O anúncio da revitalização da Praça Dante Marcucci, popularmente conhecida como Praça da Bandeira, em Caxias do Sul, animou comerciantes que mantém estabelecimentos no entorno da área de lazer, em São Pelegrino. A expectativa é de que as melhorias atraiam frequentadores ao espaço e, consequentemente, às lojas. A reforma será viabilizada por meio de uma parceria entre município, Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) e empreendimentos do entorno.
A maior parte de comerciantes e frequentadores ouvidos pela reportagem na manhã desta segunda-feira (20) apontaram precariedade na conservação da praça. Entre os problemas apontados está a falta de manutenção no prédio dos banheiros, cujo beiral está caindo. Além disso, durante boa parte do dia, a praça é ocupada por pessoas que consomem bebida alcoólica.
— Hoje é um lixo, cheio de pomba, fora que está se deteriorando. É uma vergonha uma praça pública assim. Tudo o que vier de bom ajuda o comércio. Tem que consertar as casinhas (dos banheiros), colocar um guarda para cuidar — opina Fernando Heredia, 49 anos, que mantém uma loja de artigos de pesca na Rua Moreira César, em frente à praça.
As pombas também estão entre os problemas apontados por Eliane Lemos, 51, proprietária de uma loja de roupas em frente à praça. Ela acredita que a retirada da estrutura atual dos banheiros e a criação de um espaço para eventos tornaria e área atrativa para a população.
— Hoje ela está horrível, feia, desorganizada. Tem um pessoal que às vezes faz eventos de dança. Já é uma tentativa de atrair público, mas muita gente não para — destaca.
Já a professora aposentada Maria de Fátima Morello, 63 anos, aponta falta de bancos e de pintura do monumento central - que também está sem placa de identificação - como alguns dos problemas do espaço. Ela é moradora das proximidades e costuma passear com o cachorro na praça.
— Poderia ser bem melhor. Já tivemos praças muito melhores. No parquinho para crianças tem cascalhos. Outro dia tinha uma poça da água e o pai precisava esperar a criança embaixo, no escorregador, para ela não molhar os tênis — exemplifica.
Já Maria Amélia de Paulo Pedroso, 34, que mantém desde março uma loja de produtos para alongamento de unhas junto à praça, a situação do espaço não está tão ruim, embora as melhorias sejam bem vindas. Ela afirma verificar equipes da Codeca com frequência no local.
— Quanto mais gente aqui, mais gente conhece a loja. Junta uma coisa com a outra — afirma ao mencionar as expectativas com relação à reforma.
Revitalização foi proposta em 2014
O projeto de revitalização da Praça da Bandeira será elaborado por estudantes e professores do curso de Arquitetura da FSG e será executada pelo município. Para viabilizar as obras, o Centro Universitário, a prefeitura e os empreendimentos parceiros formarão a Associação Praça da Bandeira. A expectativa é de que todos os detalhes do projeto estejam prontos em março, com condições para que o município dê andamento aos trâmites para as obras. A intenção é fazer um resgate histórico pera embasar a nova configuração.
No entanto, esta não é a primeira vez que o município demonstra a intenção de revitalizar a Praça da Bandeira. Em 2014, a prefeitura chegou a anunciar a reforma, mas o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitou estudos arqueológicos da área. A suspeita é de que pudesse haver no subsolo vestígios de tribos caingangue que ocuparam o espaço no passado. A sondagem chegou a ser realizada e não encontrou nenhum objeto histórico.
Em 2015, porém, com o país já em crise econômica, o município suspendeu a reforma por falta de orçamento. Desde então o assunto não foi mais tratado, até a formalização da parceria que vai resultar no novo projeto para o espaço.