Nos últimos meses, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Caldas Júnior, em Caxias do Sul, vem se destacando nacionalmente com conquistas de alunos em olimpíadas científicas, como as de Astronomia e Astronáutica (OBA), de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), de Ciências (ONC) e na Olimpíada Brasileira de Química Júnior (OBQJr).
Em 2020, os estudantes já tinham levado quatro medalhas de bronze e uma menção honrosa na 23ª OBA, competição que contou com a participação de mais de 200 mil alunos de todo o Brasil. Da ONC, trouxeram para Caxias uma medalha de ouro e menção honrosa. Neste ano, na Olimpíada Brasileira de Astronomia, realizada em maio e disputada por mais de 901 mil estudantes, a escola teve três premiados: Matheus Augusto Linck de Moraes e Mariana Bibiano Coelho de Souza receberam medalha de ouro e Isabelle Blaser Gouvêa distinção de prata.
Segundo o vice-diretor do turno da tarde, Vagner Zulianelo, a Caldas Júnior tem a função de identificar oportunidades de desenvolver as habilidades dos alunos e, por isso, não hesita em incentivá-los a competir de forma saudável.
— Não é uma ação individual, é algo sério, engajado. Nós sempre trabalhamos como um tripé: uma parceria que acontece entre a escola, família e professores. O diferencial é essa caminhada conjunta, o resultado de um trabalho desenvolvido desde a educação infantil até os anos finais — diz.
O vice-diretor ressalta que a escola não possui nenhum tipo de programa específico de preparação dos alunos.
— A educação pública vem sendo tão massacrada, então esse é um alerta para as escolas olharem para si e perceberem que têm potencial — salienta.
Nesse ano, a escola participou da OBA, da OBMEP, da ONC e da OBQJr. Na OBA, o estudante Matheus Augusto Linck de Moraes, 15 anos, foi destaque ouro por obter nota superior a nove na competição. Em julho, ele foi pré-selecionado para participar das seletivas para as Olimpíadas Internacionais de Astronomia de 2022, que se ocorrerão deste mês até março do ano que vem. Passando desta etapa, o estudante ficará entre os 40 melhores em astronomia no Brasil.
— Eu sempre gostei de astronomia, sempre tive essa paixão pelo espaço. Observo o céu e penso sobre as coisas novas que podem ser aprendidas. Decidi participar das olimpíadas, principalmente, para aprender mais —conta o estudante.
Matheus conta que foi a mãe, Sônia Inês Linck de Moraes, professora de química, que o incentivou a participar das olimpíadas. Além disso, o incentivo dos professores também foi fundamental, segundo o jovem, que sonha em ser astrofísico. Por isso, acredita que as competições têm sido um passo importante para alcançar esse sonho:
— Me dá um certo nervosismo participar de eventos com tantas pessoas que podem ter mais conhecimento, mas eu também procuro esquecer que estou competindo e pensar que estou indo lá para aprender.
Também neste ano, 14 estudantes da escola foram classificados para a segunda fase da 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que ocorre em novembro. Conforme Vania Regina Adami Menegolla, professora de Ciências da Natureza da Caldas Júnior, o trabalho da escola é de incentivar e despertar o gosto dos alunos pelo conhecimento.
— É importante a gente incentivar porque é uma forma de vivenciar e experimentar desafios, além de tomar gosto pela ciência. Eles contam com o incentivo de todos e isso levou a esse bom desempenho — acredita Vania.
A professora também não esconde o orgulho ao ver os esforços da escola, que trabalha sempre junto com os pais:
— É muito satisfatório ver os alunos conseguindo esses resultados. É isso que gratifica ser professor, quando a gente vê as sementinhas plantadas dando frutos. Os alunos têm habilidades na ciência, nas artes, nos esportes, na escrita, é só dar oportunidade e isso vai aparecendo.
Além da OBA e da OBMEP, a escola aguarda os resultados da segunda fase da Olimpíada Nacional de Ciências (ONC), realizada no dia 3 de setembro. A Caldas Júnior também, neste ano, se destacou na Olimpíada Brasileira de Química Júnior (OBQJr) sendo a única escola da rede pública de Caxias do Sul com representantes na segunda fase que ocorre na próxima sexta (17) e sábado (18). A estudante Mariana Bibiano Coelho de Souza, que conquistou medalha de ouro em 2020 na ONC e está classificada para a segunda fase da OBQJr, juntamente com Matheus, aponta que as olimpíadas são uma oportunidade para o futuro.
— Tem sido uma trajetória muito boa, diferente. Elas me ajudam muito em tudo, tanto nos estudos, quanto no currículo — analisa.
Prestes a completar 15 anos, Mariana conta que sempre gostou de ciências e esse gosto ganhou ainda mais força quando a mãe teve câncer. Depois de vê-la sendo curada, a jovem sonha em ser médica neurocirurgiã.
— Como são poucos alunos de escola pública que participam e conseguem ganhar, então serve de inspiração para as outras pessoas. Eu estou saindo da escola nesse ano, mas espero ter deixado um legado e ter inspirado os alunos mais novos a continuarem participando e prestigiando o colégio — deseja ela.