O Gramadozoo recebeu mais de 200 pinhas retiradas ilegalmente da Estação Ecológica Estadual Aratinga, em São Francisco de Paula. O alimento foi apreendido em ação de fiscalização da equipe da estação, com o auxílio de fiscais da Unidade de Conservação APA Rota do Sol. Com o início das baixas temperaturas, o alimento foi incorporado ao cardápio da maioria dos animais do zoológico, sejam aves, primatas e até algumas espécies de roedores.
O frio exige cuidados especiais com os animais, além da colocação de aquecedores nos recintos, a alimentação recebe um reforço calórico. Além de frutas da estação e polenta, por exemplo, um dos ingredientes preferidos nos períodos mais frios do ano é o pinhão.
De acordo com a bióloga Tatiane Nunes, responsável técnica do Gramadozoo, o pinhão agrada não apenas animais típicos da região Sul do Brasil, como bugios, gralhas-azul e papagaios-charão, mas espécies de outras regiões mais quentes, como araras e macacos-aranha.
— Com a chegada das baixas temperaturas, temos uma grande preocupação com relação à alimentação dos animais. No inverno, é uma dieta mais calórica. Recebemos uma apreensão de pinhões e inserimos para quase todos os indivíduos do zoológico — diz a bióloga.
Como foi uma apreensão significativa e muitas pinhas não estavam maduras, os animais se esforçam para quebrá-las e isso acaba estimulando o exercício, que não é muito comum nas baixas temperaturas. Tatiane explica, ainda, que animais de vida livre ajudam a dispersar sementes e a manter as matas de araucária.
— É muito importante respeitar o prazo legal de extração para consumo humano e não retirar todos os pinhões, deixando também para que a fauna possa ter alimento de forma equilibrada — alerta.
Extração ilegal prejudica a biodiversidade
Só neste ano, cerca de quatro toneladas de pinhão foram extraídas ilegalmente da Estação Ecológica Estadual Aratinga, em São Francisco de Paula. A gestora da estação, Vanessa Pruch Castro Oliveira, explica que existe uma normativa do Ibama que diz que os pinhões e pinhas não podem ser retirados e comercializados antes de 15 de abril. Porém, no caso da estação, por ela ser uma unidade de proteção integral, o pinhão não pode ser retirado em nenhum momento.
— Quanto aos últimos pinhões que foram doados ao Gramadozoo, recebemos uma denúncia de que os pinhões estavam saindo de dentro da estação ecológica para serem comercializados. Fomos atender e nos deparamos com enormes quantidades. Conseguimos fazem um flagrante, o que nem sempre é possível — explica Vanessa.
Infelizmente a extração ilegal é uma prática comum todos os anos, a quantidade depende da oferta, que varia de período para período.
— Na estação ecológica o pinhão retirado é um grande prejuízo para a biodiversidade, porque ele deixa de alimentar a fauna nativa e também deixa de fazer a regeneração natural. Perdemos em araucárias e em alimentação da fauna.
A gestora destaca ainda que a araucária hoje é uma espécie ameaçada de extinção. Para que ela continue sendo vista nos Campos de Cima da Serra é preciso cuidar das que existem e não prejudicar a sua regeneração.
Tendo em vista a enorme quantidade de pinhões apreendidos, aqueles que são ideais para consumo humano são doados para instituições como casas de passagem e hospitais da região.