Um projeto experimental, que tem apoio da prefeitura de Caxias do Sul, pretende transformar parte da Avenida Júlio de Castilhos nos próximos meses. Ainda em fase de discussão e troca de ideias, a ação denominada "Avenida Parque" deseja restringir o acesso de veículos em determinados trechos, colocando pedestres e ciclistas como protagonistas da via, a exemplo da tradicional Rua Coberta de Gramado e, um pouco mais distante, da Rua Florida, localizada em Buenos Aires, na Argentina.
Mas, antes de executar a ação, os idealizadores da proposta pretendem ouvir e discutir soluções com a comunidade. Duas das três ações previstas ocorrem neste sábado. Pela manhã, será realizado um workshop para convidados no Centro de Cultura Ordovás. À tarde, das 14h às 18h, ocorre uma videoconferência aberta ao público para discussão sobre o assunto (veja abaixo como participar, pois as vagas são limitadas).
— Existe uma vocação histórica da Júlio como uma rua comercial. É uma avenida que tem trânsito lento, canteiro no meio, arborização. Então, por si só ela já apresenta uma série de características que podemos explorar, evidenciar e aproveitar. Outro ponto é que a cidade tem um binário de transporte de alto fluxo, que é a Sinimbu, em um sentido, e a Pinheiro Machado, em outro. Posto isso, nos ocorre o seguinte questionamento: por que não melhoramos a nossa cidade, transformando (parte da avenida) em uma área de lazer, priorizando o pedestre e o ciclista? — questiona o arquiteto e urbanista Matias Revello Vazquez, integrante da equipe do Laboratório Urbano, que articula a ação, em parceria com o Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) e a prefeitura de Caxias.
O trecho da via, bem como as quadras, que participará do experimento, com tráfego restrito, só será definido após esta etapa inicial de conversa com a comunidade e com entidades. A ideia é que a iniciativa seja colocada em prática a partir de novembro, com duração de dois meses. A intervenção faz parte de uma proposta chamada de Urbanismo Tático, que prevê soluções rápidas e a baixo custo para melhorar o desenho de um espaço público, testando a aceitação da comunidade.
— Vai ser uma experiência. Vamos pegar um trecho, de duas a três quadras e restringir o acesso de veículos, mas não proibir. A ideia é priorizar o pedestre. Desta forma, a gente quer ver como as pessoas vivenciam isso — explica o arquiteto.
Durante os meses em que a ação for realizada, os idealizadores vão fazer uma pesquisa com a população para saber como está a aceitação e para avaliar uma futura implantação do modelo de Avenida Parque. A metodologia ainda não está definida.
Experimento terá participação de alunos
Três alunos bolsistas do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) vão se envolver nos trabalhos. Eles atuarão na construção da proposta a partir do diagnóstico colhido na comunidade neste fim de semana, na elaboração do projeto em si e na fase de pesquisa, como investigadores, indo a campo.
— Essa ação fica dentro da ideia de levar a Academia para fora da faculdade. É bem a vida real, tanto o aluno participando, como a comunidade vendo o que a Academia pode fazer. É uma troca — afirma a professora Taísa Festugato, que participa do projeto juntamente com as docentes Giovana Santini e Daniela Fastofski.
ENTENDA
:: A proposta pretende transformar uma das vias da Avenida Júlio de Castilhos, em algumas quadras, em um parque para pedestres.
:: O tráfego de veículos não será totalmente proibido. Será permitida a passagem de forma pontual, como situações de cargas e descargas, por exemplo.
:: Durante dois meses, a comunidade irá utilizar a avenida desta forma. Paralelamente, serão desenvolvidas pesquisas para avaliar o resultado da ação e validar a implementação futura.
:: Antes de definir qual das vias e as quadras que participarão do estudo, os idealizadores do projeto promoverão dois workshops para discussão com a comunidade. O primeiro é um evento fechado para convidados na manhã deste sábado. À tarde, de forma online, qualquer pessoa pode participar gratuitamente de uma videoconferência, que também tratará sobre o assunto. Para participar, é necessário se inscrever pelo link https://bit.ly/3B1EIYZ. As vagas são limitadas.
:: O projeto é articulado pelo grupo Laboratório Urbano, em parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade e o Centro Universitário da Serra Gaúcha.
Relembre
Parte da Avenida Júlio de Castilhos já foi dedicada somente à circulação de pedestres. O antigo calçadão de Caxias foi mantido entre o fim da década de 1970 até 2003, quando houve a remodelação da Praça Dante Alighieri.