Na manhã de quarta-feira (11), o gabinete de crise esteve reunido na prefeitura de Caxias de Sul. O tema central do encontro foi a adequação das regras municipais ao decreto estadual (nº 56.025), publicado na segunda-feira (9) — e também o da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne). Com isso, o município passa a adotar novas flexibilizações nos mais diversos segmentos. Mesmo com várias alterações, a fiscalização promete aumentar o cerco no intuito de coibir excessos.
Mesmo antes do novo decreto regional, alguns bares e restaurantes já estavam abrindo espaço para apresentações de música ao vivo. A partir de agora, conforme o regramento municipal, esses espaços devem limitar o público a no máximo 70% da capacidade, sendo todos sentados. Música ao vivo é permitido, mas desde que não prejudique a comunicação.
Já as boates ou bailes, não podem ter presença de público acima de 150 pessoas, independente do ambiente. E, segundo o decreto não está permitido dançar. Apesar disso, vários são os registros de locais funcionando normalmente, inclusive com aglomerações ao lado de fora. Além de festas clandestinas, em comunidades do interior da cidade.
De acordo com o Rodrigo Lazzarotto, diretor de fiscalização da prefeitura de Caxias do Sul, o cenário noturno é um dos que mais demanda atenção dos agentes e, assim seguirá, com o intuito de coibir cenas como as descritas anteriormente.
— Estamos fazendo vistorias nesses locais todos os finais de semana e constatando as irregularidades, estamos notificando e multando. Isso seguirá sendo realizado, não há nenhuma dúvida disso — promete Lazzarotto.
Com relação às festas em igreja nas comunidades, reivindicação antiga de alguns setores, o diretor de fiscalização revela que serão realizados eventos testes para verificar como funionarão os protocolos.
— Vai ser com o mesmo no limite dos restaurantes, não tem como ir além. É apenas uma caracterização,150 pessoas para termos uma dimensão do funcionamento — revela.
Sobre as aglomerações e a falta de uso de máscaras em parques, Lazzarotto afirma que é preciso conscientizar as pessoas.
— A fiscalização faz as vistorias, mas está difícil de pegar. As pessoas estão sem máscaras e quando chegamos perto, elas colocam. Já aplicamos mais de 1.500 multas em festas, parques e outros locais, mas é preciso ter conscientização. Ficamos presos à boa vontade das pessoas — lamenta.
Com relação aos supermercados e shoppings, seguem proibidas aglomerações e deve ser adotada a prática de controle do acesso. Segundo o responsável da vigilância sanitária, a fiscalização com uma força tarefa seguirá sendo realizada para conter possíveis abusos e desleixos por parte da população.
Novo regramento às atividades esportivas
O novo decreto também autorizou o uso de vestiários em academias e clubes, assim como a prática de esportes coletivos, algo que já estava sendo recorrente em vários espaços da cidade. O que ainda segue proibido, exceto caso ocorra autorizações especiais, são torneios, como revela Rodrigo Zardo, diretor técnico da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
— As atividades esportivas estão permitidas e devem seguir as portarias. Já competições, é preciso uma autorização. Já temos vários pedidos e acredito que aumente mais — revela.
De acordo com Zardo seguirá sendo preciso apresentar um plano de contingência com os cuidados como uso de máscara, álcool gel, profissional de educação responsável. E a fiscalização seguirá acontecendo.
Setor pressionava para a reabertura oficial
A abertura de vestiários com uso de chuveiros era uma demanda de representantes do setor, que já solicitaram a mudança tanto à prefeitura quanto ao governo do estado. O principal problema de pessoas que fazem atividades físicas antes de ir para o trabalho era exatamente não poder tomar banho, como explica o educador físico Jean de Brito, 26 anos:
— Nosso público vem antes de trabalhar e então precisa dos chuveiros para tomar banho. Eu diria que já vemos o retorno gradativo de 50% dos que haviam desistido — afirmou o profissional, que atua em academia.
A educadora física Camila Rossi Fassbinder, 34, lembra da baixa na adesão aos treinos logo que houve a proibição dos vestiários, ainda em 2020.
— Agora que voltou, a rotina está de reestabelecendo. Muitos deixaram de vir porque precisavam voltar para casa para tomar banho — citou.
Mobilização nos clubes
Uma das entidades que mais se mobilizou para que os vestiários fossem reabertos com liberação de chuveiros foi o clube social Recreio da Juventude, que conta com 19 mil associados. O presidente do Recreio da Juventude, Paulo Marchioro, destaca que o clube seguirá atento para evitar aglomerações.
— Já havíamos feito o pedido por meio de ofício e graças a Deus, conquistamos. Nesse tempo todo, seguimos as regras rigorosamente — ressalta.
Em relação às churrasqueiras, na sede campestre, a liberação fica garantida pelo protocolo da Amesne, que estipula a abertura de áreas comuns e de lazer como salão de festa e churrasqueiras com ocupação de 1 pessoa para cada 4 m². As informações são confirmadas por Rodrigo Zardo.
Escolas poderão ter novas regras
As alterações fazem com que a comunidade escolar espere mudanças no distanciamento mínimo dentro das salas de aula. A nova regra, entretanto, ainda será divulgada. De acordo com a secretária municipal de Educação, Sandra Negrini, haverá uma portaria conjunta das secretarias estaduais de Educação e Saúde.
— Ainda estamos no aguardo, a previsão é de que seja publicada na quarta-feira. As escolas devem aguardar a nova portaria para fazer qualquer modificação em seus planos de contingência. — explica Sandra.
Transporte público em 90%
O novo protocolo de Caxias do Sul também deverá trazer alteração para ocupação do transporte coletivo, que subirá dos atuais 75% para 90%.
— Até agora nunca se chegou ao máximo. Medimos na semana passada e o limite ficou entre 65% e 70%. A demanda está satisfatória e não tem dado excesso — garante Sandra.