Ainda que o projeto de remodelação da Praça Dante Marcucci, mais conhecida como Praça da Bandeira, em Caxias do Sul, não esteja concluído, a prefeitura não poderá executá-lo sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Isso porque o órgão determinou ao município que apresente um estudo arqueológico do subsolo da praça antes de fazer qualquer intervenção no local.
Relatos do historiador João Spadari Adami indicam que tribos de caingangues teriam vivido provisoriamente na região hoje compreendida pelo quadrilátero entre as ruas Olavo Bilac, Ernesto Alves, Feijó Júnior e Marechal Floriano.
- Solicitamos ao município que, antes de iniciar os trabalhos, apresente um projeto de diagnóstico interventivo, elaborado por arqueólogos. Na prática, esse documento vai dizer se realmente existem fragmentos arqueológicos no local e indicam o que será feito para preservá-los. Depois que ele for apresentado e aprovado pelo Iphan, a prefeitura poderá prosseguir com a reforma - explica o superintendente regional do Iphan, Eduardo Hahn.
O secretário municipal de Planejamento, Gilberto Boschetti, recebeu com surpresa a decisão. Atualmente, segundo ele, dois arquitetos da Seplan trabalham na elaboração do projeto da nova praça. Paralelamente, foi realizado um cadastramento dos aparelhos existentes (árvores, monumentos) e acolhidas sugestões de melhorias encaminhadas pela associação de moradores do bairro (Amob) São Pelegrino.
A interferência do Iphan certamente deve impactar no andamento da revitalização da praça, que aguarda por melhorias desde a retirada das bancas do camelódromo e o recente alargamento da Rua Moreira César. Primeiramente, segundo Boschetti, o município teria de contratar um arqueólogo para fazer o estudo, já que esse profissional não existe no quadro de servidores.
- Esse local recebeu um aterro de quatro a cinco metros de altura. Não sabemos se será possível detectar alguma coisa - alega Boschetti.
Em vez de abrir crateras enormes no meio da praça, de acordo com o secretário, a pesquisa arqueológica poderia ser feita com a ajuda de sonares, que ajudariam a mapear possíveis achados arqueológicos.
A Seplan vai encaminhar correspondência ao Iphan para pedir mais informações sobre o processo e analisar como encaminhar o pedido.