Em tom descontraído, enquanto o diretor do Hospital Geral de Caxias, Sandro Junqueira, listava a disponibilidade e a carência de recursos para conclusão da ampliação e equipagem das obras de ampliação da instituição, o governador Eduardo Leite (PSDB), em agenda em Caxias, foi direto:
— Se recurso não fosse problema, em quanto tempo a obra seria concluída?
Desprevenido, Junqueira estimou que os trabalhos poderiam ser finalizados em um ano. Logo após a apresentação institucional de Junqueira, o presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs), José Quadros dos Santos, provocou:
— Sandro disse um ano, mas vou dizer para o senhor que se o Estado se comprometer a aportar recursos, até o final do ano o senhor vai vir inaugurar aqui. Vamos dar um jeito.
E após ser informado da necessidade de R$ 15 milhões — R$ 10 milhões para a obra e R$ 5 para equipagem — para a conclusão dos trabalhos, Leite anunciou:
— Estado tem condição de aportar os R$ 15 milhões necessários para a conclusão da obra. Vamos garantir suficiente valor para que essa obra seja concluída, entregue e equipada — assegurou, sendo aplaudido pelo público presente no evento.
A ampliação do HG iniciou em 2014 e prosseguiu até 2017, quando as obras pararam devido à falta de recurso. Desde então, a instituição buscava articulação política para viabilizar o recurso remanescente e concluir cerca de 40% da obra pendente. Em 2020, o município aportou valor para custear parte da retomada e, neste ano, mais de R$ 5,7 milhões foram oficializados por meio de emendas parlamentares federais e estaduais.
O investimento, segundo Leite, só foi possível em razão do equilíbrio das despesas do Estado, garantido, justifica ele, por meio das reformas (administrativa e previdenciária) aprovadas, assim como o avanço das privatizações. O valor será destinado por meio de eixo de Saúde do Programa Avançar, ainda não lançado — atualmente, o programa é desenvolvido na área da infraestrutura.
A VINDA DO RECURSO
O governo não informou datas e como se dará a operacionalização do recurso. Mas, afirmou que articulação entre a direção do hospital e a Diretoria do Departamento de Ações em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde articulariam o fluxo dos repasses.
— Por exemplo, se fôssemos dividir valor em seis vezes, estamos falando de nem R$ 2 milhões mensais na obra (R$ 10 milhões). É questão de ajuste burocrático para identificar qual fluxo a obra exige e disponibilizar recurso suficiente para equipar o hospital. Mas estou seguro que podemos garantir bom fluxo financeiro, tanto para obras quanto para a compra de equipamentos — declarou o governador.
Após a empolgação do presidente da Fucs em garantir a entrega da ampliação até o fim deste ano, Leite foi mais cauteloso no prazo e disse:
— A projeção é se acelerar o ritmo, pode ser até o final do ano, mas falando de uma margem mais confortável, até primeiro trimestre do ano que vem, é um fluxo que não é difícil para o Estado cumprir — garante.
A OBRA
- Prevê expansão em 62% da capacidade assistencial do HG, passando dos atuais 237 para 355 leitos (sendo 275 de internação e 80 de UTIs adulto, pediátrica e neonatal).
- Iniciou em 2014.
- Foi interrompida em 2017 por falta de recursos.
- Em 2020, o HG iniciou campanha para arrecadar R$ 37 milhões que seriam necessários para a conclusão.
- Desde então, obteve recursos através de contribuições de empresas, pessoas físicas, emendas parlamentares e repasse municipal. Restando R$ 15 milhões para serem arrecadados.
- O governo estadual confirmou destinação de aporte de R$ 15 milhões — R$ 10 milhões para a obra e R$ 5 para equipar.
Sobre outros assuntos
PEDÁGIOS
"Estamos ouvido agora, período de consulta pública, algum tipo de ajuste que não quebre espinha dorsal desse programa de concessões. As pessoas dizem 'aceito pedágio, mas eu quero as obras na frente, quero a praça de pedágio que passa pouca gente e que pague valor muito baixo'. Esse modelo não para em pé, o valor tem de ser condizente com volume de investimentos e nos locais onde haja fluxo que ajude a sustentar e melhor distribuir o custo de quem usufrui dessas estradas. vamos analisar o que vier da consulta pública e com serenidade avaliar também na interlocução com deputados e prefeitos da região. (...) A gente tem período de consulta pública, é a oportunidade de as pessoas manifestarem qual é sua inconformidade, sustentem tecnicamente, vamos sempre pelo caminho do diálogo. (...) Agora, eu não vou permitir que o Estado do Rio Grande do Sul continue sendo ultrapassado pelos outros Estados. (...) Então, estamos muito determinados para garantir que tenhamos condições de lançamento do edital neste ano para leilão, até dezembro, para termos logo início das obras. (...) Queremos atender ajustes que sejam razoáveis, mas tem de ser diálogo com posição e tomada de posição. Pois sempre vai ter um problema, reclamação, nunca vai ser algo que agrade 100%, e temos consciência disso."
CPI COVID
"Faz seu trabalho, não consegui acompanhar o dia de hoje (sexta-feira), que prometia ser importante no processo, dado os depoimentos marcados. Acho que tem denúncias muito graves, que precisam ser apuradas nessa CPI e que merecem análises rigorosas. É um trabalho que espero que possa se concluir com análise técnica sobre o que tem acontecido, de algum tipo de desvirtuamento de recursos, omissões de gestão que significaram colocar a vida dos brasileiros em risco. É um trabalho feito pelos senadores e merece nosso respeito e consideração".
PRÉ-CANDIDATO A PRESIDENTE
"Não vou concorrer à reeleição. Quero cumprir com o máximo das ações para as quais me propus como governador, encaminhando reformas que estruturaram o Estado, mas não serei candidato à reeleição, me apresentei com essa condição. Entendo que o Estado precisa ter continuidade de projeto e não necessariamente do mesmo governador. (...) Dentro do PSDB, discutimos também o processo nacional. Fui procurado por um grupo de deputados e senadores do PSDB, me provocaram sobre eu compartilhar essa minha experiência para um projeto nacional. O PSDB acabou de tomar decisão sobre formato das prévias do partido, será com a bola no centro do campo, sem favoritismo para um ou para o outro, isso me anima a participar desse processo e estou me organizando para participar das prévias do PSDB sim como pré-candidato, mas minha prioridade é o cuidado com o Rio Grande do Sul."
VACINAÇÃO
"A vacinação tem avançado superando a nossa projeção. Fizemos a projeção (de vacinar população adulta até 20 de setembro) com estimativa que permaneçam nos meses seguintes os volumes que recebemos em junho. E perspectiva que haja até um volume maior que tenhamos recebido em junho nos meses seguintes. Então é um projeção com boa margem de conforto, segurança para ser cumprida. Não é uma corrida irresponsável, é uma corrida do bem entre governadores, prefeitos, mas não é feita de forma irresponsável. Se quiséssemos simplesmente ganhar a corrida eu teria anunciado para final de agosto. Colocamos 20 de setembro que é o que projetamos com segurança de período de imunização de 90% das diversas faixas de idade que estão sendo imunizadas. Se houver disponibilidade de vacinas a mais, a gente pode adiantar esse cronograma. Não temo boicote (do governo federal). O enfrentamento do presidente Bolsonaro vem sempre na questão do distanciamento, uso da máscara, enfim, fez ataques políticos-ideológicos à vacina, mas tem uma regularidade, um trabalho técnico por parte do Ministério da Saúde, que me parece nos dar condição de confiança, sim, para que se cumpram as entregas. Seria escandaloso e aí sim objeto para análise da CPI, se houvesse algum tipo de não-disponibilização de vacinas por conta de orientação política diferente de um governador de um Estado. Seria criminoso."
DISTANCIAMENTO SOCIAL
"Criamos um modelo de distanciamento que cumpriu seu papel no ano passado, mas depois passou a ser fortemente questionado, dentro dessa politização e tensionamento criado por algumas frentes políticas, que gerou estressamento que entendemos que merecia alteração desse modelo. (...) (O atual modelo) me parece um modelo que ajudou a diminuir os tensionamentos na governança, porque não adianta ficarmos brigando entre nós. Prefeituras e governo do Estado precisam trabalhar numa mesma direção. Esse modelo reforça a governança, está sendo bastante efetivo dentro do quadro que temos. Se fôssemos olhar apenas do ponto de vista epidemiológico, talvez o melhor seria termos muito mais restrições, mas do ponto de vista econômico, da vida das pessoas, elas não aguentam mais, então precisamos conciliar dentro da proteção à vida como prioridade, mas considerando que precisa manter algum nível de atividade econômica para que não haja outros tipos de problemas."