Dois funcionários e o diretor da clínica Longevo, em Veranópolis, foram indiciados em inquérito concluído pela Polícia Civil nesta terça-feira (13). Segundo informações da polícia, dois funcionários do lar de idosos (os nomes não foram divulgados) trabalharam mesmo estando positivados para a covid-19. Conforme a polícia, o fato aconteceu "com a ciência e anuência do diretor-técnico, enfermeiro de formação". O nome da clínica foi confirmado pelo prefeito do município, Waldemar De Carli. Segundo ele, cinco pacientes morreram após um surto registrado no início de junho.
Os três investigados foram indiciados nos termos do artigo 268 do Código Penal por infringirem determinação do poder público destinada a impedir propagação de doença contagiosa. A pena prevista é de detenção de um mês a um ano, além de multa. Consta no Código Penal, ainda, que a pena é aumentada em um terço caso o agente seja funcionário da saúde pública ou exerça a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, que é o caso de um dos indiciados.
O delegado responsável pelo caso, Tiago Baldin, afirma que durante uma das visitas de fiscalização da vigilância municipal à clínica, dois funcionários tentaram fugir do local pulando o muro da instituição.
— Há uma notícia-crime e relatórios, além de um vídeo que mostra duas pessoas pulando o muro. Ouvimos muitas pessoas e chegamos à conclusão de indiciamento. Não sabemos se a direção estava ciente do episódio do muro, mas sabia que os funcionários estavam positivados — disse.
Questionado sobre o inquérito prever que as mortes dos idosos que estavam na Longevo tenham sido ocasionadas pelo surto, o delegado Baldin afirma que este fato ainda está em análise.
— O que sabemos é que houve surto na instituição. Com tantos funcionários positivados, de onde os pacientes pegariam? Mas esta é uma possibilidade e não um fato por enquanto — adiantou.
O prefeito espera que os envolvidos sejam responsabilizados:
— A prefeitura foi à clínica Longevo e fez a testagem das pessoas. Depois disso, foi feito um boletim de ocorrência na Polícia Civil porque a secretaria da saúde constatou irregularidades. Havia pessoas positivadas que não cumpriram a quarentena. Agora, o maior problema é pensar que faleceram cinco pessoas. Todos foram para o hospital praticamente um seguido do outro. Todos foram positivados a partir do exame PCR.
A clínica particular Longevo registrou um surto de covid-19 em junho, quando 18 pacientes testaram positivo para a doença e 14 funcionários foram afastados do trabalho. Mesmo com os esquemas vacinais completos de todos os cerca de 25 idosos do estabelecimento, cinco mortes aconteceram, de acordo com De Carli. A informação do prefeito é de que as vítimas do contágio tinham entre 86 e 96 anos, sendo três homens e duas mulheres.
O responsável técnico da clínica, Elisandro Greff, diz que muitas informações repassadas pela prefeitura e pela polícia não procedem. No entanto, questionado sobre o que consta no inquérito, apenas resume:
— Temos laudos dos exames dos funcionários negativados.
A análise do inquérito ficará a cargo do Ministério Público.