A possibilidade de liberação da pista de dança em eventos infantis, de entretenimento e sociais a partir de 1º de outubro foi comemorada, com cautela, pelo setor em Caxias do Sul. O anúncio da intenção foi feito pelo governo do Estado na noite de quarta-feira (1º). Contudo, para que a medida se torne realidade é necessário que o Rio Grande do Sul mantenha o cenário que teve em agosto em relação à pandemia.
Segundo apuração das estatísticas feita pelo Gabinete de Crise estadual, agosto foi o mês com o menor registro de óbitos em decorrência da covid-19, desde junho do ano passado. Os dados também indicaram que o número de internados suspeitos ou confirmados com a doença, em leitos clínicos e de UTI, retomou tendência de queda, acentuando o ritmo de redução na última semana e demonstrando a eficiência da vacinação.
Em entrevista ao programa Atualidade da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (2), o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, explicou que a decisão final sobre a liberação virá do monitoramento dos dados em setembro:
— A pista de dança não está liberada imediatamente. Estamos dando a expectativa à sociedade de que, tudo correndo da maneira como está, não havendo uma alteração negativa nesse cenário da pandemia, para 1º de outubro estaríamos liberando a pista de dança em eventos infantis, sociais e de entretenimento, com teto de 150 pessoas no protocolo variável, podendo chegar a até 350 pessoas, caso seja assim decidido e autorizado pelas regiões —revela.
O vice-governador disse ainda que mesmo que se confirme a liberação, o uso da máscara seguirá sendo obrigatório na pista de dança.
Setor de eventos torce pela liberação
Os cerimonialistas de Caxias lembram que o fim desta restrição é muito aguardado tanto pelos profissionais, quanto pelos clientes, já que esse era o principal motivo de adiamentos ou cancelamentos de eventos. Mas, que a cautela é justificada, porque, além de o setor ter sido um dos mais afetados pelas restrições geradas pela pandemia, esse segmento específico, que inclui as casamentos, formaturas, aniversários de 15 anos e festas infantis ainda mais impactado. Isso porque as pessoas optavam por não realizar o evento por entenderem que não fazia sentido a comemoração sem a pista de dança.
— Muita gente estava aguardando esse anúncio para, de fato, retomar o evento tão sonhado. Pessoas que não querem fazer apenas um jantar. Para quem trabalha diretamente na área, que são muitos profissionais, de diversos segmentos, é fantástico, porque dependemos disso e é algo que gostamos muito de fazer. Claro que queremos manter a segurança, obviamente, não queremos prejudicar ninguém, pelo contrário, queremos manter a segurança e todos saudáveis, mas se tudo está indo bem, as pessoas estão se vacinando e o governo acha prudente, apoiamos, com certeza — justifica a cerimonialista Carla Lisboa que se aperfeiçoou na realização de eventos infantis durante a pandemia.
Uso da máscara na pista de dança
Ainda há uma grande expectativa no setor. Primeiro, os promotores de eventos querem verificar na prática se haverá mesmo o fim dessa restrição e, segundo, se as pessoas vão querer realizar suas festas com o dever de utilizar a máscara na pista de dança.
— Foi um ano e pouco mantendo-se um negócio esperando para cumprir os contratos que, hoje, praticamente, não existem mais (em função das desistências após diversos adiamentos). As pessoas ligavam querendo fazer festas e não sabíamos o que dizer quanto as datas. Agora, estamos em um novo momento, pensando: "Será que vai acontecer?" Passamos mais de um ano dando explicações, contemporizando e acalmando as famílias. Então, não vou oferecer nada aos futuros clientes antes de ter certeza — ponderou Carla Barcellos, sócia de escola de dança e de casa de eventos.
Os profissionais concordam que o uso da máscara na pista é uma necessidade para a segurança.
— É o que estávamos aguardando desde o início. Ainda terão questões protocolares. Vai ter uma instrução e vamos ter que controlar. As pessoas vão poder ir para a pista de dança com máscara. Para beber, voltam para a mesa e tiram (o acessório). Não vai poder ter circulação de bebidas na pista. Isso vai ser definido pelos organizadores dos eventos. Eu vou primar por isso pela questão de segurança. É um cuidado que vou ter — comenta o cerimonialista Rogério Aver Pizzolatto.
Luz no final do túnel
Por sua vez, a cerimonialista Patrícia Mallmann comentou que os clientes com eventos marcados para os próximos meses estavam esperando essa definição. Ela diz que 'acordou' eles com essa notícia desta quinta.
— Estávamos em um período de muita incerteza para os eventos no segundo semestre, se os clientes iriam aguardar mais um pouco, se iriam ter novas remarcações. Para o setor de eventos foi uma super notícia. Porque a pista de dança ainda era um fator muito decisivo para o cliente, algo do qual ele não queria abrir mão. Essa possibilidade, mantendo os protocolos, é, realmente a luz no fim do túnel que estávamos esperando.
Uma das clientes sobre a qual Patrícia falou é Rafaela da Silva, 31 anos. Ela e o Eduardo Rosati, 33, casaram no civil em maio deste ano. A cerimônia religiosa e a festa do casamento estão agendados para o dia 23 de outubro.
— Acordei era umas 7h e pouco e umas três pessoas de três grupos diferentes (de whats) já tinham mandado mensagem. Estamos muito felizes, porque contávamos muito com a pista de dança, mas estávamos apreensivos. Chegamos a cogitar remarcar por causa disso. Estou eufórica, muito empolgada — relatou Rafaela.
Decreto municipal
A prefeitura de Caxias disse que vai aguardar a publicação do decreto estadual sobre o assunto e, depois, a manifestação da Associação dos Municípios da Encosta Superior Nordeste (Amesne). A entidade falou que também aguarda o decreto para consultar os prefeitos da região. Segundo o governo estadual, a publicação deve ocorrer entre esta sexta-feira (3) e o final de semana. Nesta nova normativa ainda não estará incluída a liberação da pista de dança para casas noturnas, de shows e espetáculos.