Os moradores de Caxias do Sul podem participar do projeto experimental "Avenida Parque" que pretende transformar a Avenida Júlio de Castilhos para valorizar o pedestre. Essa é mais uma das etapas para tirar a proposta do papel. Em menos de um minuto é possível preencher o questionário e participar da transformação de uma das principais vias da cidade. Basta clicar no link disponibilizado pelo projeto e responder perguntas relacionados a como usa e vê aspectos como mobilidade, segurança e lazer na avenida. A consulta também ocorre de forma física. Foram contabilizadas 400 participações até o momento, 200 em cada modalidade. O prazo para participar da pesquisa é até 5 de dezembro.
Um dos principais problemas no planejamento tradicional é a falta de participação efetiva da comunidade. Por isso, os idealizados pedem que a população vote.
— Quanto maior a amostragem melhor será o resultado. É um tema importante e que diz respeito a todos nós e também uma forma de participar do processo — pondera o arquiteto e urbanista Matias Revello Vazquez, integrante da equipe do Laboratório Urbano.
Ele ressalta que essa é a primeira vez que a cidade fará uma proposta coletiva de transformação no desenho urbano:
— O foco da transformação da Júlio de Castilhos é a população. Temos que melhorar a cidade em que vivemos porque ela é uma extensão da nossa casa. É uma oportunidade de ajudar a transformar o espaço público, de ser ativo nessa mudança e não apenas expectadores. É uma ideia nova e temos que abraçar isso, e aproveitar porque o próprio município foi receptivo a ideia, e isso nem sempre acontece.
O projeto
A ideia do projeto experimental é ocupar os espaços, valorizar os pedestres, incentivar o bem estar, qualidade de vida, caminhadas, passeios, gastronomia, sem perder de vista o valor histórico e cultural de uma das principais vias de Caxias do Sul. Para isso, o projeto pretende restringir o acesso de veículos em determinados trechos, colocando pedestres e ciclistas como protagonistas da via. A avenida corta Caxias do Sul, conectando uma ponta a outra da cidade. Por ela, há acesso às perimetrais, à BR-116 e à RS-122. Como exemplos há a conhecida Rua Coberta de Gramado e, um pouco mais distante, a Rua Florida, localizada em Buenos Aires, na Argentina.
— A rua é um espaço de encontro, para passear, onde há o comércio para atrair as pessoas e quanto mais se ocupa a rua maior a sensação de segurança. Podemos consolidar a Avenida Júlio de Castilhos como um parque — acrescenta o arquiteto.
Durante os meses em que a ação for realizada, os idealizadores vão fazer uma pesquisa com a população para saber como está a aceitação e para avaliar uma futura implantação do modelo de Avenida Parque. A preparação para implantar o modelo de planejamento, chamado urbanismo tático, começou em outubro com palestras e encontros online.
Depois dos questionários as próximas etapas serão:
1. Aprofundar estes estudos junto aos técnicos da STMM e da Seplan.
2. Fazer uma coletiva de imprensa com os dados levantados apresentando a ideia como um todo.
3. Desenvolver as soluções que serão implementadas de forma temporária na Júlio junto a comunidade.
4. Fazer apresentações públicas.
5. Buscar patrocinadores.
6. Implementar o protótipo.
7. Monitorar os resultados.
8. Propor ajustes.
ENTENDA
:: A proposta pretende transformar uma das vias da Avenida Júlio de Castilhos, em algumas quadras, em um parque para pedestres.
:: O tráfego de veículos não será totalmente proibido. Será permitida a passagem de forma pontual, como situações de cargas e descargas, por exemplo.
:: Durante dois meses, a comunidade irá utilizar a avenida desta forma. Paralelamente, serão desenvolvidas pesquisas para avaliar o resultado da ação e validar a implementação futura.
:: O projeto é articulado pelo grupo Laboratório Urbano, em parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade e o Centro Universitário da Serra Gaúcha.
Relembre
Parte da Avenida Júlio de Castilhos já foi dedicada somente à circulação de pedestres. O antigo calçadão de Caxias foi mantido entre o fim da década de 1970 até 2003, quando houve a remodelação da Praça Dante Alighieri.