Transformar a Avenida Júlio de Castilhos, ocupar os espaços, valorizar os pedestres, incentivar o bem estar, qualidade de vida, caminhadas, passeios, gastronomia, sem perder de vista o valor histórico e cultural de uma das principais vias de Caxias do Sul. Essa a intenção do projeto experimental "Avenida Parque", que começou a ganhar vida neste sábado (2) na cidade. A ideia é restringir o acesso de veículos em determinados trechos, colocando pedestres e ciclistas como protagonistas da via. Como exemplos há a conhecida Rua Coberta de Gramado e, um pouco mais distante, a Rua Florida, localizada em Buenos Aires, na Argentina. Durante os meses em que a ação for realizada, os idealizadores vão fazer uma pesquisa com a população para saber como está a aceitação e para avaliar uma futura implantação do modelo de Avenida Parque.
A preparação para a implantar o modelo de planejamento chamado urbanismo tático iniciou na sexta-feira (1º) com a palestra do PhD Daniel Orellana. Ele apresentou uma pesquisa da Universidade de Cuenca, Equador, feita no laboratório Llactalab. As atividades seguiram com um workshop on-line chamado Júlio, Avenida Parque. O encontro contou com a presença de convidados no Centro de Cultura Ordovás. Já à tarde ocorreu uma videoconferência aberta ao público para trocar ideias sobre o assunto.
— O processo que estamos desenvolvendo usa como metodologia a ideia de imersão, ideação, implementação e monitoramento. Tivemos a participação de diversas entidades que representam diferentes grupos da sociedade além de secretarias do governo. Com isso conseguimos com as dinâmicas ter um bom primeiro apanhado da visão que se tem da avenida e das potencialidades — conta o arquiteto e urbanista Matias Revello Vazquez, integrante da equipe do Laboratório Urbano, que articula a ação, em parceria com o Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) e a prefeitura de Caxias.
foram analisados os seguintes aspectos: segurança, mobilidade, comércio, lazer, infraestrutura, identidade e turismo. À tarde foi desenvolvido um workshop mais técnico, com os professores e alunos da FSG do curso de Arquitetura e Urbanismo. O encontro começou com a análise do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Arquiteto Felipe Cassini, que tinha como tema a Avenida Júlio de Castilhos:
— A partir desse material e da análise das respostas, montamos uma análise Swot (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) e estamos estudando quadra a quadra, desde a Feijó Júnior até a Alfredo Chaves, bem como os pontos positivos e negativos de cada trecho — afirma Vazquez.
A participação, segundo ele, foi menor do que o esperado, já que pessoas que estavam inscritas não se conectaram para trocar ideias. O arquiteto destaca, no entanto, que estão previstas outras rodadas.
As próximas etapas serão:
1. Entrevistar lojistas, moradores da região e pedestres, assim como monitorar as atividades por meio de indicadores para definir critérios claros. Este trabalho será feito com os bolsistas da FSG.
2. Aprofundar estes estudos junto aos técnicos da STMM e da Seplan.
3. Fazer uma coletiva de imprensa com os dados levantados apresentando a ideia como um todo.
4. Desenvolver as soluções que serão implementadas de forma temporária na Júlio junto a comunidade.
5. Fazer apresentações públicas.
6. Buscar patrocinadores
7. Implementar o protótipo.
8. Monitorar os resultados.
9. Propor ajustes.
O trecho da via, bem como as quadras, que participará do experimento, com tráfego restrito, só será definido após a conversa com a comunidade e com entidades. A ideia é que a iniciativa seja colocada em prática a partir de novembro, com duração de dois meses.
ENTENDA
:: A proposta pretende transformar uma das vias da Avenida Júlio de Castilhos, em algumas quadras, em um parque para pedestres.
:: O tráfego de veículos não será totalmente proibido. Será permitida a passagem de forma pontual, como situações de cargas e descargas, por exemplo.
:: Durante dois meses, a comunidade irá utilizar a avenida desta forma. Paralelamente, serão desenvolvidas pesquisas para avaliar o resultado da ação e validar a implementação futura.
:: O projeto é articulado pelo grupo Laboratório Urbano, em parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade e o Centro Universitário da Serra Gaúcha.
Relembre
Parte da Avenida Júlio de Castilhos já foi dedicada somente à circulação de pedestres. O antigo calçadão de Caxias foi mantido entre o fim da década de 1970 até 2003, quando houve a remodelação da Praça Dante Alighieri