De volta à Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul, em meados de setembro, o ônibus da Guarda Municipal (GM) deve ficar no local até o início do ano que vem, pelo menos. A estimativa é da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, diante da realização da Feira do Livro, que ocorre de 6 de novembro a 12 de dezembro, e a proximidade do período natalino, que costuma gerar maior movimentação na área central.
A medida foi tomada depois que o busto do Duque de Caxias foi furtado da área, em 17 de agosto, e que um vídeo de um carro andando sobre a calçada e atravessando a praça passou a circular em redes sociais no dia 13 de setembro.
Na avaliação das autoridades, a presença do ônibus nestes mais de 40 dias tem gerado impacto positivo, não só para coibir crimes, como também no sentido de integrar a corporação à comunidade. Um exemplo citado pelo secretário Paulo Roberto Rosa da Silva é a iniciativa de tornar a praça um ponto de aplicação das vacinas contra a covid-19 desde o último dia 5.
— Só veio a trazer benefícios, porque a Guarda atua para coibir os crimes contra o patrimônio e as demais situações, e ainda dá cobertura junto às enfermeiras no ponto de vacinação — aponta o secretário.
Em termos de segurança, em um intervalo de dois dias, há cerca de duas semanas, agentes atuaram em dois crimes no espaço público. O primeiro caso ocorreu no dia 15, quando um homem de 53 anos foi flagrado pelos servidores abusando sexualmente de uma mulher de 31 anos que estava inconsciente. Já no dia 17, uma mulher solicitou ajuda aos agentes que ficam na praça. Ela foi acompanhada pelos servidores até o apartamento, na região central, onde o companheiro portava uma faca e fazia ameaças contra a vítima. A GM não repassou dados específicos do Centro, mas relata que já realizou 110 prisões em toda a cidade desde o início do ano.
Embora destaque os pontos positivos da utilização do veículo, o secretário reconhece que o ônibus da Guarda ainda carece de manutenções para funcionar na sua totalidade.
— Já é um ônibus que não é muito novo e, com o movimento, acaba ficando sensível, temos algumas situações que já estão em processo para conserto — resume o titular da pasta.
Efetivo de, no mínimo, oito servidores para manter o ponto de monitoramento
Para funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, o ônibus necessita de um efetivo de, no mínimo, oito servidores, que se revezam em duplas em dois turnos de 12 horas diárias, conforme explica o diretor da GM, Alex Oliveira Kulman. Ao todo, a GM tem 154 servidores, divididos em quatro escalas.
— Fora o ônibus, com a proximidade da Feira do Livro e do período natalino, vamos dar prioridade com as viaturas, girando e dando apoio aos colegas que estão no ônibus. Essa intensificação na área central já está no nosso cronograma — garante o diretor.
Moradores e comerciantes opinam sobre o impacto da presença do veículo no Centro
Entre a população, a opinião sobre a presença do ônibus na praça não é unanimidade. Para o comerciante Tiago Goulart, que trabalha na Avenida Júlio de Castilhos, o veículo representa apenas uma falsa sensação de segurança:
— Pelo que acompanho, ele está ali apenas para dar uma sensação de segurança, porque não vejo os guardas circulando. Tem vários casos de briga que a gente vê — comenta.
Por outro lado, o vendedor Valdemir José Schimitt, 62, garante que a permanência do veículo ajuda a afastar pessoas mal-intencionadas. Ele trabalha em uma loja de eletrodomésticos localizada na frente da praça.
— Na minha opinião, transmite mais segurança, sim. Ajuda bastante. Estou há 21 anos aqui nesse ponto, já vi várias fases da praça. Só acho que ela teria que ser mais cuidada (no sentido de limpeza e manutenção) — observa Schimitt, que diz que nesse período nunca foi alvo de criminosos.
A jornalista Rachel Zilio, 42, mora no entorno da praça e corrobora com a opinião do vendedor. Ela recorda que era comum a presença de carros estacionados com som alto em frente a Catedral Diocesana, durante a madrugada, o que tirava o sossego dos moradores.
— Desde que a Guarda Municipal retornou à praça, é nítida a mudança para melhor. Como moradora do entorno, costumava circular a pé pelo Centro e nos últimos tempos me sentia bastante insegura. Mas, nos últimos dias, já senti uma grande diferença. A iluminação noturna da praça também melhorou e, somada a presença do efetivo, proporciona que possamos voltar a admirar e viver o Centro em sua integridade e beleza. É o coração da cidade, e para que nosso órgão vital funcione bem, é necessário que seja cuidado com a atenção que merece — diz a jornalista.