Ao longo de vários meses de 2019, ao menos uma parte da população de Caxias do Sul se dedicou a debater o projeto de reforma da Praça Dante Alighieri, apresentado pela prefeitura. Em meio a embates políticos e judiciais, a proposta acabou não avançando. Contudo, outro importante espaço de lazer aguarda há sete anos o andamento de um projeto de revitalização: a Praça da Bandeira, em São Pelegrino.
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A ideia de reformar a área surgiu em 2013, com a transferência do camelódromo. O objetivo era remodelar a praça para proporcionar condições de ser frequentada especialmente à noite. Na época, havia ainda a intenção de alterar o nome para Praça Campo dos Bugres, em referência à ocupação da região por índios caingangues em meados do século 19, antes da imigração italiana. Outra ideia era a implantação de um estacionamento subterrâneo, posteriormente descartada devido às características do solo e para desestimular o trânsito no centro.
Com o registro da presença de índios na região, porém, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitou estudos geológicos para identificar a possível presença de material arqueológico no terreno. O município contratou a análise e o resultado ficou pronto no início de 2015, sem apontar qualquer vestígio.
A partir daí, porém, o projeto não teve mais avanços significativos. Com a crise econômica iniciada em 2015 a proposta, orçada em R$ 1,5 milhão, foi suspensa por corte de gastos. Na época, havia ainda a ideia de buscar parcerias para viabilizar a reforma, em modelo semelhante ao que foi adotado na Praça do Trem, também em São Pelegrino. Ainda assim, não houve continuidade.
De acordo com o secretário do Planejamento, Adivandro Rech, que ocupava a pasta do meio ambiente na época da proposta, o próprio projeto de remodelação não chegou a ser concluído. Sem isso, também não é possível reservar recursos no orçamento.
— Iniciamos em 2016 essa discussão e ainda não estava madura. Não há uma definição do que seria feito — observa.
Rech afirma não saber se houve algum andamento nos últimos anos. De qualquer forma, não há um projeto executivo finalizado que permita licitar a obra ou definir quanto ela vai custar.
— No momento essa questão está parada. Não conseguimos dar andamento em razão do corpo técnico estar com outras demandas, como as obras da Corporação Andina de Fomento (CAF), com asfaltamento de 70 quilômetros de estradas do interior, a construção do aeroporto e dos acessos ao aeroporto — observa.
Apesar disso, o secretário reconhece que o espaço demanda uma remodelação total, mas afirma que a decisão ficará a cargo da próxima administração.
Pombos são o principal problema
Conforme o secretário do Meio Ambiente, Nerio Susin, a sujeira é o principal problema enfrentado atualmente para a conservação da Praça da Bandeira. A idosa que costuma alimentar os pombos da Praça Dante Alighieri também espalha milho em São Pelegrino.
— Os pombos não comem todo aquele milho e isso é um prato cheio para ratos. Aí dizem que todas as praças do mundo têm pombos, mas em todas é proibido dar comida — observa Susin.
O secretário afirma que a praça recebe serviços frequentes de conservação, como varrição e corte da grama e concorda que o espaço precisa de uma remodelação total.
— Vamos dar manutenção até que esse projeto venha.
Luciano Fernandes Moreira, 26 anos, que trabalha com polimento, também defende que o espaço precisa de melhor limpeza, além de segurança mais frequente. Embora costume apenas passar pelo local, no fim da manhã desta segunda-feira (26) ele parou com a mulher e a filha por alguns minutos.
— Poderia dar uma melhorada por causa das crianças, colocar uma areia no lugar brita no parquinho. Os brinquedos estão bem pintados, mas se uma criança cai, se machuca — alerta.
Além da sujeira de pombos em vários pontos da praça, também no fim da manhã desta segunda a reportagem notou dois ratos mortos no espaço. O principal monumento, onde fica a bandeira, também está pichado.