No Dia dos Pais do ano passado, o Almanaque convidou quatro rapazes que eram pais recentes, ou que estavam prestes a receber seus primogênitos, para cada um escrever uma carta aos seus filhos. A reportagem procurou novamente os dois caxienses que à época ainda aguardavam o nascimento dos bebês e pediu para eles contarem como tem sido a experiência da primeira paternidade.
Eliseu Grigion, 32, pai da Eliana, que irá completar um ano no próximo dia 19, havia recebido o teste positivo para Covid-19 no dia em que estavam marcadas as fotos para a reportagem, que não puderam ser feitas.Com a filha prestes a nascer, foi uma corrida contra o ciclo do vírus para poder acompanhar o parto da esposa, Ana Cleia, 29. Como nas melhores comédias românticas, a angústia seguiu até o fim:
– Foram dias difíceis, porque na época se sabia pouco sobre os riscos de uma mulher grávida pegar o vírus. Depois de fazer o teste e negativar, minha esposa teve de ir para o apartamento dos meus avós, enquanto eu cumpri o isolamento. Para aumentar o drama, a Eliana, que deveria chegar só dia 4 de setembro, resolveu nascer mais cedo. Não pude ajudar nos preparativos e a mãe já estava no hospital enquanto eu aguardava o teste negativo, ligando para o laboratório o dia inteiro. Mas deu tudo certo e consegui viver esse momento único – recorda o supervisor de produção.
Passada a aventura inicial, o pai de primeira viagem curte cada momento junto com a pequena, que já consegue dar seus primeiros passinhos, ainda escorada. Tendo ele mesmo superado o receio e o medo que por anos o impedia de encarar a paternidade, a mensagem que nada há a temer:
– Por eu ter sido filho de um casal separado e não ter tido presença paterna no meu crescimento, isso me dava muito medo de que nunca estaria preparado para poder ser um bom pai. Foram 14 anos de casamento com receio de viver essa experiência. Mas hoje posso dizer que filhos são uma dádiva divina, que só chegam para ensinar, acrescentar e trazer felicidade. Nossas vidas mudam, mas passamos a viver com um uma alegria que não cabe no peito e nem dá para explicar.
NO EMBALO DO CAETANO
Se o período da pandemia foi especialmente complicado para o músico e trabalhador do setor de eventos Fábio Kalifa, o dia a dia com o filho Caetano fez valer a pena cada minuto passado na casa que divide com a esposa, a instrutora de pilates Luciana Marcon.
Como Luciana também é musicista, a música é moradora da casa, sempre presente no cotidiano. E o pai conta que Caetano já demonstra interesse e aptidão pela arte, algo que, por óbvio, o deixa todo babão e orgulhoso.
– Ele é um carinha incrível, súper pra frente. Toca tambor, violãozinho de brinquedo, e não se contenta em ouvir a gente tocando: tem que pegar algum instrumento e fazer barulho junto. Não é nada que a gente precisou forçar, nem papo de “filho de peixe”. É algo dele. Embora também role algumas músicas infantis, o que deixa ele feliz mesmo é ouvir Gonzaguinha, Maria Bethânia e Bob Marley – conta Kalifa.
O casal também incentiva a alimentação saudável, e Kalifa conta que o pequeno come legumes, sem reclamar. Passado o período mais difícil da pandemia, agora os pais estimulam o contato com a natureza, para que aos poucos Caetano descubra o mundo e passe a amá-lo como seu:
– A gente tenta passar para ele tudo o que a vida tem de bom e parte disso é o respeito pela natureza, pelas pessoas. Vejo que ele é uma criança muito segura de si.
A mesma segurança que Caetano já demonstra em seus 11 meses de vida, Fábio diz já ter alcançado como pai. Não se trata de achar que sabe tudo, mas de acreditar no instinto.
– A gente só precisa estar disposto a aprender. Fui pai aos 45 anos, não estava programando, mas todo o processo tem sido muito natural. Um filho é a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa – atesta.