As chuvas registradas nos últimos dias contribuíram para a manutenção do nível de reservatórios de água na região da Serra. Cidades como Nova Petrópolis e Veranópolis, que tomavam medidas preventivas sob os impactos da seca, estão com as barragens operando em capacidade máxima. Em São Sebastião do Caí, a captação de água também foi normalizada em função do aumento do nível do Rio Caí.
Apesar do cenário de estabilidade em relação ao abastecimento, a Companhia Riograndense De Saneamento (Corsan) e o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) reforçam que o período ainda exige cautela redobrada no consumo do recurso. Em Veranópolis, o decreto de racionalização de água publicado no final de dezembro segue vigente:
— Poderemos debater algumas alterações nos próximos dias, mas a estiagem continua, é um fantasma que continua nos assombrando. Estamos apenas no começo do verão, com prognóstico de baixa precipitação, por isso é importante que as pessoas mantenham o consumo consciente de água — alertou Dilnei Duarte, gestor da Corsan de Veranópolis.
No início de janeiro, medidas preventivas precisaram ser adotadas no município diante da redução de nível do Arroio Retiro. Além do decreto, foram realizadas obras na barragem para que a água bruta pudesse ser captada em local mais profundo do arroio. As ações fizeram com que o reservatório, que abastece Veranópolis e Vila Flores, não tivesse redução de nível.
Em Nova Petrópolis, na primeira quinzena de janeiro, o transporte de água chegou a ser feito com uso de caminhão-pipa, sendo suspenso na semana passada. Segundo a prefeitura, a Barragem Santa Isabel, que estava em 32% da capacidade, chegou a passar por obras de desassoreamento, que também foram interrompidas a partir da normalização ocorrida a partir de 15 de janeiro. Atualmente, a barragem está em 100% da capacidade.
— A chuva disponibilizou água nos reservatórios superficiais, então a situação nas cidades da Serra é tranquila. Conseguimos estabelecer critérios de atendimento, como o uso de caminhões-pipa, para mantermos a margem de segurança dos reservatórios. Em Nova Petrópolis isso ocorreu porque vimos o nível do rio baixar muito rápido — explica o superintendente regional da Corsan, Tiago Dellanhese.
Conforme Dellanhese, propriedades agrícolas que dependem de poços próprios para irrigação e outras atividades foram afetadas pela estiagem, mas para consumo humano, nenhum município da área de cobertura solicitou à Corsan abastecimento com água potável a estas localidades.
"Ainda é um volume inconsistente", diz diretor-presidente do Samae
As represas de Caxias do Sul apresentam redução de nível. Conforme dados disponibilizados pelo Samae, que abastece o município, a maior redução recente foi na represa Dal Bó, que opera em 55,85% da capacidade — 9,03% a menos do que no começo do mês, quando estava em 64,88%.
— Tivemos uma redução bastante significativa, principalmente nos últimos 15 dias. As altas temperaturas causam a evaporação da água, e também tivemos baixa umidade relativa do ar, o que aumenta o ressecamento do solo que transporta água para a barragem. O consumo também se eleva. Diante disso, as chuvas garantiram uma pequena manutenção dos níveis, ainda é um volume inconsistente, porque não promoveu a elevação — afirma Gilberto Meletti, diretor-presidente do Samae.
O município mantém vigente o decreto publicado na terça-feira (25) com medidas para racionalizar o uso de água e evitar o risco de desabastecimento. A comunidade deve evitar o uso de água para lavagem de veículos, calçadas ou passeios públicos de prédios comerciais, industriais, públicos e residenciais, além da irrigação de gramados, hortas e jardins e da reposição ou substituição de água em piscinas instaladas em residências, condomínios e clubes. A medida não vale para atividades com uso de água não potável, ou seja, oriunda de fontes alternativas ou de reuso.