Um antigo desejo da comunidade de Caxias do Sul está próximo de sair do papel. A ideia é estabelecer aqui uma unidade do Colégio Tiradentes, mantido pela Brigada Militar (BM), em convênio com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). O estudo de viabilidade diz ser possível contemplar duas turmas com 30 alunos cada já em 2022. Como há uma série de etapas que precisam ser cumpridas internamente, os entes do Governo do Estado evitam divulgar detalhes do projeto. Uma das possibilidades é que o colégio militar seja instalado na Escola Estadual Dante Marcucci, no bairro Cinquentenário.
Nesta semana, o Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO Serra) entrou em contato com os policiais militares da região para verificar quem teria interesse de matricular os filhos nessas possíveis turmas.
— É tradicional que um percentual desses jovens seja oriundo do nosso quadro. Também avaliamos as condições da região em fornecer PMs para subsistência do colégio. Há uma demanda de policiamento pesada, não podemos simplesmente tirar policiais das ruas. Procuramos por servidores que tenham perfil e até PMs que foram para reserva recentemente, o que evitaria perder estes ativos. Acreditamos que, em no máximo em uma semana, enviaremos estas respostas ao Comando-Geral (da BM) — relata o coronel Alexandre Brite, comandante do CRPO Serra.
A instalação de um Colégio Tiradentes na maior cidade da Serra é uma possibilidade desde 2010, quando a governadora Yeda Crusius (PSDB) autorizou a abertura. Conhecido pelo excelente rendimento dos alunos, que se destacam em competições escolares e em vestibulares, a tradicional instituição da Capital ganhava unidades em Passo Fundo, Santa Maria, São Gabriel, Santo Ângelo e Ijuí. O projeto de Caxias do Sul, contudo, travou na escolha de um endereço e foi esquecido com o tempo.
A possibilidade foi revivida pelo vereador Alexandre Bortoluz (PP), o Bortola, que buscou apoio dos presidentes das comissões de Educação da Assembleia, do deputado Carlos Búrigo (MDB), e da Câmara de Caxias, por meio do vereador Adriano Bressan (PTB).
— Desde 2017 tentamos esta pauta, mas precisava ter uma maior interesse do Governo do Estado. O decreto é de 2010, mas o interesse se perdeu e nossa cidade também não se movimentou a respeito. Ficou parado. Queremos reunir todos os esforços para que realmente saia do papel. Seria um grande avanço para a cidade, afinal estamos falando de um colégio que está entre os melhores índices de Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Brasil — destaca o vereador Bortoluz.
BM administra, parte pedagógica é com a 4ª CRE
A iniciativa ganhou força em agosto e foi bem-recebida pela BM e Seduc. A BM é responsável pela parte administrativa do Colégio, com um oficial diretor e outros PMs na equipe. A parte pedagógica é da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
— Quando estão fora da sala de aula, os alunos frequentam rotinas militares. Eles marcham, cantam, homenageiam símbolos nacionais e outras rotinas que temos dentro do quartel e estimulam este espírito militar. Na sala de aula, é um ensino médio normal. Os professores recebem jovens bastante motivados que querem sair em nível competitivo para um vestibular, muitos buscando uma universidade federal — comenta o coronel Brite, que foi aluno do Colégio Tiradentes de Porto Alegre e o primeiro comandante do Colégio Tiradentes de Santo Ângelo.
O CRPO Serra aguarda pela indicação da Seduc sobre um prédio para receber o novo colégio militar. A estrutura passará por uma avaliação dos policiais antes de uma decisão. É consenso que este prédio já existe na cidade e não deverá ser necessária uma reforma.
— O plano A é ser cedido pela Seduc. Temos alguns prédios em perspectiva, mas foi pedido que seja mantido em sigilo. São estruturas praticamente prontas em áreas boas da cidade. A intenção de todos é ter o colégio já em 2022, mas sabemos como é a morosidade da administração pública. O processo até esta andando bem rápido, mas é difícil confirmar — afirma o vereador Bortoluz.
Escolha pela Dante Marcucci ainda não é confirmada
Inicialmente, foi citada a escolha da estrutura da Escola Estadual Dante Marcucci para se tornar o colégio militar, mas esta informação não é confirmada oficialmente.
— Pode ser doado ou um prédio cedido. Pode ser um prédio de uma escola que já existe. Alguma escola que esteja subutilizada, mas isto não é da minha competência, e sim das forças vivas de Caxias. O que importa é ser definitivamente destinado à BM e atender os pré-requisitos que o Conselho de Educação prevê. Não é uma questão simples — aponta o comandante do CRPO Serra.
O Colégio Tiradentes possui um processo seletivo, com prova intelectual e exame físico, que precisa ser feito ainda neste segundo semestre. A expectativa é que sejam abertas duas turmas de primeiro ano do Ensino Médio, com 30 alunos cada. Desta forma, em 2024, a instituição teria um ciclo completo com seis turmas e 240 estudantes.
Procurada pela reportagem, a 4ª CRE não quis comentar sobre a possibilidade de instalação do colégio militar em Caxias do Sul.