Os alunos de escolas estaduais de Farroupilha, principalmente do período noturno, estão enfrentando dificuldades em frequentar as aulas presenciais por conta da falta de transporte. Esse é o caso dos estudantes do Colégio Estadual Farroupilha e do Colégio Estadual São Tiago, onde, mesmo com a possibilidade de retornar às aulas presenciais, um grande número de estudantes continua nas aulas remotas devido às dificuldades em se locomover.
De acordo com a diretora do Colégio São Tiago, Eglai de Souza, nenhuma turma do período noturno retornou presencialmente, pois os estudantes não conseguem retornar para casa após a aula.
— O fato foi comunicado à 4ª Coordenadora Regional de Educação (CRE) no momento em que as aulas presenciais foram suspensas no turno da noite, pois o número de alunos no presencial estava muito pequeno. Ao falar com os alunos, o fato se dava pela falta de transporte para o retorno para casa às 22h40min — afirma.
Já nos turnos da manhã e da tarde, as aulas são presenciais, cinco dias por semana, desde o dia 16 de agosto. Cerca de 90% dos alunos optaram por essa modalidade ao invés do ensino remoto, que continua sendo oferecido.
— Foram enfrentados problemas com o transporte. Nos informaram que retornaria assim que as aulas voltassem, mas isso não ocorreu. Muitos alunos que antes pegavam um ônibus para ir e um para voltar, precisaram pegar dois ônibus para vir e dois para voltar. O combinado era que a empresa iria se adequar e, pelo que vi, desde ontem começou a normalizar. Estão se organizando para que os alunos não tenham de trocar de ônibus no centro — ressalta.
Outra questão levantada pela diretora é que no horário da saída é preciso acompanhar os estudantes até o outro lado da rodovia para eles pegarem o transporte, sendo que antes os ônibus entravam no pátio da escola, esperavam o sinal de saída e os alunos embarcavam com segurança.
No Colégio Farroupilha, segundo a diretora Elezita Ferrari, são atingidos cerca de 60 alunos do turno da noite. Isso porque o ônibus vai até as 20h e a aula inicia às 19h e termina às 23h.
— Depois do término da aula, esses alunos precisam de cerca de 40 minutos de deslocamento. Acaba ficando muito tarde levando em conta que eles trabalham durante o dia. E também tem a questão da segurança em caminhar na rua nesse horário. A falta de transporte acaba atrapalhando, muitos ficam nas aulas remotas e outros acabam saindo mais cedo — explica.
Por conta da falta de transporte há uma baixa de cerca de 50% no número de alunos nas aulas à noite. Nos períodos da manhã e da tarde, segundo Elezita, o transporte funciona com maior fluxo.
A aula retornou totalmente presencial no dia 23 de agosto e foi então que os alunos começaram a se manifestar sobre a deficiência no transporte. Por isso, foi feito um levantamento do quantitativo de estudantes que precisam do serviço.
O que diz a prefeitura e a CRE
Segundo a secretária de Educação de Farroupilha, Luciana Zanfeliz, antes do dia 23 de agosto, quando as aulas presenciais aconteciam três vezes durante a semana, a empresa de transporte tinha dificuldades de prestar o serviço, pois havia desajustes de horários. Porém, a partir do dia em que as aulas voltaram a ser presenciais, de segunda a sexta-feira, a empresa está ajustando os horários a fim de que todos possam ir para a escola.
— Foi ajustado com a empresa que até esta quarta-feira (1º) é para estar tudo normal no diurno. No período noturno, poucos alunos estavam cadastrados no transporte. Porém, as escolas ficaram de fazer uma relação, vão passar para a empresa e, assim que tiver a atualização cadastral dos alunos, o transporte começa a passar à noite.
A coordenadora da 4ª Coordenaria Regional de Educação (CRE), Viviane Devalle, ressalta que não foi comunicada sobre o fato de os alunos não estarem frequentando as aulas pela falta de transporte.
— Possivelmente, falaram diretamente com as direções das escolas. Pelo o que eu sei, havia um problema com a empresa transportadora, que não estava conseguindo conciliar horários. Estive em Farroupilha no início desta semana, conversei com a secretária e me parece que tudo já está alinhado — destaca.
A coordenadora pede paciência às famílias, pois com as trocas do ensino remoto para o presencial, a solicitação do transporte demora até voltar a ser disponibilizado ao aluno. É preciso avisar a empresa para que ela programe o roteiro, levando em consideração que as demais escolas estão envolvidas também.
O transporte de alunos de escolas estaduais é realizado por meio de um convênio que o Estado tem com a rede municipal. São repassados recursos para o transporte, mas quem faz a gestão e a licitação é a secretaria municipal de Educação.