Um automóvel invadiu uma tenda de produtos coloniais na manhã desta quarta-feira (30) no quilômetro 22 da RS-452, na localidade de Nova Palmira, em Caxias do Sul. O trecho liga o distrito de Vila Cristina ao município de Bom Princípio. A condutora do veículo foi encaminhada para atendimento no hospital de Feliz. No estabelecimento localizado na rodovia, não havia ninguém no momento do acidente. Proprietária da tenda, a comerciante Vera Lúcia Meuschrank, 59 anos, relata que os casos de imprudência no trecho aumentaram nos últimos anos e pede soluções.
Vera conta que estava trabalhando na plantação da família, por volta das 9h, quando ouviu um forte barulho vindo da rodovia. Quando chegou no local do acidente, ela afirma que se deparou com o automóvel, que invadiu a estrutura do estabelecimento. Antes de atingir a tenda, o veículo também teria colidido em uma árvore, segundo a comerciante.
A condutora do veículo, que é conhecida de Vera e moradora da localidade, foi atendida por uma ambulância de Vale Real e encaminhada para o Hospital Schlatter, de Feliz. Durante o atendimento no local do acidente, ela estava lúcida, conversando, mas bastante assustada com o acidente, segundo o relato da comerciante.
Com o impacto, o estabelecimento ficou parcialmente destruído. O local comercializa verduras e legumes, além de produtos coloniais produzidos por Vera, mas que abre para o público apenas aos sábados e domingos. Por isso, não havia ninguém dentro do local. Além de danos na estrutura, houve perda de produtos, como garrafas de vinho, que se quebraram com a força do impacto.
— A sorte é que não estávamos trabalhando porque certamente nos atingiria também. Fiquei muito assustada com a cena e preocupada com a motorista. Ela estava conversando, me alcançou o telefone para eu avisar a família, mas ela também estava muito pálida e fiquei com medo que fosse desmaiar — relata.
Imprudência maior
A tenda está instalada na rodovia há 10 anos e foi construída inicialmente de madeira. Porém, após ser alvo de furtos, a família investiu na construção de um novo espaço, desta vez com blocos de concreto e reinaugurando o estabelecimento em 2016. Este foi o primeiro acidente envolvendo a tenda, mas era algo que a comerciante temia.
Ela conta que os casos de imprudência na rodovia aumentaram desde 2019, quando um redutor de velocidade que havia no trecho foi retirado. O assunto repercute até mesmo com os clientes que param no local, que se impressionam após acompanhar cenas de veículos com excesso de velocidade e praticando ultrapassagens perigosas, segundo a comerciante. A estrutura da via contribui para esse tipo de comportamento, de acordo com Vera, porque se trata de uma reta de quase um quilômetro de extensão.
— Já vi um carro ultrapassar quatro veículos de uma única vez, correndo muito, e tem também aqueles que usam o acostamento para isso. É de arrepiar. Tenho medo de andar no acostamento. Estamos em uma área rural, mas é comum circular entre uma lavoura e outra — conta.
Vera reivindica um equipamento de controle de velocidade como medida para salvar vidas e evitar acidentes.
— Alguma coisa tem que ser feita aqui se não vai dar acidentes feios. O caso de hoje, na minha tenda, é só mais um, mas não quero que essa rodovia vire um ponto perigoso, que a gente tenha que conviver com acidentes e insegurança. O pardal era muito bom, mas me falaram que era provisório, por isso que retiraram — relata.
A reportagem entrou em contato com o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), responsável pela RS-452, para um posicionamento sobre os redutores de velocidade. Segundo a autarquia, não há solicitações de estudos para futura implantação de dispositivo no local. O Daer reforça ainda que há redutores disponíveis nos quilômetros 5 e 14 da rodovia.