a usar. O cuidado se manteve presente mesmo que não fosse obrigatório — destacou William Schneider, vice-diretor do turno da manhã na Catulo.
Redes públicas orientam uso, mas aguardam decisão definitiva
Enquanto o processo referente ao uso de máscara ainda corre na Justiça — neste domingo (6), a Procuradoria Geral do Estado (PGE) recorreu da liminar que derrubou o decreto da não-obrigatoriedade — entidades como a 4ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE), que abrange as escolas da rede estadual de Caxias do Sul, seguem o regramento vigente, porém a titular, Viviane Devalle, afirma que não estão sendo aplicadas punições diante do descumprimento.
— A partir da liminar a gente mantém a orientação do uso obrigatório de máscara desta faixa etária, porém entendemos que não seja necessária a punição. Acho que este é um momento de bom senso, vamos aguardar o resultado da liminar— declarou.
A titular da Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Caxias do Sul, afirma que essa instabilidade de regramentos tem gerado uma certa insegurança.
— Este agravo está gerando insegurança em todas as redes, porque fica difícil de criar uma rotina e um hábito nas crianças, além de administrar tudo isso. Entramos em contato ontem (domingo) com as escolas para que continuassem recomendado e oferecendo o uso da máscara - porque temos máscaras disponíveis - mas que não impedissem nenhum estudante de entrar na escola ou assistir às aulas, até porque algumas famílias ainda nem têm conhecimento dessa normativa vigente — relatou Sandra.
Segundo ela, a maioria dos pais de estudantes matriculados junto ao município já vinham mantendo o uso da máscara, uma vez que ele era recomendado, ainda que, sob o decreto, não estivesse mais sendo obrigatório:
— Por enquanto estamos pedindo calma e tranquilidade, orientando as escolas a conversarem, explicarem e orientarem. Esperamos que seja analisado o agravo e dado esse resultado para que possamos orientar de forma definitiva.