Em agosto, a campanha Todos pelo Geral, do Hospital Geral de Caxias do Sul, completa um ano. Nesse período, pessoas físicas e empresas doaram quantias variadas, que vão dos R$ 0,01 até mais de R$ 900 mil. Muitas doações são anônimas e a maioria das pessoas não preenchem todos os dados do cadastro. Mas, para o diretor da instituição, Sandro Junqueira, o importante é que eles têm em comum a ligação e o carinho com o hospital.
— O perfil dos doadores é diverso. Tem pessoas que doam R$ 10, R$ 50 e aqueles que doam R$ 10 mil. É bem variado. E muitos de forma anônima. O que move as pessoas a doarem dentro da sua possibilidade é esse sentimento carinhoso que elas têm pelo hospital. Desde a abertura, em 1998, elas valorizam e querem ajudar — comenta Junqueira.
Cristiane Damo, 35 anos, começou a fazer doações mensais a partir de janeiro, de R$ 20. Ela atua como auxiliar de arquivo no Instituto de Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e diz que são diversos os motivos que a levam a contribuir. Entre eles, os relatos de que o HG presta atendimento público e de qualidade para moradores de toda a região.
— Tento fazer alguma doação quando consigo. O Hospital Geral é um dos hospitais públicos mais importantes da região. Passo frequentemente (em frente) e vejo carros de prefeituras de vários municípios. Então, ele tem ação bem importante de atendimento. Além disso, tem muitos pacientes da oncologia. Se é possível ajudar, cada um no seu limite, ele expande Caxias do Sul, tem uma abrangência maior. E a saúde pública, neste ano, mais do que nunca, demonstrou o quanto é importante e que precisa estar forte no nosso país. Mesmo que eu não use agora, pode ser que um dia precise. E, de qualquer forma, qualquer pessoa tem que ter esse acesso. Se pudermos dar uma força, às vezes é um apoio até simbólico, para mostrar que nos importamos que esse hospital exista e esteja atuando — declarou Cristiane.
Para Robson Schumacher da Silva, 30 anos, que é eletromecânico no Setor de Manutenção do HG, a relação com a instituição vai além do trabalho. O hospital já atendeu a um familiar em um momento de necessidade. O irmão dele teve sintomas gripais, ele desconfiou que poderia ser covid-19 e levou-o para assistência. A doença não se confirmou, mas a equipe prestou todo o atendimento. Ele ficou agradecido e doou o que podia para colaborar com a campanha, R$ 30:
— Pensei em ajudar o próximo, as pessoas que estão precisando. Foi uma quantidade pequena, mas o que deu para fazer no momento.
Ajudar o outro no que é possível também foi o que motivou o Restaurante Boccaccio, do bairro Pio X, a fazer doações mensais de R$ 250 à campanha desde outubro do ano passado. Há, ainda, um vínculo profissional, já que há integrantes da família que atuam no local. A matriarca, com 101 anos, exerce a caridade confeccionando peças de roupas em tecido, tricô e crochê para doar ao hospital. Segundo um dos responsáveis pela empresa, que prefere não ter o nome divulgado, infelizmente as dificuldades da pandemia e a redução de movimento causada pelo período de férias talvez afetem as próximas doações.
— Não sabemos se vamos continuar nos próximos meses, mas a gente doa para ajudar o próximo, o hospital. É algo certo que sabemos para onde vai (o dinheiro) — comentou o responsável.
Quando o pai do Gustavo Canevese, 36 anos, morreu, neste ano, ele, a irmã e o primo que, juntos, administram o negócio, resolveram continuar o exemplo dele de ajudar as pessoas. A empresa, Móveis Sular, que fica no bairro Sagrada Família, fez uma doação em mobiliário hospitalar e de uma quantia em dinheiro de R$ 6 mil.
— Meu pai era muito caridoso. Seria da vontade e do agrado dele ajudar. Como o Hospital Geral é público, decidimos fazer a doação — disse Gustavo.
A campanha segue
A campanha Todos pelo Geral foi lançada em 2020, com o objetivo de arrecadar R$ 37 milhões necessários para conclusão da ampliação do complexo hospitalar que atende 49 municípios da região 100% pelo Sistema Único de Saúde. Foram alcançados cerca de R$ 22 milhões – parte deles, R$ 11,7 milhões, em doações diretas, conforme o marcador do site do projeto, e outra parte em emendas parlamentares. O governo do Estado fará um repasse de R$ 15 milhões anunciado em 25 de junho. Com o montante, a expectativa é finalizar a parte interna do prédio anexo entre dezembro deste ano e março do ano que vem. O projeto foi iniciado em 2014 e suspenso em janeiro de 2017 por falta de recursos. A obra vai ampliar em 118 o número de leitos, alcançando 355 em UTI e internação, e aumentar em 60% a capacidade assistencial do hospital.
Com a liberação da verba estadual, prevista para agosto, a campanha seguirá, mas o dinheiro arrecadado será destinado para a construção de uma subestação de energia elétrica, a reforma do pronto-socorro, do setor de imagem, cozinha e centro obstétrico. O valor orçado é de R$ 15 milhões. O processo de compra dos equipamentos está em andamento.
— O plano diretor do hospital prevê a conclusão deste anexo e, depois, a reforma de algumas unidades do atual prédio, que vão ter que suportar o crescimento do hospital. Vamos repaginar a campanha — explicou Sandro Junqueira.
Na semana que vem, será feita uma prestação de contas às entidades parceiras e diretoria do que foi arrecadado e investido até o momento.