Das 17 mortes no trânsito de Caxias registradas em 2021, seis ocorreram na RS-122, três na RS-453 e, outras três, na BR-116. Embora registrem-se mortes em vias municipais também — foram cinco até agora neste ano — são as rodovias que acabam sendo o palco de situações de maior risco para quem está no trânsito de Caxias. Os acidentes acabam sendo resultado de uma combinação de comportamento humano e fatores estruturais das vias, que contribuem para a frequência e a gravidade das ocorrências.
A proporção se mantém quando se somam as estatísticas de 2020 à deste ano, com 11 mortes na RS-122 e, outras 11, na RS-453, seguido de sete na BR-116, quatro na Perimetral Sul e duas na Rua Moreira César. Nove ruas, avenidas e estradas do interior registraram uma morte cada.
Conforme o comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (3º BRBM), quando se considera também o entorno de Caxias, o trecho de maior acidentalidade das rodovias estaduais está na RS-122, entre o km 60, na saída de Farroupilha para Porto Alegre e, o km 84, entre Caxias e Flores da Cunha. O acesso oeste a Caxias do Sul pela RS-453, entre o viaduto torto e o bairro Medianeira é outro ponto com diversos registros.
Dentro desses trechos, alguns pontos se sobressaem, como o acesso ao bairro Desvio Rizzo. Com semáforos para organizar o trânsito, o entroncamento acaba sendo palco de colisões por inobservância da sinalização. Além disso, há trechos entre Caxias e Farroupilha com muitos cruzamentos em que os motoristas excedem o limite de velocidade.
— O viaduto torto é um ponto que também é apontado como local de atenção, por ser torto, como o nome diz, e por ser junção de rodovias. Muitas vezes falta observação da velocidade certa ou das sinaleiras — alerta.
A falta de atenção muitas vezes é provocada pelo estresse diário ou por maus hábitos ao volante.
— Acredito que o uso do celular esteja entre os pontos de maior desatenção, mas também tem a pressa em chegar o destino e a tensão de um congestionamento, que altera o ânimo do condutor — observa.
Quando se refere à BR-116, única rodovia federal que corta Caxias, o chefe da 5ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jonatas Josué Nery, aponta que o trecho urbano da rodovia, entre Ana Rech e a rotatória com a Avenida São Leopoldo concentra as ocorrências. A maior acidentalidade, no entanto, está entre a sede da delegacia, no bairro De Lazzer e o acesso ao bairro Planalto.
Nesse trecho, praticamente todos os cruzamentos, a maioria com semáforos, estão entre os campeões de acidentes, especialmente quando se trata de colisões traseiras. Os atropelamentos e as saídas de pista nas noites e madrugadas causadas por embriaguez ao volante também lideram os atendimentos.
— Se pensarmos a BR-116 como uma quarta perimetral, com certeza é a de pior estrutura, com muitas interrupções (causadas por semáforos) — avalia.
Outro ponto crítico, o acesso ao bairro Planalto só não registra acidentes graves com tanta frequência, porque a maioria dos motoristas que passa pelo ponto já conhece os problemas do entroncamento. Nos horários de pico, é preciso aguarda sobre a faixa da esquerda, de maior velocidade, para entrar no bairro.
— A rodovia perdeu muito as características de rodovia, virou quase uma perimetral. O fluxo rodoviário (de veículos de fora da cidade) é quase insignificante — destaca Nery.
Por fim, nas vias municipais, a Perimetral Sul chama a atenção por concentrar quatro mortes desde o início de 2020, mas também pelo terreno mais acidentado que as demais perimetrais. Para o gerente da Escola Pública de Trânsito de Caxias, Joelson Queiroz, o relevo é um fator de risco, mas não é, por si só, determinante para os acidentes.
— A engenharia trabalha para que não haja o ponto de risco, com a sinalização indicando que há uma curva, avisando que terá uma mudança no traçado da via para que o motorista adote medidas de segurança, mas cabe ao condutor andar na velocidade permitida, por exemplo, para evitar o acidente.
Nas vias municipais de Caxias do Sul, o atropelamento e os acidentes com motociclistas lideram as estatísticas. E o entorno das escolas também é apontado como trechos que exigem atenção para evitar que pedestres sejam atingidos por veículos.
Pontos de risco
Rodovias estaduais: A RS-122, entre o km 60, na saída de Farroupilha para Porto Alegre, e o km 84, entre Caxias e Flores da Cunha, merecem atenção redobrada por terem cruzamentos e pontos com semáforos. A desatenção dos condutores e o excesso de velocidade também aumentam o risco. No acesso oeste a Caxias do Sul, o viaduto torto e o entroncamento de entrada do bairro Desvio Rizzo merecem cuidado especial.
BR-116: Rodovia se tornou praticamente uma perimetral, com transito majoritariamente local. Atropelamentos, saídas de pista e colisões traseiras lideram os casos de acidente. Os pontos de maior risco são os cruzamentos entre a sede da PRF, no bairro De Lazzer, e o acesso ao bairro Planalto.
Vias municipais: Perimetral Sul se destaca por concentrar quatro mortes desde o início de 2020. O relevo acidentado contribui para aumentar o risco, mas a imprudência costuma ser o fator principal de acidentes. Entorno de escolas também merece atenção redobrada.