As eleições para a presidência do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), do último sábado (26), elegeram Manoelito Savaris, que já esteve à frente da entidade por sete anos, em três períodos diferentes. Savaris, empossado na segunda-feira (29), em Porto Alegre, acredita que o tradicionalismo não conseguiu se adaptar à pandemia, pelo contrário, ficou paralisado. Apenas algumas atividades campeiras retornaram da forma tradicional, mas sem público, no final de 2020, e que foram interrompidas novamente neste ano.
— Vamos ter de reinventar eventos, simplificar um pouco, buscar forças nas coisas mais tradicionais, vamos ter que retomar uma série de coisas. Esse é o plano, não tem outro. Temos inúmeras coisas a fazer para atingir esse plano, mas o objetivo é um só: retomar as atividades — planeja o presidente.
De acordo com Savaris para realizar esse plano será preciso começar do zero, e convencer diversas pessoas envolvidas no processo. Mas, em nome de um objetivo maior.
— Para isso temos que fazer ‘trocentas’ coisas, agir politicamente, tecnicamente, e convencer prefeitos e secretários de Saúde, mas tudo isso com um foco: não deixar o tradicionalismo gaúcho morrer — enfatiza Savaris.
Savaris assume no lugar do cantor nativista, César Oliveira, que estava interinamente no comando da entidade, no lugar de Gilda Galeazzi, que se afastou da presidência para tratamento de saúde. Ele comandará a entidade até a próxima eleição, no início de 2022.
— Estão sendo estudadas mudança estatuárias, que talvez alterem o sistema e data das eleições. Essa mudança está sendo considerada a certo tempo, mas não posso confirmar nada, pois não depende de mim, depende bastante de discussão e aprovação geral — pondera Savaris.
Conheça mais sobre Manoelito Savaris
Natural de Casca (RS), Savaris tem 65 anos e uma longa história de contribuição em diferentes áreas da sociedade. Aos 12 anos, o pequeno Manoelito saiu de casa para estudar em Nova Bassano. Aos 15 , decidiu que gostaria de ser padre e ingressou no seminário. Lá ficou por quase cinco anos, foi quando descobriu que sua vocação estava em outro lugar.
— No início, eu achava que ser padre era minha vocação, mas depois cheguei à conclusão que não. Continuo sendo um católico praticante, mas minha vocação era ser pai, ser avó — conta Manoelito, rindo.
Se por um lado ser padre não era seu destino, por outro, o seminário contribuiu para despertar uma outra paixão. Foi lá, que recebeu do padre Benjamin, a vestimenta típica do Estado, a bombacha. E, assim, diz ele, surgiu o interesse por conhecer mais sobre as tradições gaúchas.
Savaris então ingressou na Brigada Militar e, após a formatura, em 1978, mudou-se para Caxias do Sul. A cidade se tornaria o lugar do seu primeiro emprego como tenente da 12ºBM.
Amor à família e aos livros
Em 1981, conheceu Odila Paese Savaris e, de lá para cá, já são 40 invernadas juntos. Savaris e Odila têm, juntos, três filhos: Thiago, Tomás e Alina e, são avôs de Théo Joaquim, de cinco anos, e Lívia, de quatro meses.
Savaris já trabalhou em outras cidades do Estado como subcomandante do Primeiro Regimento de Cavalaria da Brigada de Santa Maria, por exemplo, mas escolheu retornar à Caxias do Sul e se fixar com a família.
Após 30 anos de trabalho na BM, ele se aposentou como tenente-coronel. Savaris também é mestre em História, estudou Direito e é autor de oito livros, dois deles de cunho tradicionalista: Rio Grande do Sul: história e Identidade e Manual de Tradicionalismo Gaúcho.
Trajetória no Movimento Tradicionalista Gaúcho
A história com o movimento tradicionalista começou em 1990 quando participou como gestor. Um ano depois, tornou-se patrão do CTG Heróis Farroupilhas, em Caxias do Sul. Depois disso, deu seguimento em sua trajetória no tradicionalismo.
Entre 1996 e 1997, coordenou a 25ª Região Tradicionalista, vice-presidente do MTG entre 1999 e 2000, se tornando presidente durante 2001 a 2003. Em 2004, foi patrão do CTG Campo dos Bugres, de Caxias.
Entre 2007 e 2010 foi presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), de 2007 a 2010, assim como da Confederação Brasileira de Tradição Gaúcha (CBTG), em 2013.
— Essa é a minha história, publiquei muitos livros, sou professor e vamos indo. Até aqui já plantei muitas árvores durante a minha vida — reflete Savaris.
De 2016 até este ano, atuava novamente como patrão do CTG Campo dos Bugres. Agora, ele retorna à presidência do MTG, a qual já esteve à frente também nos biênios de 2005-2006 e 2014-2015.
— É um desafio completamente novo, pois a pandemia nos colocou em outro mundo. Um mundo desconhecido no qual a retomada será muita complicada e nós vamos ter que nos reinventar sem nenhuma dúvida — estima Savaris.