As escolas da rede municipal e particular de Caxias do Sul têm até esta quarta-feira (1º) para apresentar à prefeitura seus planos de contingência reformulados, com base na redução do distanciamento mínimo entre alunos determinado pelo Governo do Estado. A redução de 1,5 para 1 metro de distanciamento permite que as escolas recebam mais estudantes em sala de aula, desde que tenham o protocolo aprovado pelo Centro de Operação de Emergência em Saúde para a Educação, o COE Municipal. Com mais alunos em sala de aula também é possível o fim do escalonamento em alguns educandários que já tenham apresentado os novos planos ao município. O novo protocolo não exclui a alternativa do aluno permanecer estudando em casa.
— Ainda não temos um número consolidado, mas a maioria das escolas vai conseguir ampliar consideravelmente o número de estudantes no ensino presencial. Cada escola fez o plano conforme sua realidade, visando em primeiro lugar garantir as condições sanitárias exigidas — afirma a secretária municipal de Educação de Caxias do Sul, Sandra Negrini.
Ela explica que a orientação para escolas municipais e da rede particular partiu da Secretaria Municipal de Educação (Smed), após a publicação da Portaria Conjunta da Secretaria Estadual da Saúde e Secretaria Estadual de Educação nº 02/2021, de 21 de agosto, que orienta as medidas a serem adotadas pelos educandários, considerando regramento do decreto publicado no início de agosto.
— É uma medida que entra neste movimento da presencialidade com segurança nas escolas. Somos parceiros tanto da Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul), quanto do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que têm defendido a importância da criança estar na escola, não só pelo fator da aprendizagem, mas da depressão e uma série de outros problemas desenvolvidos. A interação é fundamental para as crianças e os jovens — complementa a secretária.
Ampliação possibilita fim do escalonamento
Escolas que apresentaram planos de contingência ao longo da semana já estão com nova rotina na cidade. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Caldas Júnior, que atende a 603 estudantes no bairro Petrópolis, o escalonamento — revezamento quinzenal de estudantes no modelo presencial — foi abolido nesta quarta-feira (1º).
— Ainda temos famílias que optaram por manter o estudante em casa, isso não muda, mas para quem está vindo presencial, agora conseguimos atender todos os dias, cumprindo o distanciamento exigido. Antes, as salas comportavam em média 11 estudantes e agora algumas chegam a comportar até 30 alunos — relata o diretor da Caldas Júnior, Tiago Scopel.
Segundo ele, até a terça-feira (31), quando o plano de contingência de 1,5 metro de distanciamento era seguido e os alunos revezavam-se a cada semana, cada turno contava com uma média de 80 a 90 estudantes. No turno da manhã desta quarta, sob novo regramento, subiu para 185 o número de alunos presentes.
Em adaptação ao novo formato, a escola manteve o escalonamento de horários para entrada e saída da escola, a fim de evitar aglomerações. Pelo mesmo motivo, as turmas permanecem sem intervalo coletivo, saindo da sala apenas para ir ao banheiro de forma individual, ou ao refeitório, que atende cada turma em um horário com a preservação do distanciamento de dois metros estipulados pela regra estadual.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), algumas escolas da rede municipal já conseguiam dar conta de 100% dos estudantes de forma presencial antes da redução do distanciamento, como na EMEF Dezenove de Abril e EMEF Cidade Nova, por exemplo.
Na rede particular também já registrava-se continuidade no formato presencial em locais como a Rede Caminhos do Saber, que desde a retomada no início de 2021 não precisou adotar o escalonamento.
— Voltamos no início do ano com 84% de adesão ao presencial e não foi necessário escalonamento por conta do espaço. Hoje chegamos a mais de 95% de alunos atendidos na escola sem rodízio e mantemos as aulas síncronas online para aqueles que optam por permanecer em casa — relata a diretora pedagógica da Rede Caminhos do Saber, Carina Scheneider.
No Colégio São José, o vice-diretor Jorge Godoy estima que menos de 5% dos 1,9 mil alunos ainda permaneçam no ensino remoto. A instituição adotou a redução de distanciamento em meados de agosto, após a liberação estadual.
— Hoje, estamos com a possibilidade de todos os alunos participarem de forma 100% presencial. Nenhuma das nossas turmas precisa de rodízio no momento. Mas, sempre lembrando, que a presencialidade é uma opção da família e as aulas ainda acontecem de forma síncrona para os alunos que optarem por ficar em casa — relata o vice-diretor.
Rede estadual aderiu mudança na semana passada, mas nem todas escolas estão aptas
Nas escolas da rede estadual, a maior ocupação das salas de aula foi liberada na semana passada, após a publicação da portaria do governo do Estado.
Embora a aproximação esteja permitida por decreto, nem todas as instituições estaduais estão aptas para aderirem à mudança, segundo a coordenadora adjunta da 4ª CRE, Stela Maris Paim Lemos Costa. A situação ocorre em escolas que servem a merenda na sala de aula, por não ter refeitório ou porque o espaço dedicado ao lanche não tem tamanho adequado. Segundo o protocolo do governo do RS, refeitórios ou locais de alimentação devem garantir distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas.
— Essas escolas não podem mudar o distanciamento para um metro porque têm o momento de alimentação. Estamos recebendo reclamações de alguns pais perguntando o porquê na escola do filho não mudaram o distanciamento. Daí vamos a fundo e descobrimos que naquela escola a merenda é servida na sala, então, não podemos mudar para um metro porque em algum momento eles (alunos) vão tirar a máscara para comer — explica Stela, reforçando que esses casos são minoria.
Sindiserv se reuniu com a Smed para alinhar demandas
Para a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) de Caxias do Sul, Silvana Piroli, há diversos fatores a serem analisados na diminuição do distanciamento nas salas de aula da rede municipal. Ela observa que a decisão pode representar, de certa forma, um alívio na sobrecarga dos professores, que tiveram que estar muito mais disponíveis desde o início da pandemia. Mas, por outro lado, há a necessidade de que os protocolos sanitários sejam cumpridos de forma ainda mais rigorosa para garantir a saúde de todos.
Em reunião nesta quarta-feira, com a Secretaria Municipal da Educação, algumas demandas foram pontuadas, segundo Silvana:
— Várias estratégias terão que ser pensadas para atender bem os alunos e com segurança. Temos orientado sobre o distanciamento, a ventilação. É preciso que tenhamos condições de higienização para que se cumpram os protocolos e que também se respeite a carga horária do professor. Nós esperamos que com isso não se agrave a pandemia. E, com qualquer mudança da condição sanitária, esperamos que haja mudança de comportamento para que, em primeiro lugar, se preserve a vida — analisa a presidente do Sindiserv.